Pequeno conto cotidiano

Eram pouco mais que 7 da noite, quando a chuva começou a cair... numa cidade pacata como era, já era motivo de grande alarde.

Cheguei como de costume, tirando tudo que tivesse impedindo a melhor respiração de meu corpo. Jogando a bolsa no sofá procurei algo para comer, enquanto já pegava aquele velho livro de cabeceira ao lado da cama.

Joguei-me no sofá, atordoada com os acontecimentos do dia...pensando em várias possibilidades. Já me preparava para o segundo trabalho que realizava durante as noites, escrever.

Quando a campainha tocou.... e qual foi meu espanto quando vi que era você!

Há quanto tempo não nos falávamos desde aquele incidente que passamos a alguns meses.

Nunca mais tive notícias de nada relacionado a você, a não ser seu afastamento de tudo o que mais te fazia feliz. O que teria acontecido com você nesse meio tempo que o fez mudar tanto?

Foi o que questionei-me durante esse tempo todo.

Mas você estava ali, com aquele mesmo sorriso perfeito que me fez apaixonar por você a meses atrás. O que teria acontecido? Várias coisas me passavam pela cabeça...a distância que você percorreu para vir aqui. O modo como chegou todo molhado de chuva, como se tivesse vindo o caminho todo a pé.

Como nunca havia visto, você chorava...suas lágrimas se juntavam as gotas de chuva que caiam de seu cabelo. E você disse:

- Quantas coisas tive que passar para perceber que o que faltava em mim era você!

-Perdoe- me chegar assim esta hora da noite sem aviso, se pudesse gritaria ao mundo o quanto amo você. O quanto sei que você é quem eu sempre procurei.

Nossos olhares se cruzaram e não pude conter a emoção de ver você pela primeira vez chorar. Não um choro qualquer mas uma emoção causada pelo amor. Vinda do coração.

O que pra sua racionalidade já era de se espantar.

Sentia que meu amor, finalmente tinha plantado algo em seu coração. Emoções...

Não sabia o que dizer, não queria demonstrar o quanto senti sua falta todos os dias..o quanto eu procurava me distrair, mas meu pensamento sempre me puxava para você novamente. Então eu disse:;

-Você nunca para de falar não é? Não precisa dizer mais nada..só fica.

O mundo parou naquele instante...como sempre parava quando estávamos juntos.

Não havia relógio, não havia nada além de nós.

Deitamos na cama e ficamos nos olhando, como se o mundo todo morasse em nosso olhar.

Nos seus olhos eu via mais verdades do que mentiras...era como se todos os desencontros que passaram se apagassem e nós estivéssemos outra vez pela primeira vez nos olhando.

Nunca tivera tanta certeza como agora e sempre.

Mari Freitas

Mari Freitas
Enviado por Mari Freitas em 24/01/2019
Código do texto: T6558136
Classificação de conteúdo: seguro