As Peripécias e 10sventuras: Pereira!

Pereira:

Por culpa do Bebeto conheci Pereira. Bebeto e sua sociabilidade exarcebada me jogaram em lances sinistros!

Numa dessas Bebeto me apresentou Pereira, que não gostava nadinha de ser chamado assim, mas Bebeto insistia. Bebeto que não era maluco, não reconhecia o perigo, já o Pereira...

Pereira sem dúvida era um E.T, 1,90 por ai, magro, musculoso, cabeça raspada maquina 0, e a indefectível calça de Karatê, a faixa preta, uma camiseta de boa qualidade. As vezes colocava um jaleco sem bolso por cima da camiseta, não sei se por influência da série de TV, Kung Fu ou se os golpes das aulas de Karatê tinham avariado um pouco a cabecinha do distinto.

O problema dele era:

O olhar extremamente magnético das cobras peçonhentas, aliado ao riso da Hiena mais vagabunda!

Não era companhia das mais agradáveis, também não incomodava. Não bebia, quase não falava, ficava vendo a gente tocando, cantando ou jogando Capoeira, parecendo um segurança, destacando-se com aquele uniforme!

O problema é que meu anjo da guarda não foi com o dele, e ele passou a querer me hipnotizar, me olhando um tempo longo demais pro meu gosto. E eu passei a fazer cara de mau, (ser ator ainda é o meu sonho) para intimida-lo.

Depois do olhar seca pimenteira, ele dava a risadinha histérica da hiena vagabunda.

A porcaria da risada, tinha o poder maléfico de minar meu positivismo!

No começo quando eu já antevia um provável pega entre nós, eu pensava:

Eu posso com ele brincando! É moleza!

Depois de uns 5 rangidos histéricos eu já pensava;

Eu posso, tenho certeza que posso com ele!

Eu não o temia, tinha apenas um "certo receio".

Certa noite ele me convida para beber um refri. O cara não bebia nem água bical, pensei:

É hoje!

Ele sentou e nos serviu o refrigerante. Peguei meu copo e me afastei 1 metro do balcão e dele.

Ele esperou eu tomar 2 tensos goles e disparou:

Eu não acredito na sua Capoeira!

Gelei mais uns 5 graus, o refri do copo na minha mão e no meu estômago, mas artista é artista, fechei os olhos a lá o velho Japa de Karatê Kid, coloquei o copo pela metade em cima do balcão, me afastei uns 2 metros e cuspi:

Pra mim Kung Fu é coisa de bichinha!

Ele colocou copo no balcão e girou lentamente no banco. Meu esfincter virou hemorróida de botão, e senti o Puufff do ar excessivamente poluído, expelido!

Pronto, perdi uma cueca! pensei.

Ele acabou de girar e me lançou o "mau olhado', e eu ali disputando o Oscar em imitação, da cara do Japa de Karatê Kid! Ficamos cara a cara, olho no olho, 2 galos na rinha!

Como ninguém cedia ele apelou , lançou a sua nefasta risada.

Pedi o pinico, a vaca foi pro brejo!

A risada invadiu meu tímpano, desceu espinha abaixo e fez um estrago nos membros inferiores. Bambeei (será que ele pensou que eu estava gingando?) e me arrastei até o balcão. A praga da risada continuava e minha cara de Japa devia estar com a cara amarela do mesmo!

Sentei e senti a umidade nas nádegas, comprovando a "freada de bicicleta", na minha perdida cueca! Torci que ele não tivesse sacado que o grande Professor Leiteiro não aguentava nem intimidação, quanto mais meia-lua inteira!

Saí ileso deste episódio e não dei sopa pro azar, quando o via me escondia mesmo. Umas 3 semanas depois, soube que ele acabou com um baile na Rocinha. Torci que ele tivesse o mesmo destino do Pereira 1, um provável irmão gêmeo dele, que tinha sido assassinado!

Texto com fotos no link:

http://professorleiteiro.blogspot.com/2008/02/as-peripcias-e-desventuras-de-bebeto-no.html