Roseira Encantada

A Roseira Encantada

Era uma vez um rapaz chamado David que namorava com a linda Inês, e todos, mas mesmo todos, os dias ele ia visitar a sua amada, David morava numa pequena casa situada prómixo de Vale da Felicidade e Inês próximo do lugar onde hoje se situa a localidade de Abela, sucede que num certo ponto do caminho, Santos mais concretamente, ele se habituou a admirar uma linda roseira, tinha uns botões de rosa como nunca vira mais nenhuns, eram de um vermelho escuro como não existiam outros e pareciam veludo autêntico.

Muitas vezes, David, deixava-se ficar, ali parado, a observar aquela linda roseira, parecia-lhe que o tempo parava, deixava-se ficar como que embevecido e tinha de correr para não sobressaltar a sua amada, ainda nunca lhe falara na roseira e no encanto que ela lhe provocava, não era por nada de especial, simplesmente não tinha calhado.

Mas um dia, há sempre um dia, David deixou-se ficar tanto tempo a admirar a roseira que quando chegou junto a Inês já era muito tarde, e entendeu que lhe devia uma explicação, foi assim que a sua jovem amada ficou a saber da bela roseira, e disse logo:

-Meu amor, se essa roseira ganha tanta beleza nas tuas palavras, então é porque ela tem mesmo algo de especial, deixa-me beber de toda essa beleza de que me falas.

David ficou radiante por confirmar que a namorada admirava tanto o seu bom gosto que acreditava na beleza daquela roseira, mesmo antes de a ver, só pelas suas palavras.

Combinaram então que no próximo fim-de-semana, David a levaria a ver a roseira.

Assim foi, Inês ficou estupefacta, de boca aberta, e só conseguiu pronunciar:

- Lindo

Eram botões e mais botões, eram rosas já abertas, todas, todas do tal vermelho que parecia veludo.

Depois de alguns minutos, bastantes, talvez até horas, a apreciarem a roseira, Inês perguntou:

-Meu amor, será que posso colher um destes botões e levá-lo para casa?

David ficou pensativo, alguns momentos, não queria contrariar a sua amada, por isso procurou um modo doce de lhe dizer o que pensava, e respondeu:

- Ouve meu amor, a roseira não é minha, provavelmente nem é de ninguém, por isso penso que sim, mas gostaria que pensasses que se todos, que por aqui passam, colhessem um botão de rosa, a roseira perderia muito da sua beleza.

Inês concordou com o namorado e desistiu da sua ideia de apanhar um único botão que fosse.

Regressaram a casa era já noite, iam encantados com tanta beleza, entraram em casa dos pais de Inês sem conseguir esconder a felicidade que lhes ia na alma.

David despediu-se da namorada, e dos pais, e tomou o caminho de regresso a casa, ia muito concetrado nos seus pensamentos quando percebeu que estava a ser seguido, olhou para trás e viu dois homens com muito mau aspecto, acelerou o passo e verificou que eles faziam o mesmo, estava sozinho num terreno ermo, ninguém lhe poderia valer.

Deitou a correr e os seus perseguidores imitaram-no, percebeu que não lhes conseguiria fugir, pelo contrário, eles estavam cada vez mais próximos, sentiu-se perdido, quem seriam aqueles dois, provavelmente dois malteses que o queriam assaltar, sentiu medo, já ouvira histórias aterradoras acerca deste tipo de gente.

David chegou junto ao local onde estava a roseira que tanto apreciava e pareceu-lhe ver algo estranho, a estrada fazia um pequeno desvio e tinha roseiras de um lado e do outro, parecia-lhe que não conhecia aquele caminho, avançou e não queria acreditar no que via, o caminho por onde passava não era a estrada, era sim um espaço aberto entre os ramos da roseira que se iam fechando à medida que ele avançava.

Ele caminhava por entre os ramos da roseira! Pensou que sonhava e assim que se viu completamente coberto pela roseira, ouviu os seus perseguidores:

- Mas onde se meteu o gajo, parece que desapareceu.

Continuou a ouvi-los praguejar durante mais alguns minutos, até que percebeu que desistiam e se afastavam.

Foi então que ouviu com o que uma voz estranha:

“ Tu, quando aqui estiveste com a tua namorada, hoje pela tarde, salvaste uma das minhas filhas, agora chegou a minha vez de ser eu a salvar-te. Já podes ir em paz, aqueles dois já se foram e podes ir descansado que haverá sempre uma flor a olhar por ti até chegares a casa.”

David viu os ramos da roseira a abrirem-se para o deixar sair e voltarem a fechar-se à sua passagem.

Debruçou-se sobre um dos botões de rosa, beijou-o e este, apesar de já ser noite, abriu-se por completo, como que a retribuir o gesto.

Moral:

“Amor gera amor”

Francis Raposo Ferreira

FrancisFerreira
Enviado por FrancisFerreira em 24/06/2011
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