De Romeu e Julieta.

Eu estava em Verona, passando umas férias, quando em uma tarde um pouco fria, um vento mais forte abriu a janela. As cortinas brancas de Voile,aproveitaram para uma fuga romântica, eu diria, tal a delicadeza,

com que saíram para espiar a rua onde uma chuva miúda lentamente caia.

Com passos apressados corri até a janela e as trouxe de volta e quando eu, as estava prendendo no laço de fita de cetim lilás, ouvi o barulho

do computador me avisando que havia uma mensagem. Como eu estava meio solitária e triste, logo abri o email. Li com atenção o aviso da nova

reunião do clube de leituras do qual eu pertencia. Na mesma hora encaminhei a resposta de que eu não iria e foi então, que percebi que havia outro nome assinando o recado e esse novo membro do club eu,

ainda não conhecia. Seu nome, Romeu.Acabei sorrindo porque o meu

é Julieta e eu estava em Verona.

Foi assim que nos encontramos pela primeira vez, e foi algo tão forte que como um passe de mágica, todo o meu corpo foi tomado por uma

emoção tão diferente. Senti uma alegria, uma vontade de chorar e assim caminhei até a janela e pela vidraça úmida da chuva eu repeti seu nome mas se eu tivesse asas, iria correndo para ele, este Romeu que eu

nem conhecia...

Voltando da viagem com a alma aos gritos procurei logo o jornal do clube. Por sorte, na foto da nova diretoria lá estava o meu Romeu.

Como uma menina apaixonada, recortei a foto e com ela dancei na

maior das felicidades. No dia seguinte, trêmula de insegurança, mas

perfumada e decidida, fui ao clube. Como a porta já estava aberta,

espiei e entrei. Os colegas vieram falar comigo. Fiquei alegre, olhei para

a mesa da diretoria que ficava no centro e caminhei até ela. Chegando

bem na frente, eu disse para um jóvem de barbinhas :- Romeu eu sou a

Julieta. O moço me olhou sorrindo e disse:- Você está enganada o Romeu, é aquele que está entrando a barbinha nos confunde. Fiquei

paralisada, as pernas tremiam o coração batia forte, mãos suadas e quando ele se aproximou de mim, dizendo:- Você é a Julieta e eu sou Romeu. Nós dois começamos a sorrir e nossas mãos se encontraram.

Senti que ele as apertava tão fortemente que, assustada olhei nos seus olhos que eram da mesma cor dos meus e percebi neles o mesmo

brilho dos meus. Não precisamos falar nada, nossa história já havia começado, nosso amor já estava vivendo dentro de nós, nossas emoções não podiam mais ficarem escondidas, nossos desejos clamaram por liberdade e nosso amor apenas licença para viver.

Nunca falamos ou questionamos idades e nem tão pouco falamos do presente, mas temos certeza que já nos encontramos em algum lugar do passado. Sabemos que estamos vivendo algo novo e maravilhoso, um tempo já quase esquecido. A delicadeza de um sentimento jovem a ternura e a suavidade de uma juventude já passada e a emoção de poder pertencer um ao outro. As vezes ficamos dias sem nos encontrar,

mas nos falamos olhando a mesma estrela, trocando segredos com a lua ou enviando mensagens por um vaga-lume ou lendo um igual verso

do poema. Quando o telefone toca, largo tudo meu coração sabe que é o moço dos meus sonhos, aquele que tanto esperei sem ter nenhuma esperança de encontrar. Certo dia pensei que tudo iria se acabar, mas a resposta foi:- Não amor estamos apenas começando.......

Sabemos que o mundo está girando em torno de nós, mas estamos abraçados escondidos dos olhos furtivos dos que irão um dia nos julgar,

Por hora estamos juntos dentro de um verso e ele me namora com seu olhar cor de folhas com seu sorriso de menino este é o meu Romeu.

Nada sabemos do futuro e não questionamos o presente, apenas vivemos o nosso agora, juntos. Lá fora a chuva fininha cai e estou fechando a janela ouvindo ele dizer:-Minha Flor, olhe para mim....

Um dia alguém contará a nossa história e haverá de dizer, que fomos felizes até a eternidade, porque um amor assim, de Romeu e Julieta, nem o poeta haverá de saber explicar.......

April
Enviado por April em 08/07/2016
Reeditado em 08/07/2016
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