GILBERTO, O MATADOR!

Em uma modesta casa, Gilberto pensava em como seria mais um dia em seu trabalho. Ele demonstrava insatisfação, era nítida a expressão de cólera em seu semblante. Seus olhos flamejantes, denunciavam que algo não estava bem. Ao sair para o trabalho, Gilberto não realizara o mesmo caminho de sempre, contornando à rua, e entrando em uma loja próxima à sua residência. Um homem, que aparentava seus quase setenta anos, atendeu-o prontamente:

— Bom dia! Deseja comprar alguma coisa? — O velho vendedor indagou o cliente, aparentemente enfurecido.

Gilberto, decidido, apontou para um objeto pendurado em uma parede atrás do velho homem. O rapaz, com seus quarenta e tantos de idade, encarava, vidrado, para o atraente objeto.

— Eu quero aquele revólver! Por quanto o senhor me vende? Pode oferecer o preço que quiser, que eu pago.

O dono da loja, desconsertado com o jeito do cliente, respondeu-o:

— É uma pena eu lhe dizer, mas esse revólver não está à venda. Essa arma foi do meu pai e ficou como herança, uma lembrança que guardo dele, porém nunca a usei.

Gilberto não se satisfez com a explicação, insistiu na compra do prateado revólver. Dizia ele que seria por uma boa causa e que há dias reparava naquela arma, quando chegava de seu trabalho.

Após alguns longos minutos de persistência e vencendo o paciente velho pelo cansaço, Gilberto comprara o revólver por novecentos reais, tamanha era sua ganância em pôr fim o que por dias e dias, atordoava-o. Tudo parecia sair, conforme o plano de Gilberto. Em uma maleta, ele levara o precioso revólver, e sorridente, seguiu para o trabalho.

"Hoje, eu acabarei com sua raça. Você me paga!" — Gilberto, loucamente, confabulava em seu carro.

Da janela do décimo sétimo andar, Gilberto apreciava a movimentação da avenida, estava ele em seu departamento, planejando o assassinato daquele que muito o incomodava e tirava-o do seu normal. Voltou o olhar para o interior do departamento e, de cara, ficou com aquele que acabara com sua vida, tornando-a em um verdadeiro inferno.

"Será que te mato, ou te perdoo?" — Gilberto pensou enquanto encarava seu desafeto.

Poucas pessoas trabalhavam no local, há anos não se renovava o quadro de funcionários daquela antiga repartição, o que contribuira para o estresse no ambiente de trabalho. Muitos pareciam alheios, outros demonstravam pouco caso com suas obrigações. Gilberto hesitou em seu plano, não era um assassino e nunca matara sequer uma mosca. Sentou-se em sua cadeira, ligou o computador e deu início a mais um dia de longo trabalho na repartição.

Um incômodo tomara conta da mente de Gilberto, algo pareceu tê-lo deixado muito nervoso. O funcionário estava fora de si.

— Você de novo a me perturbar? — Gilberto esbravejou. — Eu tive pena de você, mas você parece não ter de mim, porque nem me deixar trabalhar em paz, você não me deixa! Terei que acabar com sua raça, não tem jeito!

Gilberto sacou o revólver de sua maleta e, sem muito pensar, executou três certeiros tiros em seu infortúnio. Seus colegas saíram da sala, desesperados e gritavam:

— Meu Deus! Isso foi tiro!! Gilberto acertou alguém!

— Ele está surtado. Ele vai nos matar também!! — Gritou uma mulher, colega de departamento de Gilberto.

Os seguranças adentraram o escritório e encontraram Gilberto deitado, no chão, rindo e gritando, surtadamente.

— Eu o matei! Finalmente, o miserável não me importunará nunca mais!! Acabei com sua raça para sempre. — Gilberto demontrava satisfação.

Os colegas de departamento em seguida, adentraram o ambiente e, espantados, observavam à situação. No local do crime, um ser agonizava por um fio de vida. Era o velho e lento computador de Gilberto, que durante dias, tranformara-se no maior inimigo do surtado funcionário público.

Nos corredores daquela antiga repartição, um murmúrio rodava entre todos os funcionários da empresa sobre o crime cometido por Gilberto. Ele respondera ao processo por danos ao patrimônio público, porém não perdera o cargo e tampouco sua paz. E assim o funcionário ficara conhecido por todos da repartição:

"Gilberto, o matador! Aquele que matou o velho e lento computador!"

Alessandra Dos Santos
Enviado por Alessandra Dos Santos em 18/04/2018
Reeditado em 30/04/2018
Código do texto: T6312707
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