Carolina com seu olhar verde e longo...

Carolina chegou e sentou na banqueta do bar, não havia mesas vazias. Loira, cabelos cacheados, ela circulava na indefinição das idades de mulheres que ficam entre os quarenta e os cinquenta anos. Tinha um corpo delicado e sinuoso por um vestido longo e leve de verão que mostrava uma rosa rubra tatuada bem ao meio das costas bronzeadas. Possuía uma boca carnuda desenhada de um vermelho carmim, chamava atenção. Lançou um olhar verde e longo ao garçom, pediu com sua voz grave: “um uísque Cowboy, por favor”.Ela o esperava a quatro uísques e quarenta minutos com os olhos colados no relógio. Não o queria mais, marcará o encontro naquele bar para ter a coragem de falar. Ensaiava as palavras em sua mente para mostrar certeza de que quando dissesse alguma, não titubearia perante os olhos de silêncio e pouco amor-próprio de Bruno. Começaria assim: o sol já não brilha quando surges, o teu corpo me pesa chumbo e não uma pluma que me suaviza, a tua voz me soa farsesca e não mais uma melodia aos meus ouvidos, os teus beijos me sufocam não mais de amor, mas de uma ânsia dantesca de fim, não sou feliz nem sou infeliz contigo, isso me destrói por dentro, quero as histórias no fulgor da anoitecer, somente me dás o abandono, contigo sinto-me como um veleiro estragado num porto qualquer. Então, esqueça! Esqueça-me, pois nada podes me dar além do teu desamparo tumultuado nas noites silenciosas e insones

27/04/ 2020

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 28/04/2020
Reeditado em 04/12/2021
Código do texto: T6931156
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