O BEIJO QUE ELA ME DEU

O vento soprava gostoso, o vidro abaixado, com a mão fazia uma concha para aparar o ar, apesar de estar dirigindo, o pensamento estava muito longe, a estrada reta e em muito bom estado ajudava, lembrou de quando ela o beijou, parecia que o tempo tinha parado, seu cheiro, olhos fechados, coração marcando o compasso e em aceleração, a emoção era tamanha, uma implosão, o caos, uma mistura de êxtase, euforia e devaneios, estava a caminho de vê-la novamente, a proximidade do lugar já era suficiente para que essas sensações retornassem, não a tinha avisado, resolvera fazer surpresa, com certeza ela estaria lá, mais linda que tudo, tinha lhe prometido esperar, tinham se passado quase dois anos, pelo menos um ano sem se falarem, vinha a sua mente os cabelos lisos, longos, pretos, o rosto afilado, boca carnuda, olhar penetrante e a voz, meu Deus que voz macia, que saudade, tinha pego um avião, depois alugara um carro, traçado, o sítio era em um lugar ermo, litoral, lindo, assim como ela, tudo parecia igual, a estradinha de areia, coqueiros a mil, o mar azul lá longe, até que viu a cerca, depois o portão da estância, desceu abriu e passou, voltou a fechar, tinham pintado a casa, ainda não distinguira ao certo qual era a cor, parou o carro, tremia, desceu, preparou o seu melhor sorriso, tinha até treinado antes, e bateu palmas.