Coisas Que Só Acontecem Comigo - XXXIX. Inudação noturna.

Uma das coisas que me dão mais saudades de minha terra é quando chove. Aqui em Aracaju, chuva é uma coisa monótona, sem animação alguma, bem ao contrário do Piauí e Maranhão que quando a chuva vem ainda lá no fim do mundo, de cá já se escuta aos trovões. Relâmpagos, coriscos, estrondos muitos passam raspando a cumeeira! Isso ainda que perigoso, dá saudades sim.

Atualmente, os telejornais falam incessantemente dos estragos provocados pelas precipitações pluviométricas no Maranhão e Piauí, com riscos de rompimento da Barragem de Bezerros em José de Freitas. Essas coisas mexem com nossos nervos, mesmo distantes.

Aqui o inverno chega em maio, mas chove esparsamente ora por outra a partir de janeiro, pois bem, exatamente hoje, fomos acordados às 4:00 da madrugada, por nossa filha Camila, que não acorda nem com um trio elétrico tocando à porta. Em casa forrada nunca temos a exata noção da quantidade de chuva, porque o som fica abafado. No susto, vimos que nossa casas estava completamente alagada. Havia pelo menos uns três centímetros de lâmina d’água na casa toda. Água com a sujeira do forro deixou a casa imunda. Vasava água pelo forro de PVC. Na parte da casa que tem laje não havia nenhum vazamento. Tivemos que colocar baldes e mais baldes debaixo das goteiras que proliferavam por todos os cantos. Temos uma vizinha que cria um monte de gatos, que só vivem sobre nossa casa fazendo zoada e fabricando mais gatinhos. A primeira hipótese foi de que os gatos afastaram ou quebrara algumas telhas, propiciando aquele dilúvio fora de época. Apressadamente, passeei a puxar a água com um rodo no sentido da porta da rua, num labor embalde e foi ai que não entendi mais nada. Numa mistura de espanto, incompreensão e descrédito total, via que a rua estava seca. Nem um “chuvisquinho” de nada! O céu estava tão azul quando o manto de Nossa Senhora, mais estrelado que as noites no deserto e o chão mais seco que língua de papagaio. De repente, tive a impressão que Deus fizera chover apenas sobre minha casa, ou pior ainda, dentro dessa, caso o que seria de todo impensável. Se eu tivesse uma roça, será que a chuva seria direcionada apenas para minha lavoura? Que eu me lembrasse, não havia feito encomenda alguma de chuva! Corri ao quintal onde temos um cão de guarda que dormia tranquilamente fora da sua casa devido o calor. Vôte, ou é castigo ou macumba feita em Codó! Mais ligeiro que rapidamente, voei pra rua e fechei o registro da DESO (DESO em sergipanês é: Companhia de Saneamento de Sergipe. Ainda hoje não engoli isso!).

Acertei na mosca! Dai a uma hora as pingueiras pararam. Não sei o “pruquê nem pru mode quê” da boia da caixa d’águ a ter sacado fora da tubulação, causando-nos todos aqueles transtornos. Nossa salvação foi que na quinta-feira é dia da nossa secretária dar expediente, ainda assim, tivemos que entrar com uma bela mão de obra.

Agora é chamar o encanador, para que não entremos pelo cano e aguardar o talão com valor da conta d’água neste mês.

Aracaju-Sergipe, 18/ 04/ 2018

PS.: Não percam na sequência, neste mesmo horário e batcanal: Humor,

que ninguém é de ferro>

Um Piauiense Armengador de Versos
Enviado por Um Piauiense Armengador de Versos em 18/04/2018
Reeditado em 08/11/2019
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