Pelos de uma pele bordada.

Joan sempre me deixou completo, cheio de vida e seguro, mas... Sempre tem o "mas".

Essa história começa assim, como todas as histórias. Nós já conhecemos o meio e o fim, e o início é só questão de introdução.

eu me sinto como uma escada. Cada momento na minha vida é como um alcance de um degrau. Acho que nunca sobreviveria a descida, tendo em vista que a subida é tão pesante muitas das vezes. Mas eu não tenho do que reclamar. As coisas de um modo geral sempre foram tão boas. Coisas... E as pessoas? Como diz Paula Toller, "os outros são os outros, e só!" Só...

A saudade toca a noite. Mas queima do jeitinho que queima o raio de sol aqui no Rio de Janeiro, pela manhã, ao acordar.

No início ela vai se alastrando, se fundindo com cada parte do seu corpo. Tudo parece BEM mais sensível. E você está aqui, apenas está. Está...

Às vezes ele some, às vezes ele aparece. Quando ele some tudo parece vazio, e as coisas ficam desconexas, sem, sem começo. Quando ele aparece, mesmo que nas pequenas coisas, é janeiro novamente, é quente, tem vida, não é necessariamente um começo, e nem um fim. Ele sorri. Você sorri. Tem lembranças. Tem sangue correndo dentro de você. e ele some e soma as experiências, mais um degrau. Um soco.

Você cria poemas, músicas, grava muitas dessas músicas, dá de presente para as bandas de amigos, faz alguém sorri, passa mais tempo com pessoas que te querem por perto, faz as coisas de maneira mais correta, deixa de comer pão, corta o glúten, zero-tudo, zero ele.

Joan me fez feliz, se fez feliz, nos fez feliz. E agora ele é ele. ele precisa dele, eu de mim, e nós de nós. Que confusão de palavras, parece até uma música do Radiohead. Talvez uma dessas que as pessoas costumam ouvir no inverno.

Ando por Ipanema, vejo as pessoas, as pessoas me vêm. O dia está quente, mas a praia não está cheia. Ando, não paro de andar. Chego próximo de São Conrado. Tantas pessoas para um só lugar. Tudo está errado nesse momento. Encontro um amigo, ele caminha comigo. ele me faz perguntas, ele me pergunta sobre tudo. esqueço, estou aqui. Não há fluido niilista, ele está longe. O amigo fala, às vezes me prende a atenção, às vezes não. Mas o amigo não é ele. Ele está longe, e eu ando grudado na saudade.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 15/03/2018
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