Alguém sabe quem comeu o meu emprego!

Poder é o único cargo que não necessita de conhecimento especifico de como legislar ou executar; apenas...os votos da democracia. Note que não foi mencionado títulos; pois, quem os detém, pouco resolve. E ainda sob esta ótica, perante os recentes acontecimentos, para a obtenção do poder, quanto mais acéfalo, melhor.

Alguém sabe quem comeu o meu emprego é um artigo moderno, atual, que às vezes torna os súditos bem e n´outras, pessimamente mal humorados, sobre um rei que, além de não possuir coroa, também não possui um pingo de caráter. No entanto, mesmo não levantando um cisco do chão para evolução do reino, bem como não dispendeu uma grama, sequer, de suor para zelar de seus subalternos, se deu muitíssimo bem na vida. O leitor pode praguejar contra a escassez da dele; todavia, sobrou sorte para o rei protagonista do artigo!

Sempre disseram-me que estacionar no tempo, pode num momento qualquer, custar caro. E ainda que buscasse reciclar os meus conhecimentos, retomasse os estudos, fizesse diversos cursos, - estou aguardando o título de doutor em Ciências Políticas finalizado pelo EaD (Ensino à Distância) da cidade de Garanhus - tive minha privacidade invadida e comeram o meu emprego. Devoraram-no, deglutiram-no a tal ponto, que apelando para a sorte, estou tentando escrever para a Obvious; no entanto, a falta de talento para a escrita, a falta de inspiração desta minha mente oca, vazia que não consegue racionar que dois mais dois são cinco, fez-me mais um desempregado. E acima deste inconveniente, está a questão do site não pagar nada pelos poucos, minguados, raros artigos aprovados pelo editor.

Para mim, trocar de emprego quando bem entendia nunca foi problema: dava na “telha”, acionava meus amigos e rapidamente, o contrato de trabalho chegava aos meus olhos para ser assinado. Assinava, reconhecia firma, devolvia ao parente ou ao amigo contratante e para consolidar a contratação, invariavelmente, mensalmente o pagamento estava à minha disposição em conta corrente. Em ocasiões extremas, o que é era raro não acontecer, porque a economia neste país não ajuda o planejamento familiar, pedia auxilio moradia, alimentação, veículo e combustível, e na pior das hipóteses, com total necessidade requeria auxílio graxa, sapatos e gravata.

Para ter uma ideia e parâmetro de como as coisas funcionavam, no último emprego, porque trabalho é para quem tem vocação, o que não faz parte de mim, recebia 2000 dólares para compra de graxa para lustrar os sapatos anualmente, o que representa praticamente um salário mínimo por mês. Convenhamos que isto é nada se comparado com o que ficava sabendo sobre os ganhos de meus superiores. Porém, como me considerava bem quisto por todos e plenamente humilde e honesto por princípios, jamais, senti inveja daquele pessoal do alto escalão. Pelo contrário, nem desdenhar do cargo, desdenhava, pois sei que cada um tem o que merece; e, portanto esses queridos amigos devem ter feito algo para merecer. Na realidade, não conheci um, apenas um, que não fosse competente no que fazia; e no meu caso, como agente de cozinha e servidor de água, chás, café e bolachas nas plenárias, sentia-me realizado e muito bem tratado; que é o que importa, pois salário agente releva.

Embora seja douto, linguista, versado em várias áreas da atividade humana, a maior lição que aprendi ao longo dos anos é que sofrer é tolice; mas resolver, superar obstáculos e enfrentar as adversidades é regra, motivo d´eu reciclar meus conhecimentos constantemente e quando é necessário, (e sempre é) reciclar a lista de amigos, porque, a bem tempo os parentes já fazem parte de minha mailist de primeiros socorros e com esses, conto repetidas vezes.

Paulatinamente ouço falar de crises econômicas; falta de planejamento, corrupção deslavada no seio político; desvio de verbas para cá, desvio de verbas para lá; obviamente onde tem mal intencionados, isso pode ocorrer e não descarto tais coisas; mas jamais isso ocorreu e ocorrerá aqui em Arraial D´ajuda. Isto deve estar ocorrendo muito longe, em lugares além-oceanos.

Fala-se também que há países no mundo, como a França, Grécia e Espanha, por exemplo, onde o desemprego da população ativa trabalhadora já ultrapassa mais de 10% e a falta de perspectivas econômicas e políticas estão assolando o povo, o colapso social é inevitável. Também puderas, os governantes daqueles países fazem mau uso do dinheiro público; não cortam os gastos; fazem da corrupção a liturgia política; praticam o populismo declarado e soma-se a tudo isto, os problemas advindos dos refugiados. Oras, embora não entendo de questões diplomáticas, fechar as portas para os nossos irmãos do leste europeu, é o mesmo que fechar as portas do inferno para o pecador: ambos ficarão desamparados.

Outro agravante naqueles países é que, em vez dos parlamentares de esquerda, da direita, partidos e sociedade unirem forças para resolver as questões concernentes aos problemas internos, o país está parado, estacionado no tempo esperando que o milagre aconteça, com discussões de impeachment da Presidente, caça aos corruptos da Lava-Jato, cassação do Presidente da Câmara, retirada do processo do juiz que julga o ex-presidente por suposto envolvimento com lavagem de dinheiro. Ih, são tantas coisas que acontece mundo afora, que o citado basta! Entretanto ratifico: tudo isto está acontecendo do outro lado do mundo, do outro lado do oceano.

Aqui eu duvido muito que isto ocorra. Calmaria absoluta primada pela seriedade e comprometimento. No meu caso, a recaída de emprego, por qual atravesso, não é de jeito nenhum generalizada e acredito piamente que seja apenas uma “marolinha”, uma ondinha; e sinceramente acho até bom que isso aconteça para que eu exerça o poder de superação, atributo intrínseco aos poucos que o desenvolve e para tanto, estão capacitados. Sairei desta fácil, fácil. Se houvesse, não falaria em crise, quanto mais quando não há. O povo é pessimista por excelência e o defunto nem morreu, já estão derramando lágrimas e preparando o velório.

No entanto caros leitores, como qualquer ajuda é bem vinda, assim dizia o beato que virou santo, caso alguém saiba de alguma “boquinha” provisória, enquanto espero por coisa melhor, o que deve ocorrer somente depois desse ano político, por favor, comunique-me; porque, respeitando os legados hereditários de família, que felizmente passam de pai para filho, ainda permaneço com o ideal de que tenho que (sobre)viver apenas de meu labor; pois, ser digno e cumpridor dos deveres está acima dos direitos, e é inerente a todo e qualquer cidadão.

Por fim, diziam aqui em tempos muito antigos,

que um fraco rei, faz fraca a forte gente;

aforismo aliterado que está totalmente superado.

Embora não tenha pensado, até rimou engraçado;

O puro anacronismo de impérios passados!

Escrevendo este artigo e a propaganda boca a boca já deram resultado, e nem bem fechei a redação, eis que tocou o telefone e imediatamente atendi; no que ouço uma voz desesperada do outro lado solicitando a minha prestimosa contribuição na rearticulação do governo. Sua excelentíssima Presidente resume a intimação, assim: “Excelentíssimo Profeta do Arauto, com a debandada dos traidores do movimento fomentada pelo P.M.D.B, estamos solicitando a sua honrosa colaboração e solícitos préstimos para assumir o Ministério da Casa Civil. Como és cátedra no assunto, precisamos urgentemente rearticular o governo. Envio por e-mail o documento dando posse imediata à vossa excelência; assine-o por favor, que amanhã na primeira hora faço a homologação de seu nome no Diário Oficial da União. Velho camarada de tantas glórias, o país necessita de seu conhecimento e apoio! Sem mais, sua inseparável amiga”.

“Mais um detalhe: se tiver mais algum aliado (não, não importa se conheço ou não: estou com a espingarda bacamarte em mãos, disparando para todos os lados) que possa assumir de imediato, tenho mais vários cargos de confiança disponíveis. O soldo? O soldo mensal dá pra gente negociar, mas é aquilo que vossa excelência sabe. Conto com seus préstimos. E, por favor, auxilie-me nesta nova missão. Como sabeis, não podemos perder os dezesseis anos de luta pelo poder que tanto fizemos por merecer”.

“Deixo um pensamento para reflexão: nos caminhos, os quais trilhamos sob companhias amigáveis dos camaradas de longas datas, não existem partidas: apenas chegadas. Razão pela qual, entre os iguais deve haver cumplicidade, sempre”!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 01/04/2016
Reeditado em 01/04/2016
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