Meu arrependimento favorito

Dez anos se passaram, uma década que nunca mais o virá, sumira nas poeira das dores dos términos! Bem que ela o procurará em cada rua, cada esquina, cada bar que eles frequentaram. Mas NUNCA ligou ou mandou qualquer mensagem por nenhuma rede social. Queria que o acaso os colocasse cara a cara, porém o destino inapto como ele só esqueceu-se deles. Nada, só um deserto, deserto de tudo, nada dele ficará, somente aquele cheiro que a fazia acordar cheia de uma mágoa tão dilacerada que parecia nunca passaria. Mas passou e aos poucos, ela se transformou em outra pessoa. Quando ele foi embora tinha 40 anos, filhos no final da adolescência, muito trabalho e quilos acima do peso. Amores a encontraram, mas nunca mais se apaixonou, ele ficará tatuado como marca malfeita que olhamos com desgosto, mas não conseguimos retirar. Ela dizia para todos: minhas paixões são meu deserto emocional. Até que um dia o acaso quis que se encontrassem: era uma festa de aniversário de uma amiga num bar que eles frequentavam muito. Ela nunca mais forá lá, depois que desistiu de procurá-lo, nunca mais frequentara qualquer um dos lugares que iam juntos.

Nem cogitou a hipótese de encontrá-lo, por isso foi muito tranquila. Estava dançando e rindo com as amigas quando uma delas lhe chamou atenção para um homem que estava olhando muito para ela. Virou rindo e o enxergou: lindo, grisalho e sorrindo para ela, parou de sorrir na hora e ficou olhando fixamente para ele com mágoa. Uma mágoa que podia congelar aquele ambiente alegre e dançante.Pegou a bolsa sem falar com ninguém para ir embora, mas antes de chegar ao caixa, ele estava na sua frente. Ele falou com a voz meio rouca talvez de emoção ou quem sabe: " você é meu arrependimento favorito "!

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 13/04/2020
Reeditado em 14/12/2021
Código do texto: T6916155
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