O Último Suspiro de Um Amor

A luz do sol invade os espaços entre os galhos das árvores, formando reflexos coloridos que parecem pedaços de arco-íris. Hanna caminha a algum tempo, dentro da mata úmida e escura. Sorri Imaginando como seria se joshua estivesse ali naquele instante ...Sabe o quanto ele gosta da natureza. Certamente estaria como um garotinho saltitante, deslumbrado, e fascinado com cada descoberta. Certamente tudo teria para ele, o doce gosto de infância. Hanna estava tão envolvida nos pensamentos, que deu um grito de susto, quando uma cobra passou sobre seu pé. Ficou imóvel com o coração acelerado... Prendeu a respiração por alguns segundos, precisava parar um momento. Estava exausta e muito assustada.

Assim que começou aquela caminhada, foi inevitável relembrar os momentos vividos durante os quatro anos ao lado de Joshua. Ela sabia que devia evitar ficar pensando nele, o cansaço a dominava e já estava vencendo sua vontade de reviver o passado de sofrimento. 

 Ainda trêmula e assustada sentou-se ao pé de uma árvore gigantesca. Olhou em volta e ficou admirando toda a beleza exuberânte daquele lugar. O silêncio,a exaustão e o frescor a fez adormecer profundamente em poucos minutos .

Uma hora depois, começou cair uma chuva fininha, os pingos sobre sua cabeça a fizeram com que despertasse sentindo frio. Lembrou-se de estar sonhando com joshua.

No sonho ele a observava enquanto dormia deitada no seu peito, os dedos dele entravam em seus cabelos fazendo uma massagem delicada enquanto beijava seus cabelos e os acariciava causando um inexplicável bem-estar.

Hanna achou melhor tentar esquecer o sonho, antes que a tristeza venha visitá-la novamente.

Levantou-se e recomeçou a caminhada para esquecer aquele sonho, que parecia tão real! 

 Fazem seis meses que joshua colocou ponto final no relacionamento entre eles. Dizendo sentir-se muito confuso... Esclareceu que Hanna o sufocava com tantas crises de ciúmes, e que já não tinha certeza dos seus sentimentos. Por isso pediu um tempo para encontrar as respostas para as suas incertezas.

Hanna não tinha estas dúvida, muito pelo contrário a única certeza que ela tinha, é que Joshua era tudo na sua vida, o seu amor por ele era incondicional, nunca havia amado ninguém daquela forma que. 

 Hanna, uma mulher muito meiga, inteligente, linda e compreensiva. Não vê outra alternativa a não ser permitir este tempo mesmo com o coração partido e sofrendo o maior golpe de sua vida. Concedeu a joshua o tempo proposto por ele, sabia que seriam dias de muita dor para ela.

Entretanto Passados seis meses, joshua não quis retomar o relacionamento. Bastante triste Hanna, resolve seguir sua vida, procurou um psicólogo para ajuda-la atravessar este momento difícil.

E ele sugeriu que ela fosse passar uma semana em contato com a natureza para reorganizar as ideias. Hanna lembrou do parque florestal, onde construíram um complexo turístico fantástico, onde seria o próximo passeio que Joshua havia programado para eles. Realmente estava se sentindo muito melhor. Apesar disso, dois dias depois Hanna estava se sentindo entediada, a tristeza estava querendo tomar forma novamente... Estava andando de um lado para o outro tentando se livrar da agonia que teimava em invadir sua alma. O guia do hotel pareceu e aproximou perguntando se ela tinha conhecimento que havia uma trilha muito atrativa no meio da mata.

Ela resolveu se aventurar-se começando a caminhar com a intenção de relaxar e meditar um pouco.

Caminhava devagar ouvindo os sons e absorvendo toda a magia que estava contida naquele lugar. A brisa úmida, o cheiro de musgos os coloridos das flores e das aves. Tudo isso foi transformando sua ansiedade em calmaria. Cada minuto que passava ela tinha mais certeza de estar no lugar certo. Os sentimentos tristes já davam espaço a uma sensação de paz e reorganização sentimental.

Já era possível lembrar de Joshua com ternura, sem se entregar ao sofrimento de antes. No retorno ao hotel percebe que acabara de chegar um ônibus cheio de turistas barulhentos. 

Conclui que seu sossego estava ameaçado.

Ao passar pela recepção resolveu perguntar por quanto tempo a excursão ficaria lá. Foi informada que ficariam apenas dois dias. Um pouco mais tranquila em relação ao seu descanso, tomou as escadas que levavam ao seu quarto. Em seguida tomou um banho demorado para tirar todo o suor e o cansaço da caminhada. Já era hora do almoço mas ainda não sentia fome. Colocou um vestido despojado bem leve, e desceu para a recepção. Sentou-se próximo da porta para ver o movimento dos turistas empolgados lá fora. 

Tinha um grupo de pessoas conversando animadamente, pareciam tão felizes...

Logo à frente, avistou um homem solitário sentado no banco de ferro debaixo de da árvore, cheia de flores amarela. Ele parecia alheio e pensativo. Começou a observa-lo com mais atenção. Não parecia triste, apenas ausente e longe de toda algazarra do grupo. Hanna ficou curiosa, será que ele fazia parte daquela excursão ? Resolve tentar uma aproximação discreta. Caminhou devagar na sua direção fingindo observar a paisagem, chegou onde ele estava e sentiu sua presença forte e marcante.

Percebeu que ele a notou rapidamente. 

 Pegou um cacho de flor amarela e cheirou, depois perguntou a ele. Você já sentiu o perfume destas flores?

Ele respondeu negando com a cabeça. Levantou-se e caminhou até ela, chegou muito próximo, levantou outro cacho da flor, cheirou fechando os olhos por alguns instantes. 

Hanna percebeu o quanto sua presença a perturbava. Ele pareceu-lhe simpático e receptivo. Ele abriu os olhos e disse... Embriaga-me este perfume agradável, é como o cheiro de uma linda mulher saindo do banho. Hanna ficou um pouco constrangida, sentiu que ele a olhou diferente. 

 Resolveu quebrar o clima perguntando-lhe se estava na excursão. Para surpresa dela, ele disse, não, eu já estou aqui a três dias, e vi a hora e o dia que você chegou. Sua aparência está bem melhor agora, te achei muito triste e enigmática quando chegou aqui. 

 Completou...Até tentei te encontrar mas você sumiu e só agora te reencontrei.

O que é uma pena pois estou de partida amanhã após o almoço. Perdemos talvez a oportunidade de nossas vidas de um grande encontro, não achas? Poderia ter sido divertido para ambos, não querendo ser pretensioso, mas costumo ser uma boa companhia. Hanna não respondeu apenas, estendeu-lhe a mão e dizendo... sou Hanna e mesmo assim é um prazer conhecer um homem tão interessante, mesmo que seja por algumas horas. Ele apertou sua mão e deixou um perfume de musgo com sândalo impregnado nas mãos dela. 

... perfume fantástico o seu. Ele sorriu... que bom que gostou, bom começo!

 Repetiu "Hanna" ... Nome forte e interessante, gostei.

Eu sou Andrey e confesso que estou muito feliz por conhece-la...você é linda e muito interessante. Mesmo sendo por poucas horas tenho certeza que valerá muito a pena. 

Hanna perguntou se ele já caminhou pela trilha, ele diz que não e nem tinha conhecimento da existência de tal trilha. 

 Ela arriscou um convite... Então já que diz achar-me linda...Interessante. 

Poderia ficar um pouco mais... Faríamos companhia em uma bela caminhada... Só já valeu a pena, imagino que na sua companhia poderá ser melhor...O que acha? Não pode voltar para a cidade sem conhecer a trilha, é uma paisagem indescritível! 

Andrey pensa alguns segundos e diz, é... Talvez seja melhor aproveitar um pouco mais o momento na sua companhia posso não vê-la nunca mais.

Hanna agradeceu, e convidou Andrey para o almoço, agora já sentia fome e sede. Entraram no restaurante que já está basicamente vazio, quase todos já haviam almoçado e saído para seus passeios. Escolheram uma mesa próxima da janela para apreciarem a paisagem. Um pequeno e belo lago com pedalinho, e barquinhos em formato de cisnes, todos muito coloridos. Fizeram os pedidos. Enquanto esperavam observavam um casal de namorados no pedalinho, pareciam jovens demais, mas formavam um belo casal. O romantismo estava explícito entre eles. 

 Mais a diante tinha um casal com uma criança brincando em um dos cisnes. Estavam em silêncio quando o garçom trouxe as bebidas, Andrey  sugeriu um brinde ao encontro. Hanna levantou a taça de vinho dizendo... a nossa caminhada de amanhã. 

Andrey completou com ar insinuante ...Que venha a trilha e que ela nos traga boas surpresas.

Olhando maliciosamente para Hanna que desviou o olhar envergonhada.

Após o almoço subiram para um bom descanso. Descobriram que estavam próximos, apenas três quartos os separavam. Hanna deitou-se, imaginou que com certeza estava curando-se do abandono sofrido. Já estava aberta a outras experiências. Adormeceu profundamente. Acordou de madrugada com fome, lembrou que não havia jantado, tomou um suco no frigobar. Retomou o sono novamente, de manhã acordou faminta. Tomou banho e desceu para o café um pouco mais cedo.  Andrey ainda não havia decido, devia estar dormindo ainda. Tomou o café lentamente na esperança de vê-lo. Mas ele não apareceu. Ficou ansiosa com a ausência dele.

Esses sentimentos a perturbavam, não estava entendendo este turbilhão de sensações que afloraram dentro de si. 

Subiu para o quarto para tentar se acalmar e relaxar um pouco. Deitou com os braços abertos e ficou olhando o teto achando tudo chato e sem sentido. Estava mesmo de saco cheio. Não compeendia porque estes sentimentos estava surgindo e deixando-a tão infeliz. Parecia presságio de algo ruim. Uma vontade incontrolável de chorar tomou conta dela, mas foi despertada por batidas na porta. A princípio ficou quieta... Depois levantou-se e foi abrir. Deparou com Andrey a sua frente, quando a viu, atirou sobre ela dizendo minha querida Hanna! Ele entrou, parecia

não estar bem e antes que ela perguntasse, ele disse... Não estou me sentindo bem. Sinto muitas dores no estômago.

Sua palidez deixou Hanna preocupada. Ela perguntou o que se passava... Mas ele não explicou, apenas disse para ela não o olhar com a expressão preocupada, que logo estaria bem. Disse já estar habituado. Ela pode observar que por várias vezes ele virou o rosto para não deixa-la perceber que sentia fortes dores. Estava sentindo-se inquieta com a situação, mas nada podia fazer ou dizer já que ele preferiu não revelar as causas. Assim que terminaram ele a chamou para sentar-se no banco de ferro, onde se conheceram.

Andrey andou com certa dificuldade até chegarem ao banco. As flores amarela estavam exalando o perfume de sempre.  Andrey disse emocionado, agora é impossível sentir este perfume sem me lembrar do seu gesto com aquele cacho de flor enorme nas mãos... 

Foi uma das cenas mais lindas que já vi uma verdadeira miragem . 

Você não tem ideia, do quanto estava linda naquela hora! 

A preocupação tomou conta de Hanna... Pediu licença por uns minutos dizendo ir ao toilette. Parou na recepção e perguntou pela dona do estabelecimento, sabia que ela tinha alguma ligação com Andrey, viu os dois conversarem e pareciam bem próximos.

Precisava tentar descobrir alguma coisa sobre aquele homem e seus enigmas.

O recepcionista chamou Flávia pelo telefone mas ela pediu que Hanna fosse ao seu encontro.

Hanna subiu e a encontrou em uma sala com móveis antigos e muito bem decorada. Flávia a recebeu com um sorriso nos lábios dizendo , bom dia senhorita! Em que posso ser útil? Hanna foi direto ao ponto... queria saber sobre Andrey, percebi que se conhecem... Flávia a olhou intensamente depois indagou , que relevância tem isso? Hanna disse estar preocupada com ele. Não me pareceu bem... 

Flávia fez um gesto afirmativo com a cabeça e respondeu eu sei...Ele não te contou? Hanna disse não, não contou. Flávia disse, não sei se é correto mas vou dizer-lhe .

Andrey tem apenas alguns dias de vida. Meu sobrinho amado e querido está com câncer no pâncreas e com metástase no fígado e pulmões. Está aqui porquê escolheu este lugar onde morou na infância e foi muito feliz, para terminar seus dias de forma mais digna e menos dolorida. Estou aplicando morfina para que consiga suportar as dores, mas as vezes demora um pouco fazer efeito. Por favor não diga que te contei. Ele não suportaria... Não aceita a ideia das pessoas sentirem pena dele. 

Hanna ficou estática, não acreditava no que acabou de ouvir, ficou pálida. Seu mundo ruiu, agora havia um espaço vazio sem eco, sem nada... Não conseguia ordenar os pensamentos. 

Flávia percebeu o estado de choque que ela se encontrava e ofereceu-lhe um copo de água. 

Hanna pediu um tempo para se recompor.

Depois prometeu , farei tudo para que ele não perceba fique tranquila. 

Naquele momento Hanna decidiu que faria companhia a Andrey até o último momento de sua vida . Foi ao encontro dele. Ele não estava mais no local. Foi até a recepção e perguntou por ele, ninguém soube informar. Ela começou a procura-lo em volta sem sucesso.

Então foi em direção a trilha e começou a chama-lo. Já estava bem distante quando o viu sentado no tronco de uma árvore caída. Correu até lá , sentou-se ao seu lado perguntando se ele estava bem, e se pretendia fazer a caminhada sem ela? Ele sorriu e disse, bem que tentei mas não consegui, acabei cansando. Sentei aqui na esperança que uma linda mulher viesse me salvar destas dores e fraqueza.

Hanna sorriu levantou-se pegou a mão dele dizendo em tom de brincadeira. Acabou a moleza! Vamos embora, vou te mostrar uns lugares fantástico e esquecerá tudo isso. Ele se fez de forte e começou segui-la. Hanna sabia que logo ele se cansaria, então quando chegaram próximo de um riacho ela parou e o convidou a tomar água fresquinha. Quando Hanna abaixou-se para beber, ele jogou água para cima molhando toda sua roupa. Sorrindo Hanna devolveu a brincadeira... em minutos estavam ambos ensopados. Pareciam duas crianças. Naquele momento estavam tão felizes que esqueceram todos os problemas e toda aquela dor. Era um momento mágico para os dois. Repentinamente  Andrey ficou sério e disse. Hanna, quero propor-lhe um pacto. 

Estes momentos na sua companhia estão sendo tão bons! Você me alegra, me faz viver...Você se tornou muito importante para mim. Quero propor-lhe o seguinte...

Sei que você pretende ficar aqui uma semana, eu iria embora amanhã, mas mudei de ideia ...pensei em ficar mais um tempo. E te desafio a fazer-me companhia por mais trinta dias, seria possível? Quero uma aventura inesquecível para nós dois. Depois disso cada um seguirá seu rumo. O que acha? Hanna pensou que  seria uma despedida. E ele estava escolhendo passar seus últimos momentos de vida ao lado dela. Aceitou sem pensar.

Sabe que tudo que mais quer, é proporcionar a ele os melhores dias de sua vida . Percebeu que estava loucamente apaixonada e que sofreria muito quando ele se fosse... Só de pensar que a qualquer momento ele partiria, já deixava um imenso vazio no seu coração. Tudo entre eles aconteceu com muita intensidade, foi tudo muito rápido. Agora Hanna está diante de uma dolorosa situação. Hanna olha nos olhos de Andrey e diz, aceitei o desafio, mas terei de ligar para uma amiga substituir-me no trabalho. Andrey ficou muito emocionado, abraçou-a dizendo...

Você não tem ideia do quanto estou feliz, por um momento achei que não iria aceitar. Ela também se emocionou e naquele momento prometeu a si mesma que jamais ficaria triste. Viveria com Andrey a experiência amorosa mais fantástica de sua vida. O tempo já não importava, precisava ser e fazer ele feliz agora, em todos os momento daquela relação passageira. Hanna disse a Andrey, então é isso, vamos fazer valer a pena estes trinta dias, você promete? Andrey não respondeu... Puxou-a para si, acolheu-a entre os braços com carinho, e beijou sua boca de uma maneira que Hanna nunca havia sido beijada. Com a emoção a flor da pele e uma paixão ardente, incendiou os corpos de Andrey e Hanna que estavam decididos a não perderem um segundo se quer para serem felizes. Não perderam tempo e fazem amor ali mesmo, na beira do riacho. Caíram deitados exaustos, um ao lado do outro observando em silêncio as. gramínea que cobre a terra cheirosa e úmida. Trocaram olhares marotos e apaixonados. 

Andrey com os olhos cheio de lágrimas disse à Hanna. Porquê não te encontrei antes? Queria tanto ter sido feliz com você... Hanna beija sua boca para não continuar. 

Disse... Estamos sendo muito felizes aqui e agora, isso já é maravilhoso e o que realmente importa, não vamos lamentar o passado, vamos viver... e viver... Enquanto pudermos certo?

Não importa o tempo, apenas o hoje, o agora nosso amor será eternizado em nossos corações para sempre! Selaram mais este pacto e voltaram para o hotel cheios de energia e felizes Da janela Flávia os observava, ficou muito contente ao perceber que seu sobrinho escolheu ser feliz. O tempo que lhe restava não importava mais. Andrey se foi duas semanas depois, numa manhã ensolarada de domingo... Hanna segurava sua mão, enquanto tomavam o café da manhã na sacada do quarto, quando Hanna percebeu um fio de sangue escorrer da boca dele, parecendo não sentir dor ele a olhou, seu olhar estava calmo e sereno. Hanna entendeu que aquele era o último momento... Andrey  a olhou apaixonadamente e perguntou, você sabe que estou indo não é meu amor? Hanna segurou a emoção, e o beijou na boca com paixão. Respondeu sim meu amor, espere por mim...Qualquer hora chegarei lá. Continuaremos tudo que começamos aqui neste plano. Vá com Deus e não se esqueça de mim, você prometeu... Andrey fechou os olhos serenamente e partiu para eternidade.

Pérola Guimarães
Enviado por Pérola Guimarães em 16/04/2019
Reeditado em 16/04/2019
Código do texto: T6624937
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