The Love Between Us: 36- Pesadelo

Caminhando por uma grama avistei uma mesa farta com todos os meus amigos e minha família. Eles estavam felizes sorrindo, conversado. Uma mão segurou a minha, Tom estava radiante com o Arthur no colo. Nós íamos em direção a mesa quando escutei o Slash latindo, então um vermelho sangue começou a tomar conta da paisagem. Eu estava sozinha com uma angústia apetando meu peito.

Segurando o corpo gelado do Arthur, eu ouvia vozes repetindo que merecia sofrer; devia sofrer.

“Tantas vezes dizendo não querer o filho.”

“Agora foi castigada!”

“Bem feito.”

Gargalhadas ensurdecedoras invadiam meus ouvidos, estouravam meu tímpanos e, assim, acordei suada como se tivesse acabado de me jogar na piscina.

Eram três e meia, dormi menos de uma hora. Só precisaria levantar as oito, pois teria uma campanha de adoção no abrigo, Tom havia mandado uma mensagem, mas preferi ignorar. Tomei uns comprimidos e voltei a dormir.

Ainda não havia chegado muitas pessoas na campanha de adoção, até que a Heather apareceu e com apenas um post no instagram, ela conseguiu encher o lugar com possíveis adotantes.

Sua presença foi uma surpresa pra mim, mas mesmo assim foi bem-vinda a sua ação pra ajudar na adoção. Com o excesso de pessoas, algumas começaram a me reconhecer, sendo assim, as ofensas também se deram início. Uns me chamavam de adultera, outros exemplificavam o quanto magoei o Tom e muitos me culpavam pela morte do Arthur. Ao me apontarem o dedo, sobre como fui incapaz de ir no enterro do meu próprio filho, como logo em seguida fugi com outro deixando um Tom desconsolado sendo obrigado a lidar com o luto e a dor de corno, uma das minhas colegas me levou para a parte de trás do estacionamento, pois era o único lugar vazio naquele momento.

Ela saiu para pegar uma água, uma vez sozinha ali naquele lugar a minha mente perigosamente viajava por um passado não muito distante. Meu coração acelerou, minhas mãos tremiam, o ar parecia mais difícil de respirar e acabei me agachando encostada em um carro. Eu estava desesperadamente tentando controlar a minha respiração, assim como li em um blog, quando duas mão repousaram nos meus joelhos.

-Você não está sozinha. – Disse Heather. – Logo isso vai passar. Respira comigo contando até quatro.

Segui o fluxo da respiração dela contando até quatro ao inspirar e repetindo a contagem ao expirar. Fui acalmando aos poucos, ela decidiu me pedir algumas listas: primeiro cinco coisas que podia ver, depois quatro coisas que podia tocar, então três sons que conseguia ouvir, dois cheiros que podia identificar e, por fim, uma coisa que podia sentir o sabor.

-Obrigada. Falei, ao terminar a lista.

-Vem comigo. – Fomos para um café próximo. – Pedi dois chás. – Ela disse, ao sentar na minha frente. – Há quanto tempo você tem isso?

-Desde a morte do Arthur.

-Você já tentou tratar em terapia?

-Tentei terapia por algum tempo, mas o cara não era lá muito profissional.

-O que quer dizer?

-Como soube o que fazer?

-Minha mãe costumava ter esses ataques o tempo todo. Posso te indicar alguns terapeutas se quiser.

-Por que está fazendo isso? Por que está me ajudando?

-Esses profissionais também podem te auxiliar com esse teu problema em confiar nas pessoas. Megan, parte do que você está passando é culpa minha.

-Não é...

Heather me interrompeu contando como ela se vingou de mim ao distribuir mentiras ao meu respeito pelas redes sociais. Como se por minha culpa, o Tom e ela tivessem terminado culminando em todo o sofrimento dele pela perda do filho. Eu tentei sentir raiva dela, mas a essa altura do campeonato já não tinha mais importância de qualquer forma.

Contei a respeito do meu encontro da meia-noite no tal flat, a tentativa de pagamento e a mensagem que não continha um pedido de desculpas, apenas afirmava ter sido uma má interpretação minha.

-Que táxi ia aceitar me levar por cinco quarteirões? – Bradejei inconformada. – Aquela vizinhança nem é ruim.

-Parece ainda estar bravo por aquele beijo, a fuga, o término... Vocês dois deviam conversar, não apenas transar. Vai vê-lo novamente?

A resposta era extremamente óbvia, por isso apenas me mantive calada. Heather se mostrou uma pessoa bem divertida, passamos a tarde juntas, consegui entender melhor como tanta gente acabava arriando os quatro pneus por essa mulher.

Enfim, meia-noite lá estava eu novamente na porta daquele maldito flat. Mais uma vez não teve qualquer conversa, apenas nos olhamos e transamos por horas. Não sei bem se pelo estresse do dia, mas acabei dormindo imediatamente.

Meu sono inicialmente tranquilo foi mais uma vez interrompido pelo mesmo pesadelo de antes. Acordei não apenas suando, mas com o coração acelerando e mãos trêmulas. Corri para o banheiro, pois senti que teria outro ataque. Tom, que dormia do meu lado, acordou com o barulho da porta.

-Megan? Você está bem?

-S-sim... Só u-um m-minuto.

O medo, o desespero, não me deixava tomar o controle de mim mesma. Por alguma razão idiota achei que ir pra casa seria a melhor solução. Molhei o rosto, coloquei o cabelo para frente, peguei uma toalha e saí me enxugando. Catei umas roupas, porém a tontura me alcançou, eu caí entre a cama e a parede tremendo mais que vara verde. Mal conseguia ouvir as palavras do Tom, meu coração batia bruscamente, minha visão escurecia e o medo me inundava.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 07/09/2020
Código do texto: T7057575
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