A PANTERA NEGRA E A LEBRE BRANCA

Essa é uma história de amor que aconteceu em uma floresta muito distante onde viviam muitos animais. Dentre todos o mais temível predador era a pantera Negra. O animal vivia solitário, não gostava de ter amigos, nem tampouco tinha uma companheira.

Um dia, resolveu sair caçar. Ficou à espreita da sua presa, muito calmo, calculista se movia lentamente como se pisasse nas nuvens. Ficou parado por horas, quando ouviu um barulho de um galho quebrado. Caminhou lentamente, olhava atentamente para todos lados buscando encontrar seu próximo jantar.

Seguiu em direção ao som dos passos quando de repente se deparou com uma lebre. Mas, não era uma lebre qualquer... era branquinha como a neve, os olhinhos pretos como duas turmalinas negras... “Hoje meu dia de sorte” pensou a pantera.

Quando ele se preparou para o ataque seu corpo ficou rígido, ele não conseguia se mover, não entendia o que estava acontecendo com ele... ficou perplexo com seus próprios sentimentos... era apenas uma presa, seu alimento!

A pantera olhava para a lebre, ela o mirava assustada, quase estática, seus olhinhos estavam brilhantes, havia algo especial e diferente naquele animalzinho, era um entusiasmo que mexia com a pantera.... Algo inexplicável, uma sensação que ele nunca sentira....

Diante daquele sentimento a pantera resolveu ir embora, deixando para trás a linda lebre branca. Mas, caro leitor não se engane, a sensação deixada pelo encontro desses dois animais muito diferentes: a presa e o predador, não afetou apenas a pantera, algo mudara também a linda lebre branca.

A lebre retornou à sua toca meio aturdida, confusa com seus próprios sentimentos. Seus pais perceberam logo a mudança e perguntaram o que acontecera na floresta. A linda lebre branca respondeu: “eu tive um encontro incomum; eu encontrei uma linda pantera negra. Os pais ouvindo isso entraram em desespero. O pai foi logo falando: “minha filha, você tem ideia do risco que correu? As panteras são predadores cruéis e além do mais ela é uma pantera Negra, Negra! ” Dizendo isso, o pai a proibiu de ir à floresta sozinha.

A linda lebre estava proibida de sair da toca, mas o olhar da linda pantera negra não lhe saia do seu pensamento, mas não era só ela que estava apaixonada! Do outro lado da floresta, andando de um lado para outro, impaciente estava a pantera negra.

Passados uns dias, ambos enamorados não conseguiam mais conter a vontade de estarem juntos.... Mas eles tinham que romper com a longa tradição de casamentos entre espécies tão desiguais...

Um dia, a pantera negra acordou disposta a colocar um ponto final nessa angústia! Resolveu procurar a lebre branca, enfrentar a intolerância e hostilidade que ambos enfrentariam por serem de espécimes diferentes.

Quando resolveu ir ao encontro do seu amor a pantera negra partiu velozmente por entre as árvores da floresta, no entanto seus pensamentos estavam na dificuldade em enfrentar toda a sociedade de animais, ah, não seria uma tarefa fácil. Mas estava decidido. Dizia para si mesmo: “Irei enfrentar tudo e todos para ficar com a minha linda lebre branca”.

Quase perdido em seus devaneios, a pantera chegara ao outro lado da floresta. Todos os animais quando avistaram o lindo animal negro correram amedrontados. As mães recolhiam seus filhotes e gritavam histéricas: “Salvem-se quem puder! ” A pantera negra irá nos matar”.... Outros corriam, caiam, se enfiavam em suas tocas em busca de proteção.

A pantera vendo o corre-corre e toda agitação ficou parada com sua figura imponente e deu um grito: “PAREM TODOS! ” “Não irei caçar nem tampouco matar ninguém, vim conversar com a linda lebre branca”. Foi um assombro geral, todos espiavam curiosos esperando o desfecho da cena.

Após esse aviso, a lebre branca saiu de sua toca acompanhada de seus pais. Foram caminhando cautelosamente em direção ao majestoso animal. Chegando perto disse: “Nobre pantera negra, queres falar comigo, aqui estou”. A linda pantera se aproximou da lebre branca e disse: “Querida lebre branca, compreendo que somos animais de espécies diferentes; tu eres branca como dia, eu escuro como a noite, você a presa eu o predador, mas mesmo isso causando estranheza venho muito gentilmente pedir-lhe sua mão em casamento”.

Ouvindo tais palavras, a multidão se exaltou; uns aplaudiam outros injuriavam, achavam sacrilégio tal sentimento. Mas no meio daquele tumulto apareceu caminhando lentamente um velho Jabuti.

Com sua voz rouca e mansa adquirida pela sabedoria da idade disse: “caros animais da floresta, essa é uma data a ser comemorada”... após uma pausa continuou “Estamos diante da evolução, fomos criados para sermos felizes, não importando as raças, as cores e as espécies... E o amor verdadeiro e puro da linda pantera negra e da linda lebre branca vem selar essa verdade. ”

Moral: O verdadeiro amor vence qualquer discriminação e preconceito

CLAUDIACHIARION
Enviado por CLAUDIACHIARION em 12/06/2019
Reeditado em 29/06/2019
Código do texto: T6670755
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