Cansa, sim.

Porque cansa. Cansa, sim. Cansa muito. Cansa esperar por respostas que nunca chegam, que pegam os caminhos mais longos para se atrasarem de propósito. Para se esquivarem. Para tentar fazer com que o questionamento tenha sido esquecido. Cansa implorar pela atenção que deveria, por livre escolha, ser dada espontaneamente. Cansa ser singular onde o plural deveria fazer morada. Cansa se sentir sozinho quando em dupla encontra-se.

Cansa se esforçar sozinho. Segurar a barra sozinho, porque ela é pesada demais para meus braços fracos. Talvez eu devesse ter escutado minha mãe e comido mais feijão. Ou, talvez, você deveria dar uma força. Uma ajuda, mesmo que mínima. Porque era por isso que eu estava esperando. Um sinal, por menor que fosse. Um sinal que você não tinha frequência o suficiente para emitir. Cansa sintonizar sua frequência o mais alto possível, quando nada está sendo emitido de volta para ser captado. Cansa falar sozinho. Sonhar sozinho. Planejar sozinho.

Cansa. Aos poucos cada vez mais. Cada vez mais exaustivo se torna. Cada vez com menos fôlego se fica. Menos força. Menos vontade. Até que se cansa de vez. De uma vez por todas. E se vai. A diante. Em frente. Sem ousar olhar para trás uma única vez. E, aos poucos, vai se recuperando a vontade de insistir. Insistir em si mesmo, e nos seus sonhos singulares, apenas. Porque não é difícil ficar sozinho, quando já se estava solitário.

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Milena Farias
Enviado por Milena Farias em 06/05/2017
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