Ele & Ela (Parte II)
Ele...
Chegou o dia de patrãozinho ir para São Paulo. Vai estudar para ser doutor. Desde que soube, essa dor não me abandona. Sentirei saudades de imaginar os horários da sua rotina, também não terei motivo para cantar no meio do dia... Amélia disse que ele só volta depois de cinco anos e "casado"... Ela fez uma pausa e olhou para mim arqueando as sobrancelhas quando disse "casado". Não sei se ela já percebeu alguma coisa em meu olhar... Também não me importo. Estou imersa na minha tristeza e o que eu posso fazer agora é preparar um doce para a sua despedida.
Trago meu lencinho bordado de lírios junto ao peito. Lágrimas furtivas podem atrapalhar no cozimento do doce e acabar por desandá-lo...
Encontrei flores num copinho ao lado do fogão. Coisa de João que pediu minha mão em casamento mas queria mesmo era o meu coração.
***
Ela...
Jeremias põe as malas na carroça, logo mais o trem sairá da velha estação. Levarei saudades dessa serra, do cheiro do café e dos olhos de Ana.
Finjo que não percebo quando ela me espreita. Gosto tanto do seu jeito de menina... Sua voz embala os meus sonhos mais impossíveis e seus doces, ela os prepara como preparava minha mãe.
Não terei em São Paulo a chance de conhecer alguém como Ana. Minha vida mudará para sempre depois da faculdade. Quando voltar, talvez Ana não mais esteja mais por aqui... mal sabe ela que estará lá na cidade grande também, viverá por muito tempo em meus pensamentos e nos recônditos do meu coração.
Ah, ela não viu que deixou cair seu lencinho. Vou, em segredo, levá-lo de lembrança. Será parte do meu relicário. É tão simples mas traz um lindo bordado. Lírios delicados como as mãos dessa moça, que me tocou a alma desde o primeiro dia em que a vi.
Ele...
Chegou o dia de patrãozinho ir para São Paulo. Vai estudar para ser doutor. Desde que soube, essa dor não me abandona. Sentirei saudades de imaginar os horários da sua rotina, também não terei motivo para cantar no meio do dia... Amélia disse que ele só volta depois de cinco anos e "casado"... Ela fez uma pausa e olhou para mim arqueando as sobrancelhas quando disse "casado". Não sei se ela já percebeu alguma coisa em meu olhar... Também não me importo. Estou imersa na minha tristeza e o que eu posso fazer agora é preparar um doce para a sua despedida.
Trago meu lencinho bordado de lírios junto ao peito. Lágrimas furtivas podem atrapalhar no cozimento do doce e acabar por desandá-lo...
Encontrei flores num copinho ao lado do fogão. Coisa de João que pediu minha mão em casamento mas queria mesmo era o meu coração.
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Ela...
Jeremias põe as malas na carroça, logo mais o trem sairá da velha estação. Levarei saudades dessa serra, do cheiro do café e dos olhos de Ana.
Finjo que não percebo quando ela me espreita. Gosto tanto do seu jeito de menina... Sua voz embala os meus sonhos mais impossíveis e seus doces, ela os prepara como preparava minha mãe.
Não terei em São Paulo a chance de conhecer alguém como Ana. Minha vida mudará para sempre depois da faculdade. Quando voltar, talvez Ana não mais esteja mais por aqui... mal sabe ela que estará lá na cidade grande também, viverá por muito tempo em meus pensamentos e nos recônditos do meu coração.
Ah, ela não viu que deixou cair seu lencinho. Vou, em segredo, levá-lo de lembrança. Será parte do meu relicário. É tão simples mas traz um lindo bordado. Lírios delicados como as mãos dessa moça, que me tocou a alma desde o primeiro dia em que a vi.