"A Batalha das Violetas"- contos curtos.

- Eles se conheceram em frente a um cinema em Paris .Ele chegou com aquele jeito charmoso e galante do Frances seguro e desinibido. Perguntou se ela ia ver Violete Ledur.Ela não esperava ser abordada ,estava despreocupada e descansada naquele dia de primavera. O dia em que tudo floresce ou nasce.

-Não , já assisti Violete Ledur. Foi uma grande escritora protegida de Simone de Beauvoir e Sartre. Surpreso que eu saiba?

-Em absoluto. Sou Marcel e você?

-Sou Violeta, -responde risonha -interessante, não? E veja a coincidência : meu nome me foi dado por meu avô que era um Frances emigrante. Nasceu em Marseille e era leitor de Ledur. Contou a minha mãe a história desta escritora ,a quem proibiram de publicar na França por suas ideias extremamente favoráveis ao aborto. Sei que o livro foi parar publicado nos Estados Unidos e fez sucesso anos depois. Meu avô comprou um exemplar. Lí. Gostei.

-Violeta, vejo que estás bem informada sobre meu país.Uma Violette Ledur o Brasil não tem, hein?

Violeta se sentiu desafiada e diminuída. Respondeu, levada pela irritação:

-Não ,Violete Ledur não temos, mas temos outros escritores também e do mesmo quilate! Em verdade parei aqui porque a palavra Violete me chamou a atenção pois, alem de ser meu nome, adoro violetas! Tenho as de todas as cores. Tenho as mais belas do mundo! Meu hobby é cultivar estas flores.

-Aposto que não tens a cor das violetas da França. Temos uma espécie rara , de cor cinza prata. Temos as Violetas mais maravilhosas do mundo, Violeta! respondeu um Marcel sorridente e encantado.

-Olha Sr. não sei o que! Eu estudei estas flores. Sei todas as cores. Nunca encontrei mencionada ou em foto esta cor. Além do mais, as violetas brasileiras é que são, sim, lindas! Porque é de paris tem sempre de vencer?Não temos Violete Ledur,mas temos as violetas mais lindas do mundo! E,realmente acho que a sua mentira francesa é maravilhosa! Au revoir!

Ele não perdeu a linha.Levou a ao táxi que tinha ponto ali .Passou alguns euros ao chofer.

Junto com o café da manhã o boy entregou a ela um pequeno vaso de violetas cinza peroladas e rajadas em prata. Belíssimas .Assim,ela nunca havia visto .Chateada por ter sido rude e orgulhosa, pediu que fizesse subir este homem que a presenteava com violetasmaravilhosas à manhã.

-O Monsieur, Madame, mandou lhe dizer que ele é não é um homem de verdade. Ele é todinho de mentira ,mas uma mentira maravilhosa , como a França e as violetas parisienses, e se chama "Monsieur não sei o que!"

Violeta , abraçada no enorme ramos de violetas, sorriu irônica da batalha que travou com Marcel. Afinal, porque Paris não podia ser melhor que o seu país em violetas! E tudo entre ela e Marcel poderia ter sido tão romântico !Terminou assim...havia perdido muito mais que flores, suspeitava...derrubou algumas lágrimas,mas logo lembrou de uma frase de seu poeta favorito:"mas as coisas findas,muito mais que lindas,estas ficarão"

Ficou: uma muda de maravilhosas violetas francesas que floresceram em sua casa a lhe lembrar ,eternamente,de um certo cavalheiro parisiense que a derrotou na flor.

Suzana da Cunha Heemann
Enviado por Suzana da Cunha Heemann em 20/07/2016
Reeditado em 20/07/2016
Código do texto: T5703592
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