PÊNALTI – SE CHUTAR PARA FORA GANHA O OPALA AMARELO

O futebol está retornando paulatinamente após longo período de paralisação, em que pese existir muita polêmica sobre o assunto. Mas é inegável que o futebol é agradável, ajuda a animar os finais de semana.

Falando em futebol, neste campo da alegria, são muitas as histórias e estórias. Lembrei de uma memorável. Há alguns anos, o Campeonato Paranaense da Segunda Divisão de Profissionais transcorria muitíssimo disputado, empolgante, estava nas rodadas finais. O legendário time de minha terra, Tabu Esporte Clube, pelo qual tive a honra de vestir sua camisa amarelada e preta quando jovem, necessitava no mínimo do empate para se classificar para as finais. O jogo era fora de casa, em uma cidade do Norte do Paraná. O goleiro do Tabu chamava-se Jaime, meu particular amigo e compadre, atualmente falecido, o qual tive a honra de batizar seu filho mais novo, o querido Tiaguinho. Jaime, além de goleiro, era o faz tudo do time. No interior fazer futebol é tarefa difícil. Jaime tinha um opala amarelo, muito bonito. Tinha com ele um cuidado especial, no dia do esperado jogo deixou no estacionamento de dentro do Estádio, do campo se podia ver o “opala amarelo”.

Jogo importante, o estádio estava lotado. Antes do início, muitos foguetes, muita fumaça, muito barulho, o adversário procurava mexer com o psicológico, buscava impressionar, amedrontar. Não demorou e a cortina de fumaça dissipou, o jogo teve seu início, o Tabu precisando do empate segurava o jogo, mas não estava fácil, os minutos demoravam a passar. O jogo era aguerrido, o final se aproximava, mas de repente, o inesperado aconteceu, o juiz trilou o apito aos quarenta e quatro do segundo tempo, inacreditável, o que não se esperava aconteceu! PÊNALTI em favor do time adversário. O centroavante, um moreno grandão, caiu na área. Os jogadores do Tabu ficaram nervosos, o goleiro Jaime ainda mais, após o empurra, o tumulto corriqueiro, o pênalti é confirmado, nada mais se podia fazer. Na verdade, podia sim. Jaime, com muitos anos de futebol, bagagem, muito tinha aprendido. O centroavante suado ajeitava a bola na marca do pênalti com carinho, a torcida por sua vez era só felicidade, já estava comemorando o gol que estava prestes a acontecer. Jaime então se dirigiu calmamente ao centroavante e ao pé de orelha e disfarçadamente disse: “SE CHUTAR PRA FORA, GANHA MEU OPALA AMARELO, AQUELE QUE VOCÊ PODE VER DAQUI ALI NO ESTACIONAMENTO, ESTÁ INTEIRINHO”. O Jaime me confidenciou que viu quando o centroavante olhou para o opala com o canto do olho, seu olho virou “olho de gato”, brilhou. O centroavante continuava ajeitando a bola para bater o pênalti e agora, após a tentadora proposta, à demora da “ajeitada” era ainda maior. Jaime continuava a falar baixinho para o centroavante: “PENSE BEM, O OPALA PODE SER SEU, É SÓ CHUTAR PRA FORA... O CAMPEONATO TERMINA, VOCÊ MUDA DE TIME E FICA NUMA BOA”. A torcida em plena algazarra, comemorava antecipadamente. O centroavante, após a proposta, suava ainda mais. Jaime só esperava o chute. No último momento antes da batida, já preparado embaixo dos “paus”, falou a derradeira frase ao centroavante, disse: “PENSE BEM, NINGUÉM VAI FICAR SABENDO... TRATO É TRATO”. O centroavante, lavado de suor, neste momento já estava mais para piloto de Stock Car, olhou para Jaime e correu em direção à bola e chutou. Imaginem! Isto mesmo... PRA FORA, PRA FORA. O locutor da rádio local gritava tão alto que do campo se ouvia dizer: “NÃO ACREDITO, NÃO ACREDITO, FOI PRA FORA; PRA FORA, ELE ERROU". Jaime, sem pensar, por instinto, emocionado correu um pouco em direção ao centroavante para “abraçá-lo”, mas ainda em tempo interrompeu a corrida, saiu disfarçando, se conteve. A torcida adversária, coitada, emudeceu. O jogo reiniciou e logo em seguida o juiz apitou o final, fecharam-se as cortinas e se encerrou o espetáculo do tapete verde. O glorioso Tabu Esporte Clube, graças ao Goleiro Jaime, classificou-se para as finais. UFFFA... Não foi fácil... Rsrsrs. Como falei, ele fazia tudo pelo Tabu, até na hora do pênalti ele encontrou a saída, a solução.

Bem! Eu sei que nesta história tem uma pergunta fatal que todos desejam fazer. JAIME DEU OU NÃO O OPALA AMARELO PARA O CENTROAVANTE? Lá vai a resposta: NÃO! Rsrsrs. Jaime me disse: “EU NÃO SEI SE O CENTROAVANTE CHUTOU DE PROPÓSITO PARA FORA OU ERROU DE RUIM. SE ELE CHUTOU DE PROPÓSITO PARA FORA, EU FUI INJUSTO COM ELE, NO ENTANTO, ELE FOI MAIS INJUSTO COM TODA AQUELA TORCIDA QUE TORCIA POR ELE E PELO TIME, O ESTÁDIO ESTAVA CHEIO, EU JAMAIS FARIA ISTO COM A MINHA QUERIDA E AMADA TORCIDA DO TABU”. Também sei que tem outra pergunta... COMO JAIME FEZ PARA SAIR DO ESTÁDIO COM SEU OPALA AMARELO? Lá vai também à resposta. Jaime ficou conversando no campo, dando entrevistas, enfim, enrolando. Neste meio tempo, determinou que o massagista de nome “Beiço” e o roupeiro “Pinheiro” do Tabu Esporte Clube, ambos de sua extrema confiança, disfarçadamente retirassem o opala do estacionamento e esperassem na rua de baixo, ao lado do estádio. Jaime saiu pelos fundos, ainda com as vestimentas do jogo. Todos então, retornaram FELIZES com TABÚ CLASSIFICADO e o OPALA AMARELO! Cantando ainda: “AVANTE TABÚ”... Rsrsrs...