A ESPADA E A ROSA

Em uma época de guerra e poder, existiu um homem rude, forte e ingênuo, mas de bom coração, pois sonhava encontrar a sabedoria nas leis da natureza com esperança de conquistar a paz. Ele vivia em uma aldeia situada em um país muito pobre, onde reinava apenas o domínio e o poder sobre os mais fracos.

Um dia, apareceu por lá, um exercito de soldados marchando para o oriente. Observou então que os soldados possuíam poderosas espadas reluzentes e pensou em quanto conhecimento eles adquiriram ao percorrerem o mundo. Ficou encantado com essa ideia e resolveu juntar-se a eles e seguir adiante, deixando para trás seu pequeno mundo, acreditando assim buscar compreensão para suas perguntas sem respostas.

Nos longos trajetos em direção as conquistas, ele passou a ser um bravo guerreiro, aprendeu a lidar com a espada para defender-se dos perigosos inimigos ,conquistando cidades, florestas e aldeias por diversas partes do mundo, onde os soldados passavam destruíam e exigiam respeitos através dela. Ele, porém, possuía um coração sincero e muitas vezes observando as atitudes daqueles homens selvagens debatia-se entre o certo e o errado, refletindo sobre os erros cometidos, tanto de si, como dos companheiros, ficando meio perdido sobre as ações incompreendidas daqueles que deveriam proteger e não ferir. Decidiu então partir em busca da verdade, vivendo isolado por muitos anos de sua vida, sem encontrar suas respostas.

Em uma noite de rara beleza, acampado no meio do deserto, ficou a admirar a infinidade de estrelas no céu e a grandeza do criador desta obra tão bela. Sentiu seu coração clamar por justiça e no silêncio daquela noite mágica, sob o olhar da grande lua, fechou seus olhos e desejou imensamente a amizade fiel de um parceiro amigo, para que juntos em afinidade buscassem lutar para manter a paz no mundo, consertando os seus erros e saciando as respostas de seu coração aflito. Sentindo-se solitário, olhou para uma pequena florzinha, que reinava no meio do nada e adormeceu feliz com esses pensamentos.

Acordou com os fortes raios de sol lhe queimando a face, levantou-se em direção ao seu cavalo que o aguardava para prosseguir viagem, quando adiante fitou um homem caído junto às areias quentes. Aproximou-se e o colocou nos ombros, procurando prestar-lhe o atendimento necessário para salvar-lhe a vida, sem se importar com quem era. Cuidou de suas feridas e o alimentou dividindo o pouco que tinha, até seu completo restabelecimento.

Começaram então uma grande amizade, soube que se tratava de um monge que ao passar a sua vida toda em um mosteiro, decidiu sair a procura de conhecer testemunhos sobre a verdadeira fé, pois queria ser um verdadeiro emissário de Deus. Os dois juntos caminharam com o mesmo ideal e o novo amigo lhe pediu que não usasse mais sua espada e a trocasse por uma rosa, pois ela era o símbolo da fraternidade e da verdadeira amizade, por ser bela e inspirar vida e paz. Tocado por estas sábias palavras, o soldado solitário se desfez da espada, deixando uma rosa em seu lugar, para que sempre se lembrasse da sabedoria do amigo. Saíram pelo mundo, deixando de lutar pela força, aprendeu a dedicação pelo amor e o auxilio fraternal, trocando experiências de vida, valorizando as virtudes, amparando os necessitados ia assim consertando os seus erros, seguia acreditando ter encontrado seu destino e as suas repostas. Ouviu do monge a história sobre um mensageiro de Deus, que ensinou o amor ao mundo através do perdão e morreu crucificado por isso.

Depois de algum tempo, tornando a acampar no deserto, adormeceu sem preocupar-se com a noite, apenas satisfeito com a proteção do amigo que sempre conversava com as estrelas em oração. Ao amanhecer acordou sobressaltado e sendo agredido por salteadores, defendeu-se com paus e pedras, afugentando os inimigos que fugiram levando sua água e seus alimentos, deixando-o profundamente ferido. Ele saiu à procura do amigo, perguntando-se onde estaria ele que não lhe protegeu, pois não possuía mais sua espada. Encontrou-o bem mais adiante, dialogando com alguns mercadores, encantado com as novidades trazidas por eles sobre relatos de um rabino que havia abandonado toda a família e seus bens para se tornar cristão. Percebeu que o amigo certamente seguiria adiante em sua caminhada com a caravana, rumo ao seu objetivo em encontrar esse testemunho, para escrever sobre ele e voltar ao seu mosteiro, entristecido sentiu-se novamente sozinho. O monge entusiasmado inutilmente tentou convencê-lo a lhe acompanhar, seguindo adiante com sua missão.

Decidiu isolar-se para sempre no deserto, enterrou a rosa na areia e retornou então com sua antiga e fiel companheira: a espada. Para sempre ficou a vigiar sua vida e nunca mais conseguiu dormir em paz.