Na dobra do tempo

Essa é a história de alguém que eu conheci meio tarde,

quando o dia já fazia a curva na dobra do tempo,

nossas mãos se tocaram no instante de um segundo,

como um vento assoviando por entre nossas tristezas,

nossos olhares desconfiados inquiriram sombras circundantes,

questionando verdades ocultas em um baile de máscaras,

medos inerentes à almas torturadas elevaram suas muralhas,

proteção de dores que só ressoavam em poesias melancólicas,

passados tão presentes em um futuro tão ausente de perspectivas,

e mesmo assim voltamos para aquele pedaço de infinito azul,

aquele espaço sem definição onde tudo poderia acontecer,

buscando um reencontro que poderia ser o fim de tudo,

clamando pelo recomeço de um término ainda não escrito,

tentando alcançar uma janela para sonhos perdidos no outro mundo,

assim nos conhecemos iniciando o que somos hoje: um em dois!

*

Não chore minha querida, ainda há tanto por viver,

os dias de tempestade passarão e meu abraço a aquecerá,

não importa se o destino às vezes nos derruba,

levantamos e nos apoiamos no que temos,

na dobra do tempo, os astros giram em suas órbitas,

como eu tenho você, não preciso mais de nada,

pois há muito que meu coração fez morada em ti...