A Flor do Pequi

Sô sertão im todas as istação

Fruto, cerne e isprendô

Sô na mesa a alimentação

O óleo, aroma e sutileza

Sô o ôro do cerrado

Da essença a riqueza

Minha frô é feitia um vele de noiva

Que o bêja- frô faiz nobreza

E a passarada im rivuada

Riverencia a minha beleza.

Numa nôte de vendavá

O vento cuspino nas mata

Um frô de mim pro terra caiu

Se transformô numa linda donzela

E pelos campo saiu

A percurá um amore

Pa cum ela se casá

Varreno o sertão de canto a canto

Sem perdê seu belo incanto

E nada de incontrá.

Atravessô rios e mata

Nadô nas bela cachuêra

Sintiu o chêro da mangaba

E tomem da frô de alicrim

Nas vereda matô a sede

E discansô à sombra do buriti

Siguiu sertão adento

Na essença do murici

O distino era um mistéro

E tava longe Dalí.

Preguntava a passarada

Se tinha visto um moço formoso

Que numa nôte ela sonhô

Um jove de beleza rara

Que num belo cavalo carvarga

Distimido e bondoso

Que traiz o amoré na álima

E que o vento mensagêro

A filicidade apontô

E só cum ele seu coração se acálima.

O silenço foi profundo

Mais o amô era maió

Sem perdê as isperança

Aquela formusura avança

Pa seu amoré incontrá

Os nobre vaga-lume

Alumiava sua saga

Da brisa vinha o prefume

Aquilo imbriagava a donzela

Cum ela num tinha quêxume.

Um belo dia amanhicia

E a campina toda moiada

A criação no campo assuntava

E aquela que num disistia

Inté as brobolêta ela sondava

E ninguém à bela rispundia

Nem o bem te vi assanhado

Cum seu canto froriado

Que pro João de barro oiava

Esse cunstruino, que tomem ficô calado.

Im cima de uma linda serra

A donzela cum seus belos zóio

Um arco-íris ela viu

O chêro da terra moiada

Pela chuva que caía

E das côre do arco-íris

A que mais arriluziu

Foi a côre amarela

E a ela cum muitio capricho

A formosa moça siguiu.

Dispois de muitias andança

A côre do arco-íris

A uma bela árvre a levô

E dela caiu uma frôre

Que num belo moço se transformô

Paricia inté uma magia

Que ela inté se imocionô

Essa frôre era de ipê

E ele cum muitia paxão

À linda donzela bejô.

Foi um casamento daquêz

Um casamento formoso

Cum todas as frôre do sertão.

A passarada era a orquesta

Fazendo o maió iscarcele

E dos bico dos culibri

Foi regado cum mele.

Chegô o ipê roxo, branco e o rosa

No buquê a frôre de alicrim

E o noivo todo garboso e ela toda charmosa.

Fica aqui rigistrado

Essa linda istòra de amô

Entre a frô de piqui

E a linda frô de ipê

E conta nas redondeza

Que im todos os méis de janêro, tem oro pelo chão

O piqui inxalano o nobre prefume

E na primavera o charme do ipê e intão

Essa é mais uma linda istóra

Nesse meu nobre sertão.

Se ocê adentrá no sertão

E fô seu dia de sorte

E vê uma linda donzela

Percurano uma frô quarqué

Pode ser uma busca pela sina

E nesse chão cabôco tudo pode acunticê

Pois eu presenciei

E de imoção arripiei e num nunca hei de isquecê

Desse finá filiz

Entre a frô do Piqui e a frô do Ipê.

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 07/10/2018
Reeditado em 12/01/2022
Código do texto: T6469819
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