O Pedágio

O comerciante Elwyn de Pontwardine ia de Southampton para Winchester, transportando uma carga de sal em sua carroça puxada por dois cavalos, quando em dado ponto da estrada, foi abordado por um grupo de homens armados, que saíram da floresta próxima.

- Alto lá! O que traz nessa carroça? - Indagou o líder dos salteadores, um sujeito enorme com uma cicatriz no rosto, espada desembainhada.

- Sal. Apenas sal - declarou Elwyn, mal acreditando na sua falta de sorte.

- Eu sou Cuthhere, e esta é a Patrulha da Estrada - disse o salteador, indicando seus companheiros, igualmente mal-encarados. - Pague o pedágio e o deixaremos ir!

- Pedágio... certo - suspirou Elwyn. - E de quanto seria?

- Duas onças de prata.

Elwyn ergueu os sobrolhos.

- Veja, Cuthhere, eu ainda não vendi minha mercadoria, e certamente não tenho comigo duas onças de prata.

O líder dos salteadores cofiou a barba.

- Também não sei se deveria aceitar sal como pagamento... não precisamos de tanto sal assim.

O mercador ergueu a mão.

- Posso dar uma sugestão?

- Claro!

- Por que não organizam um pedágio decente e cobram dos mercadores quando eles estiverem indo para Southampton? Assim terão a certeza de que terão dinheiro, pois só vamos para lá comprar, raramente para vender.

- Faz sentido - avaliou Cuthhere.

- E, de quebra, poderiam patrulhar de verdade a estrada, e expulsar daqui os salteadores, que, como sabem, matam pessoas e as saqueiam dos seus bens. Aposto que os cidadãos de bem deste reino, pagariam o seu pedágio de bom grado.

- Muito boa a ideia! - Aprovou Cuthhere.

E Elwyn foi liberado para seguir viagem, sem nada pagar.

* * *

E retornando Elwyn de Pontwardine para Southampton, semanas depois, deparou-se com uma barreira numa curva da estrada, composta de um tronco sem galhos no meio do caminho. Atrás dela, dois arqueiros.

- Alto lá! Este é o posto de pedágio da Patrulha da Estrada! - Alertou um dos homens.

- Agora vocês estão bem organizados - disse Elwyn. - E quanto estão cobrando pela passagem?

- Duas moedas.

O comerciante retirou duas moedas da bolsa que carregava e as entregou ao arqueiro.

- E avisem ao seu chefe que na volta, pego a minha parte no dinheiro do pedágio - alertou.

- Do que está falando? - Indagou intrigado o arqueiro.

Elwyn apanhou um pergaminho dentro da carroça e o exibiu aos salteadores. Estava escrito em letra rebuscada, e trazia um sinete vermelho.

- Eu fui nomeado pelo rei Edward como cobrador de impostos desta estrada. Significa dizer que um quinto de tudo o que arrecadarem com o pedágio, irá para os cofres reais.

E perante as caras de estupefação, alertou:

- E avisem ao Cuthhere que nem pense em lograr o rei... eu sei exatamente quantas carroças passam por esse trecho da estrada, todos os dias.

O tronco foi retirado da estrada, e Elwyn retomou sua viagem rumo ao litoral.

- [13-06-2019]