O pulso
Tendo sido Antíoco, filho do general Nicator, acometido de uma estranha moléstia que o consumia e que nenhum dos médicos a serviço de Alexandre, o Grande, atinava a causa, lembrou alguém de mandar chamar o conceituado fisiologista Erasístrato, para que ele desse o seu parecer.
Ao chegar à casa de Nicator, Erasístrato fez questão de circular pela mesma, saber quem mais ali residia e só então foi conversar com Antíoco. Sentado ao lado do leito, começou a fazer perguntas ao paciente.
- Há muito tempo que sua mãe morreu?
- Eu ainda era criança... faz mais de cinco anos, creio - recordou Antíoco.
- E agora, você é um homem - avaliou o médico.
- Estou ao lado de meu pai nas guerras - declarou o jovem.
- O que sentiu quando seu pai resolveu casar-se novamente? - Questionou Erasístrato.
- Era um direito dele - replicou Antíoco.
- Direito, decerto... - ponderou o médico. Em seguida, segurou o pulso direito do jovem entre o polegar e o indicador.
- Como é o nome da sua madrasta?
- Estratonice.
- É uma jovem muito bonita, não acha?
- Meu pai soube escolher bem - declarou Antíoco.
Erasístrato soltou o pulso do paciente, e observou:
- Parece que você compartilha o gosto do seu pai.
E tendo ido até Nicator, Erasístrato informou a ele que, medindo a pulsação do jovem enquanto falava da bela madrasta, concluíra que o jovem estava apaixonado por ela.
- E o que eu faço? - Indagara o general, mortificado.
- Se quer salvar o seu filho, abra mão de Estratonice - sugeriu o médico.
Convencido de que a nova mulher não valia a vida do filho, Nicator seguiu a indicação de Erasístrato e concedeu a mão de Estratonice a Antíoco.
Diz-se que a recuperação do jovem foi imediata.
- [15-11-2018]