Repente Fim

Beira água, patos e nados...

Pureza bela, vão ponteando.

No gramado, pios acanhados,

É berço novo, denunciando...

Arrepiou-se ao frio, o mau,

Num elegante pio e súplica.

Ao sentir seu envolto real,

Abaixa, senta e quieto fica...

E não distante, mamãe e papai,

Ciscando em busca do alimento.

Irrequieto, mas tateando vai,

Quase esquecido do desalento...

Aprende e emita, tão inocente,

Tirando os ciscos de lado a lado.

Iça seu bico ao sorver contente,

Uma minhoca, princípio achado...

Quac, quac, por resposta pede,

Decora os passos e tem sorriso!

Quac, quac, e os pais lhe mede:

Muito pequeno, mas é olho vivo!

Não tarda, logo vem o aviso:

Cuidado, quac, existe perigo!

Peralta vai com matreiro riso...

Parecia dizer: deixem disso!

Seus pios: um aroma, alimento,

Desperta alguém: um novo prato.

Fica o ar bem seco e agourento,

Às garras vis de um terrível gato...

Cisca aqui, ali, acolá... sem apreço,

Em proibidas terras, só, descuidado...

Não há tempo, parecia em regresso...

O imaturo adeus... finou-se no papo...

Desviado, das vistas... perdido!

Tão garboso, mas no distante chão.

Excluído, deixado e não remido,

E sem chance não vivenciou a lição...

Cuidado, quac temas o perigo!

Peralta, turrão, seguiu assim.

Traiu-lhe a confiança, consigo...

Brutal, após... restou seu fim...

Em sua casa reina a saudade...

Chorosos quac, quac, solidão...

Não lhes contam da verdade:

Olho vivo se foi sem proteção...

A olhar, eu seu sigo, andando,

Alheios passos... neste parque...

Acima: pássaros debandando...

Abaixo: quac, quac, quac, quac...

José Corrêa Martins Filho.

José Corrêa Martins Filho
Enviado por José Corrêa Martins Filho em 07/03/2018
Reeditado em 05/06/2019
Código do texto: T6273489
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