O Tombo Do Sabiá

Exercitando à academia,

Improvisada no quintal.

Ludibriando a pandemia,

Que faz horrível no mal.

Pássaros nos gorjeios,

Bagunçando à vontade.

Faziam meus recreios,

Regando em claridade.

Tenho preparos, pois para descerem, não demora.

Ajeito vagaroso, de longe, ensaiando um despiste.

Deixo suprimentos, o suficiente que agrade a hora,

Com quirera, arroz, macarrão, ração, pão e alpiste.

Pé de Manga faceira no pomar,

Galhada vista e forquilha clara.

Onde, bem ali, deixei repousar,

Importante, usual, pau de vara.

Vendo, sei quanto gosta,

Atravessada para ser vista.

Ponta por cima, exposta,

Qual estrela, qual artista.

Muito que se expunha, fazia,

Antes que a vida se perca, se vá,

Pousava ali sempre, todo dia,

Um pomposo e majestoso sabiá.

Manhã de sol, manhã de todos os dias,

Presentes em cena, mesmos personagens.

Nos certos objetivos em repor energias,

Nos aparelhos eu, pássaros em folhagens.

Não demora e o dono do conto, aparece...

No voo, grande destoo e a queda eminente...

A cena mais que hilariante me entristece,

Pois o sabiá apareceu igual estrela cadente.

O pouso incontestável, me surgiu bonito,

naquela visão, que não lembrou felicidade.

Sem pestanejo, sem atenção, sem intuito,

Em deslocar a vara que agora deu maldade.

Derreado em folhas secas, escondido...

Senti frustrado, cabisbaixo, aperreado,

Atônito, por vários segundos, perdido,

Ate que o voo não se torne acanhado...

O que vi, ouvi, me deixou estupefato!

Então, para narrativa eu me escambo...

Pela perspicácia com origem e do fato,

Do ocorrido súbito, inesperado tombo!

Qual atleta em tento não feito,

Fingiu a queda e como garimpo,

Ciscou, ciscou, virou, fez o leito,

Trazendo seu precioso no limpo...

Transformou seu desatino em festa...

O que parecia tragédia ficou sabores.

Os aplausos no ambiente, lhe resta,

Pela imponência por seus de amores.

Prometi com aquela causa abastada,

Alterar as coisas do modo cauteloso.

Das pousadas à mercê da passarada,

Qual se cuida de um tesouro valioso.

Para não apagar façanha,

Trago, aqui, em minúcia.

Não cabe, mas você ganha,

Do meu sabiá de astúcia.

Mas não renego meu riso,

O respeito que fez pouso.

transbordando de sorriso,

Pela queda do majestoso.

Por incentivo e interação de Jacó Filho:

Nem quando cai se entrega,

Tão pouco muda seu canto.

Não ver que causou espanto,

Se ao susto não se verga...

José Corrêa Martins Filho
Enviado por José Corrêa Martins Filho em 14/06/2020
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T6977245
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