O ENCONTRO

Num vilarejo afastado da cidade morava uma jovem que possuía muita fé. Ela exagerava em tudo que fazia, inclusive quando se tratava de algo contrário a natureza. A fama dessa garota já tinha se espalhado pelo vilarejo todo. Por onde passava atraía olhares tanto de curiosidade, como de despeito.

Mas ela não ligava não, vinha toda animada com os cabelos cacheados soltos ao vento numa alegria vibrante.

- Ei, vem aqui! – Resmungou Marcelo, o magrelo da rua.

Parou, observou e seguiu enfrente fingindo que não tinha ouvido. Ele continuou, dessa vez aos berros.

- Oh menina, você está surda ou o quê?

Dessa vez resolveu respondê-lo:

- E por que eu deveria te ouvir? Estou indo para um encontro e não posso me atrasar! – Exclamou e seguiu seu caminho sem esperar resposta.

Enquanto isso, Marcelo aproveitou e chamou outros garotos da rua e disse que a Maria estaria indo a um encontro. Ficaram espantados, sem acreditar. Todos falaram ao mesmo tempo:

- Verdade mesmo? Você não está nos enganando? Ela é tão...

- Fala sério, não brinca com isso!

- Claro que é mentira, né? Não imagino aquela esquisita indo a algum encontro.

- Silêncioooooooo! Gritou Marcelo, tentando fazer com que parassem com o tumulto. – Calma! Foi ela mesma quem disse que iria a um encontro. E entrou naquele beco perto da praça. - Disse apontando para o beco. - Como prova de que estou falando a verdade vamos lá e descobriremos com quem ela foi encontrar-se.

Claro que todos concordaram. Eram na faixa de dez meninos da mesma idade da Maria, entre 12 e 14 anos. Foram muito rápido, tropeçando uns nos outros, para ver quem chegaria primeiro.

Na entrada do beco havia uma árvore alta e frondosa, eles subiram nela para poder observar de um ângulo melhor a novidade. O Marcelo ficou no chão, pois a intenção do garoto era chegar junto e surpreendê-la. Mas quem ficou surpreso foi ele com o que viu. Esfregou as mãos nos olhos, se beliscou. Não, não era um sonho, ela estava mesmo com um macaco, pensou.

- Maria, o que você está fazendo aí com esse macaco? Tá maluca? Perguntou ainda não acreditando.

- Ôxe, xiiiiiii! Fala baixo Marcelo, o Florisvaldo está comendo agora. Não sei porque o espanto. E voltou a alimentar o bicho.

- Como você conseguiu esse macaco?

- Ele não é um macaco, é um orangotango. E pode chama-lo de Floris. Né Floris, meu chuhuzinho! Fez um gesto com a boca beijando o animal, demonstrando total afeto e carinho.

Os garotos que estavam em cima da árvore começaram a rir da cena. Uns desceram sem parar de rir.

- Para mim, isso aí é um macaco e muito feio por sinal. (risos) Você deveria arrumar um namorado de verdade, sua maluca! – Exclamou morrendo de rir. – Um encontro! Claro que isso não é um encontro! Ahhhhhhhhhh

Quando a Maria percebeu estavam todos a sua volta, xingando e caçoando dela com o Floris. E não perceberam que com essa atitude estavam provocando o bicho. Num repente o orangotango deu um berro tão auto que todos os dentes ficaram à mostra. O susto foi tão grande que os garotos, inclusive o Marcelo, saíram correndo aos gritos, choramingando para suas casas sem olhar para traz.

- Tá vendo Florisvaldo, o seu bocejo serviu para alguma coisa! E ficaram sozinhos numa alegria que só vendo para acreditar.

DÉBORA ORIENTE

Debora Oriente
Enviado por Debora Oriente em 17/03/2018
Código do texto: T6283078
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