SIMPATIA DAS VERRUGAS

Eu, quando curumim em Urucará, gostava muito de brincar, de baladeira, de bolinha, de perna de pau, de pira, de pescaria, de tomar banho no rio, de papagaio, de bola, etc, eram muitas brincadeiras, mas uma das que mais gostava, era de jogar nossa bolinha, no campinho por detrás da igrejinha, onde hoje é a Praça Santana.

Pois bem, acho que eu deveria ter uns 10 anos, quando esse fato aconteceu, eu tinha muitas Verrugas nos joelhos e minha mãe falou, que ia me levar a Manaus para operar, pois nessa época não tinha médicos, quando eu caía jorrava muito sangue e diziam onde o sangue pegasse, nasceria outra verruga, ficava assustado; minha mãe, fazia todos os remédios e simpatias que me ensinavam e nada de ficar bom, colocava a Jacina pra morder, aplicava leite de mamão, esfregava urtiga e nada.

Certa vez, ia passando em frente da casa do Tio Vituca, que tinha como esposa D. Aldemar, filha Mariazinha, filhos Vavá (todos em nemoria), o Pedro, Mucura (O melhor jogador de futebol de Urucará) e o Zé Préa. O Tio Vituca me chamou para conversar, entrei na sua casa, me recebeu muito alegre e sorridente e viu as Verrugas no meus joelhos, falei que a mamãe já tinha feito todos os remédios e simpatias para acabar com elas e nada, foi aí que ele falou, pois vou lhe ensinar uma simpatia que vai acabar com todas elas. Ele me ensinou, que no dia de sexta-feira, tem que fazer 3 sexta seguida, quando vc for na privada fazer o número 2, leva algo para comer e voce diz 3 vezes, "Estou comendo, estou cagando, as minhas verrugas estão se acabando". Fiz na 1a sexta e na 2a, na 3a eu esqueci, quando olhei para os meus joelhos as Verrugas estavam sumindo de verdade, fui fazer a 3a simpatia na 4a semana, quando já havia sumido todas.

Sinceramente, eu não acreditava em simpatias, mas depois dessa, passei a acreditar, nos remédios caseiros, nas simpatias e nas crendices populares, no censo comum, desse nosso povo maravilhoso que somos.

Agradeci muito ao Tio Vituca (em memoria), por essa simpatia, que nunca mais esqueci na vida e relato sempre por onde ando.

Acreditem nas crendices populares, nas simpatias e nos remédios caseiros, hoje, estou repassando as minhas filhas e netas. Em casa, não falta mel de abelha, andiroba e copaíba, minha esposa usa esses remédios para diversas doenças que aparecem.

Este conto, é para que não esqueçamos de nossas origens e possamos sempre relembrar o nosso passado com muito prazer e alegria.

José Gomes Paes

Escritor, compositor e poeta

Membro da Abeppa e Alcama

Em 10/06/2019

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