Voltaram a ser crianças
Voltaram a ser crianças
Encontraram-se por acaso na encruzilhada dos caminhos das suas vidas. Inês ainda não se recompusera da ruptura de uma ligação anterior, David começava a despedir a sua viuvez.
Olharam-se mutuamente, primeiro de um modo disfarçado, depois já mais insistentemente e foram descobrindo pontos de interesse no que viam um do outro, apresentaram-se e encetaram conversação.
Inês achou-o simpático, divertido, romântico e bastante humano, David por sua vez achou-a muito atraente, de cabeça limpa, divertida e algo carente.
Começaram a encontrar-se todos os dias, trocavam ideias e galanteios, Inês não tinha problemas em dizer-lhe o que pensava dele e David falava-lhe claramente do que pensava dela.
Inês convidava-o para um café e ele aceitava, lá iam, voltavam e a brincadeira continuava, ela falou-he do dente, do filho, que caíu e ele recordou-se de momentos semelhantes que também já vivera, riram-se ambos com a troca destes pequenos, mas muito pessoais, pormenores do dia-a-dia de cada um, ela ria-se e ele dizia-lhe que adorava vê-la a sorrir, dizia-lhe mesmo que nunca a queria ver triste.
A empatia entre ambos foi crescendo e as brincadeiras continuaram, ele ofereceu-se para lhe fazer companhia nos dias em que o filho fosse para a companhia do pai, ela agradeceu-lhe e sorriu, ele fez-lhe uma festa na face, voltou a dizer-lhe que adorava vê-la a sorrir e que iria aguardar pelo calendário desses dias.
As brincadeiras continuavam indiferentes à lua e às estrelas que as testemunhavam e iluminavam como se fossem simples brincadeiras de duas crianças, era isso mesmo, sem se aperceberem eles tinham conseguido regressar aos seus tempos de criança e por isso estas eram brincadeiras cheias da mais pura genuinidade, a genuinidade das crianças, sem qualquer outra intenção que não a de de proporcionar momentos de risos e alegrias um ao outro, como o fazem as crianças.
Moral: A nossa felicidade está apenas à distância da nossa capacidade de não termos medo de sermos criança.
Francis Raposo Ferreira