Prazer, sou a garota do livro.

Por muito tempo fui aquela garota do livro.

Mesmo antes dele ser escrito, vivi cada página avidamente numa intensidade fulgurante. Todos os lâmpejos de loucuras foram lapidados e aumentados com o tempo.

Ah! Só para você saber eu odeio o tempo. Não ele em si mas o passar dele. E como tudo fica tão diferente de quando eu estava sendo retratada no livro,  como estava sendo seduzida mentalmente pelo meu, até então, querido sórdido autor. A cada encontro ele me ensinava mais sobre a escrita e eu o apreciava por isso. Eram sempre rápidos e ávidos, tínhamos ensinamentos mútuos. E a cada vez ansiavamos por mais! Eu lhe falava sobre minha vida e ele me fazia ansiar em saber como deveria ser a dele. E como eu poderia ajuda-lo a muda-la por meio de nossas aulas.

A vida chata de estudante parecia fascinante para ele. E a vida de adulto parecia contagiante para mim. Parecia tudo perfeito, dois mundos que por algumas horas eram trocados ou melhor aglutinados. Se por um lado eu ser barrada na escola por estar com o uniforme incompleto era devastador e irritante para mim por outro ele adorava e gargalhava, porque significava mais tempo para as nossas aulas. Minha energia passava para ele e ele remoçava uns anos, era sempre assim, eu parecia a dose de vitamina de juventude diária dele.

Continua...