= O Chupa-Cabras =

Esse causo, segundo quem me contou, também aconteceu lá pros lados do nosso querido amigo Reri Barretto.

Foi nos tempos daquelas notícias que um animal atacava outros nas áreas rurais de todo Brasil. Ou eram vários ou era muito veloz, pois na mesma noite ia do Oiapoque ao Chuí fazendo suas vítimas.

Cabras eram suas vítimas favoritas. Mas na falta delas ele chupava qualquer coisa.

Bois, vacas, galinhas, cães... Coitado do animal que desse o azar de estar em seu caminho. Ele chupava o sangue até a última gota. Feito os políticos.

Aqui no Brasil, diziam, ele ainda não havia atacado humanos. Mas já havia atacado em vários países da América do Sul e Central.

Criaram diversas teorias sobre o tal. Uns diziam que era uma mutação genética que acidentalmente fugira de algum laboratório, os mais religiosos diziam que era um enviado do demo, ou o próprio, outros diziam que era um ET , um famigerado alienígena, etc. Cada versão e histórias, umas mais apavorantes que as outras.

E o povo alarmado, assustado. Muitos nem por decreto saiam mais de casa.

Aí que entra o Sebastião, primo do Reri, na historia...

Bem de tardinha, já começando a escurecer, voltava o Sebastião, enxadão nas mãos, da roça. Medroso que ele só.

Na trilha que percorria apressado, num trecho de mato mais denso e alto...

Foi aí que o sangue do pobre Tião gelou. Suas pernas bambearam. Por um triz, por uma oportuna travada, não se borrou.

Viu uma moita se mexendo. E não havia uma gota de vento por ali naquele momento.

Tião não conseguiu dar mais um passo sequer.

Firmou a vista para ver melhor e... Valei-me Nosso Senhor!

Foi o que ele conseguiu murmurar, com o coração quase a sair pela boca.

Atrás da moita, aquele ser estranho, esquisito... Pavoroso!

Parecendo mesmo ser um alienigena, uma coisa dotro mundo.

Baixinho, cabeçudo, rosto chupado, magrelo, olhos grandes esbugalhados...

Emitindo sons estranhos, como se fossem gemidos, grunhidos, uivos.

- Se eu correr pode ser pior. - pensou Tião. - Vou tentar fazer contato.

Com voz trêmula, gaguejando, ele falou:

- A-Aqui Se-Sebastião, terráqueo, cha-chamando!

É o se-senhor, o tar do Chu-Chupa Ca-a-bra?

Ao que respondeu o estranho ser:

- Aqui Januário Bezerra, cearense, cagando!

Que completou injuriado:

- Vá se fodê, seu fiii di quenga! Chupa-Cabra é o cacete!

Some daqui antes que eu rasgue seu bucho na pexera, abestado!

= Roberto Coradini {bp} =

02//07//2016

BETO bp
Enviado por BETO bp em 02/07/2016
Reeditado em 02/07/2016
Código do texto: T5685083
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