Perfume barato.

Um homem caminha na margem escura de uma rua qualquer, a noite já se instalara e com o céu escuro as únicas companhias sinceras e honestas eram a lua e a luz do crepúsculo que esta causava nas casas simples, e na sarjeta ao qual ele virou no fim da rua.

O homem, que vinha caminhando a passos largos pensava no quão hipócrita ele seria a partir daqueles poucos minutos, a culpa que antecede o ato já se instalara em sua mente. Pensou em sua esposa e a jura de amor eterno que fizera pela manhã, mas nada disso importava para o desejo crescente em sua mente perturbada.

Uma leve chuva de inverno começou a cair sobre o casaco preto dele, diminuiu a velocidade de sua caminhada e parou em frente a um poste com a luz trepidante para pensar, olhara para a lua e pensou se seu egoísmo carnal valeria o sacrifício de anos de conduta para si mesmo e o quanto ele se tornaria repulsivo e infeliz.

Mas como todos os seres humanos se traem em algum aspecto de sua vida, os passos do homem o guiaram automaticamente em direção a última esquina do bairro decrépito.

Lá, sob uma luz fraca e tremulante debaixo de uma marquise, com a chuva a cair por todo o encharcado corpo dele, se encontrava ela, debaixo de uma sacada e com um cigarro aceso, olhos sem esperança e algumas provas de um futuro triste, seu perfume exalava algo como lírios ou jasmim.

O dinheiro foi pago, subiram a um quarto imundo para que o impulso animal fosse suprido por alguns poucos minutos, no fim a maquiagem estava em seu corpo suado, com algumas cores pálidas misturadas com batom de cor bordo dela.

Voltando para sua casa, o homem mal conseguia olhar para si mesmo, a culpa que se instalara e voltara com tanta força que este pensou em fugir e nunca mais retornar, sua mente o castigava o corpo e as lembranças do ato não cessavam em sua mente. Se odiava por saber que ficaria assim após o término do ato e mesmo assim continuou de forma impulsiva a concluir tudo aquilo.

Passou pela porta de casa, deu um beijo caloroso em seu filho, jogou o casaco molhado no sofá. Sua esposa acordara em seguida, as 3 da madrugada, com lágrimas nos olhos e desesperança em seu semblante. Quando disse.

Que cheiro de perfume barato é esse?

Meses se passaram desde aquela triste noite para o homem. Hoje, solitário, sozinho e perdido no mundo. Destruirá tudo por um impulso de hipocrisia.

Victor Neves
Enviado por Victor Neves em 12/11/2018
Reeditado em 12/11/2018
Código do texto: T6500837
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