O encontro

Era um verão esplêndido, com raios de sol que abraçavam as árvores e beijavam os sorrisos. Lembro-me claramente de despertar com o sol me dizendo "bom dia!". Em meus olhos já não existia mais dor nem tormentas, estava vendo a luz e isso me fazia inteira.

Estava radiante, pois em meu coração estava o amor. O amor pela vida, pelos caminhos que percorreria, e principalmente, pelo que me fez ver a vida de um jeito mais puro, meu amor. Estávamos noivos e a felicidade era estampada em nossos olhos.

O casamento já estava marcado, não queria esperar tanto tempo para poder dizer sim a vida. Lembro-me que era um lindo domingo azul, os pássaros cantavam no amanhecer e a melodia era lindamente harmoniosa.

O dia estava tão belo que resolvemos sair para passear e respirar o ar que nos esperava. Saímos saltitantes em caminho ao carro. A viagem era um pouco longa pois estávamos indo visitar nossos grandes amigos de longa data, mas essa longa viagem seria suficiente pra aproveitar o azul do céu.

Saímos então, colocamos nossa música. A melodia que estávamos a ouvir era de minha autoria, tinha dedicado a meu amor quando ele pediu a minha mão, era uma linda declaração.

Andamos, andamos e andamos. Precisamos parar para comprar água em um posto de gasolina. Era um posto distante e deserto no meio do caminho.

Descemos do carro, tudo estava tão calmo. Entramos no estabelecimento, compramos água e também uns chocolates, pagamos e esperamos o noticiário passar enquanto comíamos.

Chegaram outros clientes ao local, eu conversava com meu noivo sobre mudarmos de casa pois pensava em ser mãe. Foi quando ouvimos "isso é um assalto, passem tudo que vocês tem". Os assaltantes estavam armados. Foi como uma facada em meu coração. Fiquei muito nervosa. Meu noivo era mais calmo que eu e disse-me que tudo ficaria bem.

Os ladrões ameaçaram os donos do posto com as armas em suas cabeças, eu fiquei muito, muito nervosa. Eu só sabia chorar. O sol já estava indo embora, a noite já vinha abraçando o mundo. Meu noivo foi em direção a porta de entrada, segurou minha mão e disse que tudo ficaria bem, novamente.

Em um piscar de olhos eles atiraram na perna do dono da loja. Eu gritei o mais alto que podia. Rapidamente meu noivo me puxa pelas mãos correndo em direção ao carro. Os ladrões veem e correm atrás de nós. Enfim, conseguimos entrar no carro. Saímos depressa dali, mas para o nosso desespero os ladrões estavam vindo em um outro carro atrás, deram um tiro no pneu traseiro do nosso carro. Eles se aproximavam cada vez mais e mais em alta velocidade na estrada. Meu noivo corria o mais rápido que podia. Ele tentou desviar, mas... Na frente estava vindo um carro. Num piscar de olhos, ouvi gritos, mas não conseguia enxergar.

O carro bateu. Lembro-me de ouvir pessoas dizendo "a ambulância está chegando". Minha visão foi virando um clarão, até que, nada pude mais ver.

Depois disso, não lembro mais de nada. Entrei em um sono profundo, em um coma que parecia interminável. De alguma forma, sabia que estava no hospital, que meu noivo não tinha ferimentos graves.

Meu corpo estava ali, na cama do hospital, mas eu estava presa em um sonho, em um lugar escuro e vazio. Os dias passavam e pareciam infinitos anos. A tristeza e a angústia dominavam meu coração.

Um dia, o escuro já não existia, não existia dor, não existia alegria, nada ali existia. Só o meu espírito a vagar em um lugar inexistente. Meu coração em desespero chorava, gritava, mas ninguém conseguia ouvir. Em meio ao falecer de minha esperança, escuto alguém que me diz "tudo ficará bem, estou aqui com você". Era uma linda voz, senão, a mais bela que já ouvi. Não conhecia. Mas de alguma forma, sabia que o que dizia era verdade. Meu coração rapidamente palpitou novamente e meus olhos conseguiram enxergar.

Era um milagre. O tempo ia se passando, e todos os dias eu ouvia a mesma voz falando a mesma coisa "tudo ficará bem". Era aquilo o meu milagre, o que me fazia sentir viva. Até que um dia, ouvi uma linda melodia cantada. Era, definitivamente, a coisa mais linda que meus ouvidos já ouviram e que iriam um dia, ouvir. Era perfeito, meu corpo era aquecido pela música. Era algo realmente, celestial. Não sabia explicar, mas queria acima de tudo, sempre ouvir.

Passou-se o tempo, e todos os dias ouvia as mesmas coisas e parecia que era a primeira vez. Os arrepios passeavam pelo meu corpo. Até que um dia, não ouvi nada.

Meu coração caiu em profunda angústia. Onde estava a voz que me mantinha viva. De repente, abri os olhos, mas dessa vez, não só os olhos de meus sonhos. Vi a luz do sol pela primeira vez depois de muito, muito tempo. Vi também minha mãe, meu pai. Meu noivo. A felicidade tomou conta de mim. Os abracei tão fortemente, que meu corpo doía.

Eu estava viva! Conseguia abraçar, tocar, falar. A dor, a tristeza, simplesmente desapareceram. Descobri então, que o acidente me deixou em coma por seis meses. Meu noivo teve ferimentos leves, a batida tinha sido muito forte e entrei em coma na cama do hospital. Mas isso não importava, eu estava viva e podia abraçar aqueles que amava.

Me deram alta, com duas semanas. Fui para minha casa. Todos lá estavam. Eu estava, finalmente, novamente, feliz. Um ano se passou, e com os dias passando, chegou a data de meu casamento. Já estava tudo pronto. Faltava uma semana.

O casamento estava marcado para o domingo. Na quarta anterior ao domingo, me deitei como de costume, mas dessa vez... As coisas correram um pouco diferente. Eu sonhei. Tive um sonho ao qual não tenho explicação. Mas tinha certeza de uma coisa, a mesma voz que ouvia em meus sonhos quando estava em coma era a mesma que ouvia enquanto estava dormindo. Despertei. Tentei lembrar do sonho que tive... Mas a única coisa que lembrava e que de alguma forma escutava, era alguém me dizendo "estou te esperando". Como podia ser a mesma voz de meus sonhos? Eu fiquei perplexa.

Passou-se o dia, chegou a sexta feira. A lembrança daquele sonho estava me corroendo por dentro, não dormia direito, não comia, só conseguia pensar nisso. Eu pensei em me concentrar mais em meu casamento, pois só faltavam dois dias, mas nem para isso estava conseguindo.

Chegou o sábado, e com o sábado chegou um choro que não acabava. As lágrimas vinham sem pedir licença, mas, era um choro puro, sem maldade.

As pessoas diziam que era porque iria casar e que os sentidos e o emocional se afloram. Eu acreditei, até que, quando consegui adormecer, ouvi novamente "estou te esperando". Tive ali a certeza que se tratava de alguém que de alguma forma, conseguia falar comigo através do meu coração. Fiquei assustada, mas ao mesmo tempo sabia que não havia motivos para ter medo. Eu sentia, em minhas veias, que não podia casar, de alguma forma inexplicável, sentia e sabia disso.

Levantei-me, chamei meu noivo e pedi para conversar. Expliquei o acontecido, que não estava preparada ainda, que o acidente tinha sido de grande impacto para mim.

- Tudo bem, meu amor, nós adiamos o casamento para daqui seis meses. - disse ele.

- Não... Eu realmente não quero me casar agora. Preciso de um tempo sozinha para me concentrar em meus sentimentos e pensamentos.

- Mas estamos planejando isso desde que éramos apenas namorados!

- É, eu sei... Mas realmente preciso desse tempo.

Ele me compreendeu e disse que eu teria o tempo que precisasse. Então me preparei para passar uns dias no exterior na casa de uma tia de minha mãe.

No dia de viajar, abracei meus familiares, pois de alguma forma sabia que não voltaria tão cedo. Embarquei no avião. Fui para Portugal. Quando cheguei lá minha tia Flor estava de braços abertos a minha espera, conversamos, tomamos chá de erva doce, ao qual era o preferido dela. A noite chegou, e com ela o sono.

Nos despedimos, fui para o quarto que iria ficar, era um lugar aconchegante e perfumado, característico de minha tia. Nesse quarto tinha uma janela no teto, e pude passar horas a admirar o céu. Até que peguei no sono.

O dia amanheceu. Acordei e levantei-me. Tomei café da manhã com Flor, e disse-lhe que havia de sair para procurar emprego.

- Tenho de sair agora, mas logo voltarei. Vou tentar um emprego por aqui.

- Certo, minha filha. Boa sorte. Volte logo pois hoje o jantar será sopa, sei que gostas muito.

Realmente amava sopa e estava entusiasmada com o jantar. Dei-lhe um abraço e sai. Estava um pouco frio, mas segui jornada. Parei em uma loja de livros que ficava próximo a praça de colombo, era uma loja simples mas, atrativa. Entrei e olhei alguns livros. O vendedor era um rapaz. Dei-lhe "-oi!", e ele respondeu-me. Olhei alguns livros, mas logo sai.

Sentei-me em um banco, e pedi um café na cafeteira ao lado. E questionei-me : - o que estou a fazer de verdade?

Não tive respostas, então voltei para casa. Da esquina dava para sentir o cheirinho da sopa de tia Flor, era uma das melhores! Entrei, fui ao meu quarto, tomei um bom banho quente na banheira e desci.

A mesa de jantar já estava posta, e minha tia estava sentada a mesa com um lindo vestido amarelo que dei-lhe de presente.

- Gostou do vestido? - Perguntei-lhe.

- Eu amei! Sabes que amo o amarelo pois me lembra o sol, e o sol me lembra teu tio que os meus dias alegrava.

Meu tio Romeu tinha falecido a dois anos...

- Você sente muito a falta dele, não é?

- Eu não saberia dizer-te se a saudade seria palavra e sentimento suficiente pra dizer o que realmente sinto. Imagine ficar sem o seu chão e o seu céu...

Com aquelas palavras que respondeu-me, não respondeu só aquela pergunta, mas a pergunta que me fiz mais cedo. Eu não estava procurando emprego, tampouco algum livro para ler, estava procurando a voz de meus sonhos.

- Jamais deixe de buscar seus sonhos e seus amores, por mais difíceis e longe que estejam.

Naquele momento, me emocionei profundamente, mas tentei não demonstrar. Flor olhou-me e sorriu. Apenas isso. Foi o suficiente pra saber que ela sabia sobre meu coração, de alguma forma.

Sentamos a mesa e tomamos a sopa enquanto conversávamos. A sopa estava maravilhosa.

Conversamos e conversamos, por horas, até que o sono veio e fomos deitar.

Abracei minha tia e disse-lhe que ficaria com ela o tempo que ela quisesse. Fui para meu quarto, deitei-me e observei, novamente, as estrelas. Com a resposta de minha pergunta, decidi então que participaria de várias palestras beneficentes e de auto ajuda que aconteciam em um ginásio a dois quarteirões de minha casa, pois pensava "quanto mais pessoas, mais possibilidades".

É. Eu sei que você deve estar achando que sou louca. Mas qual a loucura que não te torna sã?

Logo amanheceu, e com o dia que chegava eu partia em busca de meu objetivo. Cheguei no ginásio e procurei um lugar na frente para me sentar. Outras pessoas chegavam, até que o lugar estava lotado. O palestrante chegou e se apresentou. E então a palestra começou. Foi ótima, mas, infelizmente, não encontrei o que procurava... Mas é claro que não! O mundo tem bilhões e bilhões de pessoas, tola era eu que achava que iria encontrar em uma sala minúscula comparada ao mundo. Terminou e fui para casa, mas não perdi o ânimo. Os dias passaram-se, as palestras aconteciam todos os sábados e todos os sábados eu estava lá.

Se passou um ano... E então disse a minha tia que iria viajar para visitar uma amiga no México. Era sábado e embarquei novamente no avião. Cheguei em meu destino. No aeroporto, vi pessoas de todas as nacionalidades possíveis, era tanta gente que me encantei. No fundo, avistei minha amiga, Maria. Corri em direção a ela e dei-lhe um abraço apertado de saudades. Conversamos muito naquela tarde, relembramos nossa infância e nossas brincadeiras.

- É, o tempo não volta e dele sentimos saudades. Mas é tão bom rever você! Senti tanto a sua falta nesses anos! - Disse-lhe afagando-a em meu abraço.

- Sim, eu também senti muito a sua falta. Lembrei de nós todos os dias, nossas brincadeiras puras e ingênuas. Você sempre irá morar em meu peito, minha amiga!

Passou-se a tarde e chegou a noite, fomos para sua casa, jantamos pizza e fomos dormir.

Eu, de coração, pedi ajuda a Deus:

- Deus, ajuda-me a encontrar aquele que me fez companhia em meus sonhos, só assim, meu coração estará completo. Não importa, se ele será meu amigo, meu companheiro ou somente um estranho, quero agradecê-lo por comigo ter ficado.

Pedi com toda fé que em meu coração tinha, e esperava de coração que minha prece, fosse ao menos, ouvida. Peguei no sono enquanto ouvia músicas. Acordei e tomei café da manhã com Maria, as manhãs eram sempre assim, de muita conversa e café quentinho. Já as noites eram silenciosas e vazias, mas tudo bem, nem todos os dias eram bons...

Saia todos os dias em busca de ouvir a voz, mas a cada dia que se passava, mais difícil ficava e mais desanimada me sentia. Os dias foram assim, e a visita na casa de minha amiga virou morada. Passou-se dois anos desde que vim para cá. Minha tia ligava-me e pedia para voltar, mas sabia que lá não encontraria. Decidi então voltar ao Brasil, pois meu coração saudoso estava.

Despedi de minha amiga, e embarquei de volta ao Brasil.

Do Brasil senti falta do calor, quando desci do avião, o calor me abraçou e me senti, de volta, em casa. Avistei minha irmã que me esperava.

- Estou aqui! - Gritei.

- Ah, aí está você! Quantas saudades eu senti!

Nos abraçamos fortemente. Já era noite e então fomos para casa. Revi meus familiares que por mim esperavam. Foi uma noite e tanto. Fui me deitar e adormeci rapidamente, pois estava cansada. Os dias passavam, todos os dias eu saia por lugares movimentados para ver se encontrava, mas sempre era em vão... E assim passaram-se os anos, longos, longos 7 anos, com todos os dias eu saindo para procurar. Nesse tempo comecei a trabalhar de atendente, então ouvia e atendia pessoas todos os dias... Eu sabia que seria impossível encontrar essa voz no meio da multidão, mas de alguma forma tinha a certeza que isso aconteceria, um dia.

Minhas férias chegaram, e como de costume, eu escolhi um lugar para ir conhecer. Todas as outras vezes levava comigo minha irmã ou meu sobrinho, ao todo foram sete viagens nos sete anos que fiquei no Brasil. Visitamos a Espanha, os EUA, Orlando, e alguns lugares nacionais que não tínhamos conhecido ainda. Dessa vez, eu decidi ir sozinha para um lugar que sempre quis conhecer, Moscou. Decidi ir sozinha porque queria pensar e refletir se ainda valeria a pena viver procurando alguém que nunca, aparentemente, nunca iria achar. Chegou o dia da viagem, 19 de novembro de 1987. Estava animada e pensativa, mas esperançosa em assim como tive uma resposta para começar, teria um motivo para, enfim, terminar. Embarquei e pensei durante toda a viagem naquilo, que a minha tia, agora já falecida me disse "nunca desista de seus sonhos por mais difíceis que sejam". Isso era o que me motivava a creditar.

Cheguei em Moscou e me hospedei em um hotel. Como estava sozinha fui direto para a banheira de água quente, coloquei uma música e entrei.

Com o relaxamento acabei adormecendo. Tive um sonho, um sonho um pouco peculiar, mas absurdamente lindo. Vi minha tia Flor e o meu tio Romeu, num lindo rio, brincando como crianças e amando-se como amantes. Foi uma das coisas mais linda que já vi, apesar de ser só um sonho. Acordei e tive a certeza de que, eles nunca se separaram, pois o amor que sentiam um pelo outro ia além de qualquer explicação física.

Era algo lindo, sei que foi Flor tentando me dizer que estava tudo bem, pois quando a visitei criamos um laço forte de amizade ao qual não tínhamos. Eu me senti feliz, pela primeira vez em anos.

Resolvi então ir dar um passeio na praça vermelha, ao qual um dos meus maiores sonhos era conhecer. Ao caminho, fui refletindo. Milhões de pensamentos passavam pela minha cabeça, o silêncio que habitava meu coração era ensurdecedor e chegava a doer.

Eu jamais iria desistir de achar a voz que tanto procurava, mas que, a partir de agora, não iria sair como saia antes, pois o trabalho e as caminhadas diárias já estavam me esgotando.

Caminhei um pouco pela praça. Cantarolei uma música, e cada vez mais deixava em mim habitar o pensamento de que o amor, mesmo da forma mais difícil, haverá de um dia me encontrar. A noite já chegava, e se aproximava uma tempestade. Apressei-me para voltar, mas a chuva caiu antes que chegasse. Nas ruas solitárias de Moscou, deixei-me ser banhada pelo choro do céu, com o pensamento de que aquela chuva lavaria meu coração.

Sentia os pingos de chuva caírem e descerem pelo meu rosto, uma água límpida e fria. A chuva ficou mais e mais forte. Comecei a andar mais rápido em busca de algum abrigo, mas não achava, todas as portas estavam fechadas. A tempestade chegou, a chuva que era serena e calma se tornou um grande choro de dor.

Estava com muito, muito frio. Jurei, por um momento, que aquela tempestade me deixaria muito mal. Com os olhos semi abertos por causa da forte água, cheguei a um lugar que as casas já eram mais raras, era uma rua realmente, solitária. Não estava mais aguentando o frio e bati na porta da primeira casa que vi, ninguém veio.

Bati também nas portas das outras casas, mas também, ninguém veio. Fui me abrigar em baixo da árvore. A chuva permanecia forte. Foi quando vi um rapaz se aproximando também, em busca de abrigo, eu tinha dois casados grandes.

- Pegue este casaco para tentar se proteger, ele pode ajudar! - disse-lhe gentilmente.

Ele olhou para mim e pegou o casaco, o frio estava cada vez mais forte, a chuva já estava passando. Meu corpo estava tão gelado que comecei a tremer muito. O rapaz que estava ao meu lado percebeu, e com isso, me abraçou. Assim que ele me abraçou, senti um calor em meu corpo e em meu coração, parecia que o frio foi mandado embora e agora vinha um afagar quente. Abracei de volta o rapaz, para poder também o esquentar. Ficamos ali, abraçados e parados no meio da chuva e da neblina por minutos. Minutos que pareciam anos... Não pelo demorar do tempo, mas pela intensidade do afago que parecia querer ser dado. Foi então, que serenamente, ouvi uma doce voz.

- Finalmente te encontrei! - Dizia aquele moço entrelaçado em meu abraço.

Meu coração palpitou forte e meu corpo paralisou, era ele! Era dele a voz que procurei por 10 anos, era dele a voz que me acariciou em meus sonhos... Eu só sabia pensar "é ele". A felicidade tomou conta de mim. Aquele abraço foi o mais intenso que já pude ter. Foi então que percebi que todo o sentimento que já tinha sentido, que achava que era amor, na verdade, comparado ao que sentia, não era nada. Você deve estar se perguntando como diabos eu sabia que era amor. E a resposta é simples, eu não sabia. A única coisa que sabia era que aquela voz esteve presente comigo mesmo sem nunca ter estado ao meu lado, que me protegeu sem nunca me tocar e que me cuidou sem nunca ter me abraçado. O amor não se vê, é um sentimento puro e bondoso, e que uma hora ou outra, nos encontra.

E então eu disse:

- Eu também te encontrei.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 12/06/2019
Código do texto: T6670779
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.