A tragédia

Vou lhe contar a história de uma jovem meiga, de olhar doce e brilhante, de pele morena, cabelos negros e cacheados, não tinha o corpo exuberante ou “escultural”, mas a sua juventude e simpatia atraía os homens. Mulher sonhadora, que confiava nas pessoas, não tinha maldade no coração, era muito fácil amá-la, estava sempre com um sorriso nos lábios. A simplicidade, inocência e falta de juízo a levariam a uma situação trágica.

Aos 38 anos de idade Ângela já havia casado, ficado viúva, casado de novo, separada, casada e casada. Não conseguia ficar só por muito tempo, não tinha o hábito de namorar, conhecer, ia logo para a convivência. Em um de seus relacionamentos teve uma filha, sua companheira, confidente e amiga. Amava a filha, zelava, cuidava, andavam sempre juntas, fazia o querer de sua princesa, exceto quando se tratavam de seus relacionamentos amorosos. Nisso jamais concordava com a filha.

A filha de 13 anos, era estudiosa, gostava de navegar na internet e de dançar. O seu sonho era ser bailarina, viajar para o Japão... Sonhava, sonhava... e sonhava. Era uma adolescente, tímida, de olhar triste e intrigante, guardava um certo mistério no olhar. Ambas eram muito unidas, mas Laís, ah eu não havia dito o nome dela, não concordava com os relacionamentos relâmpagos de sua mãe. Isso a incomodava. Entretanto, pouco reclamava.

Ângela sempre estava em busca de alguém que a fizesse feliz, que a ajudasse financeiramente, sonhava com melhores condições de vida. Ela e a filha levavam uma vida muito simples, não trabalhava, dizia que estava em busca de emprego, mas nunca conseguiu, recebia uma pensão do marido falecido e com isso vivia. Seus relacionamentos eram rápido e seus companheiros traziam mais dificuldades e problemas do que ajuda.

Um certo dia, parou numa barraquinha de tapioca para lanchar depois de uma caminhada e conheceu aquele que mudaria para sempre a sua vida e o seu destino, isso posso garantir, depois daquele dia sua vida tomaria um novo rumo.

Não foi preciso muito esforço e nem muita conversa, logo se apaixonaram e Ângela o colocou dentro de casa, juntamente com a sua filha adolescente. Estava muito feliz, postava fotos no Facebook agarradinhos e sorridentes com seu amado, sempre cheio de pose de felicidade. Já Laís a filha adolescente, não demonstrava a mesma felicidade, andava isolada pelos cantos, e o seu olhar parecia ainda mais triste e misterioso do que antes, não era de muita conversa. E pela primeira vez chegou a reclamar com a mãe sobre o seu novo companheiro, mas ela não lhe deu atenção e chegaram mesmo a discutir.

Após alguns dias o pai de Ângela procurava por ela e pela neta que haviam desaparecido. A casa de aluguel onde elas moravam estava fechada e ninguém dava notícias delas. O pai muito nervoso e aflito gritava do portão pela filha e pela neta, mas nenhuma respondia coisa alguma. Ele estava preocupado, Ângela ia ver a mãe e o pai todos os dias juntamente com a filha, mas elas sumiram sem dizer nada, deixando uma cadelinha e uns passarinhos sem água e sem comida e isso era inadmissível para o pai. Como ela podia ficar tanto tempo fora de casa sem avisar?

Ao ver o desespero do pai, a dona do imóvel abriu o portão da casa para ele entrar e alimentar os animais, mas a porta de entrada estava fechada e chegando ele a janela do quarto de entrada a empurrou devagarinho e ...

A cena que vou descrever meu caro leitor, eu jamais gostaria de relatar a você, nenhum pai merece ver uma cena tão trágica, horripilante, terrível. Eu disse pai, mas na verdade, ninguém merece ver um familiar, alguém estimado, precioso e amado naquela situação. Vou descrevê-la com um sentimento de profundo pesar, que dói no meu âmago. Mas preciso lhe contar como Ângela teve a sua vida transformada para sempre.

Era um dia de sábado, cerca de sete hora da manhã, um dia normal como qualquer outro, havia algumas pessoas na calçada trocando ideia e ninguém imaginava o que havia acontecido na casa do alto. Nada estranho ou anormal, nenhum barulho, nenhum grito, nada... Aparentemente tudo igual... Mas não para Ângela e Laís, para elas, a vida havia perdido a vivacidade, não havia mais sonho, nenhum resquício de esperança, para ambas os planos, seus projetos de vida, suas aspirações haviam chegado ao fim.

Em uma cama de solteiro pelas grades da janela do quarto era possível ver dois corpos inertes, já em estado de putrefação, jazia duas mulheres, mãe e filha, ambas assassinadas de forma brutal e violenta por aquele que à princípio trazia ao coração de Ângela novas expectativa, uma esperança de uma vida feliz acabou finalizando a sua história para sempre.

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By Marsla Araújo

Marsla Araújo
Enviado por Marsla Araújo em 14/08/2018
Código do texto: T6418464
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