A TALARICA

Viver na roça, não é um fardo muito leve, quando se tem 6 filhos pequenos, pouca chuva, terra dos outros e marido ignorante, sem contar uma casa, que mais parecia uma caverna, encravada num barranco, metade de taipa, metade de madeira, o programa de tv era observar o céu, pra ver se "vinha "chuva e quase nunca vinha, o barreiro já virando lama, tinha que ter sua água fervida para beber.A lavoura seca apontava para o chão em busca de outra oportunidade para brotar, a farinha e o feijão rareava no bornal da cozinha, mas, mesmo diante desse quadro dantesco, Elenilza esperava o sétimo filho. o mais velho, Tõe, tinha 14 anos e o mais novo, Ciço tinha 2.Eram 4 meninas, Margarete,Aparecida,Luzia e Maria Elena.Gravidez de risco, ficou com pernas inchadas e mal podia trabalhar em casa e cuidar dos filhos, entçao resolveu mandar TÕE ir buscar sua sobria Guiomar, para ajudar os afazeres enquanto esperava o bebe.

Guiomar era moça fogosa, na flor dos 18 anos, era trabalhadeira, mas gostava de usar umas roupas muito curtas e decotadas, vivia de baton e perfumada, mesmo lavando o chão da cozinha. Elenilza não se importava com isso, precisava dos préstimos da prima, era coisa de moça mesmo, o marido, passou a tomar banho todo dia, desde a chegada da prima e Tõe, andava todo arrumado pra ir roçar mandioca.

chegou o dia do parto, e a pobre Elenilza, teve que ser levada para o hospital no lastro da caminhonete de João do gás, porque não tinha ambulãncia. MARGARETE foi com a mãe de acompanhante e a casa e o marido ficou aos cuidados de Guiomar.

No dia seguinte, João do gás trouxe a notícia de que ELENILZA iria ficar internada alguns dias, porque o bebe não estava bem, mas que a prima tomasse de conta da casa , do marido e dos filhos para que nada lhes faltasse.Foi o alvará que Guiomar estava querendo. NESSA NOITE,quando as crianças foram dormir, GUIOMAR sentou-se debaixo de um pé de umbu com um lamparina e chamou o maido da prima:

-Ei Chicó, vem prozear um tiquim mais eu, Ômi,inda tá cedo mode drumi e a lua tá é quilara.

Chicó prontamente atendeu u chamado, e conversaa vai, conversa vem, em poco tempo, apagaram a lamparina e o batom de Guiomar foi parar na boca de chicó.

No dia seguinte, Guiomar acordou diferente,dando ordens nas crianças, toda derretida para o marido da prima, como se a esposa fosse ela e assim continuou por quanto tempo durou a inernação de Elenilza, mas, a prima voltou para assumir sua casa, com mis um bebe no colo a quem chamou de francisco para homenagear o marido, Apesar de ter notado a atitude diferente da prima, não deu muita importância, pois estava feliz m ter voltado pra casa.Guiomar continuou a ajudar e mandar em tudo, até o bebe, era ela que queria cuidar, um belo dia, até por advertência das filhas meninas, resolveu saber o porque da mudança de comportamento da prima e chamou Guiomar para perguntar o que estava acontecendo na casa dela:

-Tu tais munto deferente, muié, o que é qui tá acunteceno aqui qui eu num sei?

-Nada. disse a moça.Só tou fazeno o que tu pediu.Tomo conta de tudo,inté de chicó mode ele num sinti farta de tu e acho que ele tá bem feliz, pruque qué que eu fique mai ocês morano aqui,

-Oxente, nós não tem nem pra nós, é mais uma boca mode sustentar.

-UMA não, prima, duas, queu já tou prenha dele.

MORAL DA HISTÓRIA; como dizia minha avó, O SANGUE É QUE MAIS FAZ MAL AO CORPO.