CRIANÇAS DIALOGAM COM UM CORONAVÍRUS

Este ano de 2020, vem trazendo, para todos os seres humanos, uma série de tremendas dificuldades e nefastos sofrimentos. Assim, todos os países, sem exceção, dos mais pobres aos mais ricos, têm sofrido, de forma contumaz, nas suas estruturas sanitárias e de saúde, por conta de um vírus que vem acoimando a todos, chamado de COVID-19, ou, de forma mais popular, CORONAVÍRUS.

Assim, este maléfico vírus, além de ter trazido sérias implicações para os sistemas de saúde de cada país, trouxe, também, imensos distúrbios para as economias espalhadas pelo planeta, trazendo o desemprego e a escassez, fenômenos econômicos que carregam em seus bojos a fome e a miséria para muitos.

Os governantes do planeta, em sua maioria, foram pegos de surpresa, pois não dispunham de fortes sistemas de saúde, dotados de condições específicas para atenderem a todos os infectados pelo brutal vírus. Assim, ganhando tempo em busca da eficácia de seus sistemas de saúde para se chegar ao sucesso no atendimento dos infectados, as autoridades têm recorrido do fenômeno da quarentena, onde de forma cruel e desumana, obrigam às pessoas ao isolamento, sendo, assim, usurpado o direito sagrado e constitucional de ir e vir das mesmas em seu solo pátrio, sob a alegação de que tal confinamento responsabilizar-se-á pela contenção do avanço da pandemia.

É oportuno ressaltar, que tais quarentenas têm sido defendidas pelas autoridades sanitárias, mas, também, são, fortemente, combatidas por muitos especialistas em infectologia, com nomes, inclusive, mundialmente reconhecidos, pois estes alegam que só servem para trazer outros tipos de doenças, sobretudo, de cunhos emocional e psíquico, e que não têm demonstrado, então, pelo mundo afora, grande eficácia no combate ao vírus, mas que, comprovadamente, possuem grande poder em trazerem distúrbios às economias da maioria dos países que às adotaram.

Diante de tudo, os cidadãos comuns, sem sombra de dúvidas, têm sofrido muito com a presença do infausto vírus, ficando, muitas vezes, sem saber em quem acreditar ao se depararem com uma porção de informações espalhadas, pela mídia oficial e pelas redes sociais, quase sempre de formas conflitantes.

Até as crianças, que apesar de serem protegidas com o manto da inocência, são perturbadas, muitas vezes, psicologicamente, sobretudo, com a existência das quarentenas. Daí, escutar-se, com grande frequência, das bocas inocentes, afirmações, tais como:

- Mamãe! Se eu ver um corona, eu dou uma chinelada nele.

- Esse corona é um chato que não deixa a gente sair de casa ... se eu encontrar ele, eu prendo ele.

- Papai! Você que é policial e sabe prender os bandidos, por que você não prende esse coronavírus ruim e chato?

- Mamãe! Por que esse Governador chato e maldoso pode andar por todo o canto e a gente não pode?

Vivendo, então, neste cenário, Marina, apesar de sua pouca idade, era, também, fiel reclamadora e combatente do coronavírus e, principalmente, da quarentena malvada, pois viu-se, de uma hora para outra, impedida de fazer seus passeios de bicicleta, com as suas amigas, em um parque próximo ao apartamento em que morava. Na realidade, ela, como as demais crianças de sua idade, sofriam, bastante, com a quarentena e isto, certamente, a maltratava psicologicamente.

Certo dia, Marina deu grande trabalho para adormecer à noite, fugindo, assim, da sua normalidade, mas teve, no entanto, um interessante sonho, que foi, realmente, uma especial revelação sobre a situação em que todos estavam vivendo.

Assim, em seu sonho, estava ela, e seus primos, Albertinho e Diego, na casa de praia dos avós, passando um final de semana, e, numa determinada hora do dia, saíram para brincar à beira-mar. No caminho de acesso à praia, ao passarem por um matagal, a menina viu um pequeno ser chorando copiosamente, debaixo de uma pequena árvore, sentado em uma pedra, e, imediatamente, saiu de perto dos primos e dirigiu-se em sua direção.

- Má! Volte logo aqui, isso é um coronavírus... eu tenho certeza que é um, mas não sabia que eles podiam ser visto assim – falou, bruscamente, Albertinho, o seu primo mais velho.

A menina, prontamente, atendeu ao primo de maior idade, e por sinal, o seu maior ídolo, parando, então, e ficando bastante assombrada com a sua afirmação.

Assim, as crianças, com grande cautela, aproximaram-se da criaturinha verde, com um corpinho, cuja pele identificava-se a de um maxixe, que chorava de forma abundante.

Marina, sem noção de qualquer perigo que aquele ser poderia vir a lhe causar, dirigiu-lhe, de forma atrevida, a palavra:

- Quem é você e por que está chorando tanto?

- Eu sou um coronavírus e choro porque estou triste por conta do trabalho que a nossa raça tem feito no seu planeta. Eu não gosto de fazer mal a ninguém, mas, eu e meus irmãos, somos obrigados a maltratar as pessoas – o pequeno ser respondeu, mas com a voz entrecortada por conta do acesso de choro.

Fez uma pausa, passou as pequenas mãos ao rosto, e continuou:

- Por favor, não cheguem muito perto de mim, pois sou bastante contagioso e não quero fazer mal a nenhum de vocês.

Albertinho, como o mais velho das três crianças, estava segurando as mãos da prima e do irmão, objetivando impedi-los de chegar mais próximo do pequeno ser, mas continuava, de forma séria, a encará-lo. No entanto, apesar de todo o nervosismo que o dominava, expressou-se:

- Você vem de onde? E por que anda contaminando as pessoas, levando, muitas vezes, estas à morte e trazendo muito sofrimento aos outros, que por sorte não morreram?

- Nós viemos do Universo e estamos a serviço de Deus – respondeu o pequeno ser, já com o choro controlado.

- Como é que é, cara? Você quer dizer que você, e sua raça, têm parte com Deus? Era só esta que me faltava. Na Igreja, aprendi que Deus é bom e não quer o mal de ninguém e você me vem com uma afirmação desta. Veja bem: você, e sua gente, vêm maltratando todo o mundo, aqui no nosso planeta, e tu me vem com uma conversa sem lógica desta, querendo dar uma de bonzinho – explodiu Albertinho, um pouco descontrolado e fora, então, do seu normal de ser.

- Calma, Alberto! Deixa o cara explicar-se. Depois, você diz que eu é que sou o ignorante e grosso – obtemperou Dieguinho.

- Continue a falar, meu bichinho! Ele é muito bonitinho, não é Albertinho? – Expressou-se Mamá, dando vazão a sua inocência, e com grande empolgação.

O ser, já bastante controlado, emocionalmente, continuou, então, no seu relato:

- Eu consegui fugir dos outros e me esconder aqui porque eu queria entrar em contato com alguém da espécie de vocês, e que fosse criança como eu, porque os adultos, nem sempre, dão ouvidos ao que nós, crianças, falamos. O coronavírus encarou os meninos e prosseguiu:

- Eu já falei para os meus pais, que não gosto disso que a gente tem feito com o povo de vocês, mas eles nem me escutaram direito. Disseram, apenas, que o meu trabalho, e o deles, era para o bem de todos e que esta terra tinha que passar por tudo isto para que seus habitantes consigam evoluir espiritualmente. Fez uma pausa e, em seguida, falou:

- Tudo o que se está passando, aqui neste planeta, é preciso para que as pessoas possam aprender a dar mais valor aos seus semelhantes e, assim, comecem a despertar para o exercício do amor, abandonando o excessivo apego às coisas materiais. Eles disseram que todos tem que deixar a luxúria, que eu nem sei o que é isso, e passarem a dar mais valor às coisas divinas.

- Mas por que temos que estar sofrendo para melhorar. Eu não estou entendo isso, Alberto! – falou Dieguinho, com a cabecinha cheia de dúvidas.

- Eu também não entendo isso direito, meu amiguinho, mas dizem que o que temos de fazer é contaminar vocês para as coisas mudarem aqui na Terra – respondeu o vírus.

- Saia debaixo dessa planta e venha ficar mais perto de nós – falou Marina, praticamente, alheia a tudo aquilo.

- Não posso, querida! O sol quente não é bom pra gente. Com muito sol a gente morre rápido.

- Como é seu nome? – perguntou Marina. E, em seguida, falou:

- Se você quiser, eu levo você para a casa de meu avô e eu vou cuidar de você e você pode ser amiguinho de Lola, a cachorrinha de meu tio, que é minha amiguinha, também, e é muito bonitinha como você. Você vai adorar. Vamos pra lá!

- Não, Mamá... é este o seu nome, não é? Eu não posso, pois só nos é dado o direito de trabalhar. Eu sou, ainda, criança, sou pequenininho como você, mas sou diferente de vocês – expressou-se o vírus. Fez uma pausa, esboçou, pela primeira vez, um sorriso, e continuou:

- Vocês são feitos para viver em coletividade, e através da convivência, trocando experiências, uns com outros, cheguem a evoluir moral e espiritualmente. Nós somos, no entanto, seres criados para ter vida curta e para, apenas, cumprir a missão de impedir a vida em coletividade, para que, com isso, vocês sintam falta desta, por certo tempo, e aprendam, então, a viver, quando passar o surto, em coletivamente, mas dando valor a vida nas práticas da caridade e do amor.

- A gente sabe disso, meu amigo. E não sei nem se devo chamar você de amigo, dado que é um dos responsáveis, também, por praticar toda essa ruindade com a humanidade – desabafou Albertinho.

- Tá, Alberto! O cara tá fazendo o trabalho dele e ordem é ordem, não é? – Dieguinho, tentou apaziguar o diálogo, mais uma vez.

- Alberto, talvez você não esteja entendendo agora tudo isto que está passando em teu planeta, mas um dia você vai entender. Só sei te dizer que a Terra tem que passar por tudo isto para que as pessoas daqui melhorem em termos morais, ou seja, cheguem a evoluir. Pelo menos, é isto que eu tenho escutado no meu meio.

- Alberto ... vamos dar uma chance ao cara. Vamos acreditar no cara, meu.

- Claro! Vamos levar ele pra casa de meu avô – expressou-se Marina, animadamente, dando, assim, completa razão a Dieguinho.

- Não, nada disso. Ele não vai para lugar algum com a gente. Nós vamos é acabar com ele agora mesmo, pois só assim ele não vai contaminar mais ninguém – Albertinho, quis encerrar, abruptamente, o diálogo, mas Diego e Marina foram unânimes em defender o coronavírus:

- Não, Albertinho. Isso, não!

- Albertinho! Fica tranquilo que eu não vou fazer mal nenhum a vocês. Se eu pudesse, eu ficaria acompanhando vocês para defendê-los do ataque de alguém da minha raça, mas, infelizmente, eu não posso. Quis só conversar um pouco com vocês para saber como vocês são – falou, humildemente, o vírus. Encarou, mais uma vez, os meninos e voltou a expressar-se:

- Você não tem ideia, Albertinho, do esforço que estou fazendo para estar aqui materializado, de forma que seja visto, para estar conversando com vocês agora.

- E você é, então, um espírito? – perguntou Albertinho.

- Não, eu sou invisível e estou trabalhando para melhorar o que está invisível em você, e nos outros da sua espécie, que é o seu espírito. Eu estou ajudando para que o espírito de todos evolua e comece a despertar para a prática do amor, pois sem caridade e amor não existe evolução e sem esta ninguém atinge o reino de Deus. Lembre-se de que o ser humano só chega mais perto de Deus através da dor e do sofrimento – o pequeno ser respondeu a interpelação do garoto, deu um sorriso, pela segunda vez, e continuou a sua falação:

- O nosso Mestre Jesus, um dia falou: “De que serve ao homem, conquistar o mundo inteiro se perder a alma”. Assim, meninos, nós viemos para estimular, através da dor e do sofrimento, a prática da caridade e do amor, entre vocês da Terra, para que não percam a alma para a ilusão das coisas materiais do mundo e passem a valorizar mais o amor entre as pessoas.

O pequeno ser, já bastante sereno e calmo, e, aos poucos, estava conquistando, em especial, a atenção e a admiração de Albertinho, que, inicialmente, tinha apresentado uma tremenda barreira ao diálogo com ele. E este prosseguiu:

- O nosso Mestre Jesus, falou, ainda, há cerca de 2000 anos, em uma de suas Bem-Aventuranças: “Bem-Aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”. Então, meus queridos, está no Evangelho de Jesus que esta Terra um dia teria que passar por muitos sofrimentos para que as pessoas evoluam e cheguem a ser mansos para terem direito à Terra, que passará a ser um planeta ditoso, repleto, então, só de mansos cheios de amor.

Àquela altura do diálogo, os meninos estavam encantados com as palavras do pequeno ser. Até o Albertinho já estava até querendo se aproximar dele.

- Não! Não venham pra perto de mim – alertou, bruscamente, o corona e, em seguida, disse:

- Foi ótimo conhecer vocês, mas já está na hora de voltar para a minha vida, para o meu mundo. Ah! Se eu pudesse ficar junto de vocês os protegendo. Fez uma pausa, deu, pela terceira vez, outro sorriso e continuou:

- Se pararmos para pensar na situação em que estamos vivendo, não se pode, na verdade, nem pensar nisto, pois, se assim eu procedesse, estaria quebrando as regras divinas e não estaria sendo bom para vocês, pois estaria prejudicando-os nas vossas evoluções.

- Fica tranquilo, amigo! Eu agora entendi o que você falou, inicialmente, e gostei bastante de te conhecer. Foi muito legal, mesmo – expressou-se, de forma emocionada, Albertinho.

- Fica mais um pouquinho com a gente. Foi muito bom falar com você. Ninguém vai acreditar quando a gente contar tudo isto – Dieguinho fez, também, seu comentário, demonstrando sinal de tristeza, diante da partida do vírus.

- Por favor, Albertinho! Não deixa ele ir embora não. Vamos levar ele pra casa de vovô, que eu cuido dele e da Lola – comentou Mamá, querendo chorar.

O corona, também, bastante emocionado, dirigiu-se, finalmente, às três crianças:

- De todo coração, adorei vocês. Se eu pudesse Mamá, iria, com certeza, morar com vocês e conhecer a Lola, mas, infelizmente, não posso, pois o meu mundo é outro. Vou embora, portanto, e só tenho a dizer para vocês, que não se desesperem, mantenham a calma de seus parentes e digam a eles que está bem perto de toda a nossa geração dar a vida para que a vida feliz de todos vocês da Terra seja alcançada.

Tenham a certeza de que se eu puder, voltarei a falar, novamente, com vocês. Que a paz de Deus fique com vocês. Beijos.

O pequeno ser, de repente, desapareceu e Mamá e Dieguinho passaram, desta feita, a chorar copiosamente e Albertinho, apesar de bastante triste, encontrou forças e passou a acalentá-los na volta para casa do avô.

Roberto Vieira
Enviado por Roberto Vieira em 01/07/2020
Reeditado em 26/07/2020
Código do texto: T6993057
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