PARA SEMPRE - dedicado aos amigos recantistas Lucas Louis Grauthier e Cecilia Davila
 

Cecília e Lucas eram o casal mais desencontrado do mundo, se conheciam desde muito pequenos, suas famílias moravam na mesma vila, brincavam juntos sempre separados, vocês devem estar pensando assim...esta narradora deve ser louca...como brincavam juntos sempre separados? Vou explicar...

Enquanto Cecília dava vários mergulhos na piscina, Lucas tendo pavor de água ria do lado de fora deitado num boia sobre a lajota do piso. Se estavam brincando no balanço, Lucas ia bem alto como se um pássaro fosse, Cecília por sua vez, se balançava sem que os seus pezinhos se afastassem muito do chão. Correndo no pega pega junto com os colegas, Cecília 'gritava' baixinho com risos tímidos, já Lucas era esfuziante, gargalhava, falava alto, uma alegria que contagiava todos a sua volta.

Resumindo a trajetória de amizade fiel, amorosa e 'dissonante', assim seguiram por toda a adolescência, se formaram na mesma Universidade, Lucas cursou Medicina se especializando em Neurologia e Cecília optou por Biologia Marinha. Estavam sempre em contato virtual um com o outro, compartilhando dúvidas, alegrias, amores e vitórias, inclusive as decepções do coração. O que eles não haviam percebido ainda, era que buscavam no outro o que já tinham. Nenhum rapaz era perfeito para Cecília pois não tinham medo de água, a alegria contagiante, os ouvidos serenos e o ombro de Lucas. Para Lucas, as moças com as quais já tinha se relacionado, não eram amorosas, um tantinho tímidas, doces e meio sereias dentro d'água como Cecília, se amavam por toda a vida e ainda não tinham se dado conta disso. Era tão fácil perceber nos olhares entre eles o quanto se gostavam. Seus pais só não entendiam, como o destino ainda não tinha arrematado as linhas da vida dos dois, pois o alinhavo, nós e laços já vinham sendo dados há tempos. Talvez precisassem de um empurrãozinho, que veio num fim de tarde na praia, naqueles raros instantes de folga dos dois.

Num dos mergulhos de Cecília, observados da areia por Lucas, Cecília fica com o pé preso entre pedras, então, grita pedindo ajuda, as ondas batem forte, a praia é um pouco afastada e meio deserta. Lucas se desespera com o perigo que ela corre, esquece o medo d'água e vai a encontro de Cecília e com muito custo consegue soltá-la, mas, quase se afoga, foi por pouco. Como Cecília nadava bem demais, ajudando Lucas ambos saíram do mar apenas com alguma água nos pulmões, pequenos arranhões e muita gratidão a Deus por suas vidas. A segurança morna da areia, trouxe à tona o óbvio que eles viviam e não conseguiam enxergar, não poderiam ter suas escovas de dentes em casas separadas, tampouco suas fotos em molduras distantes, o que dirá que seus lábios só convivessem com as suas faces. Um beijo previsto nos anais bem arrematados do destino, selou um amor tão grande do tipo...PARA SEMPRE!


 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 27/11/2020
Código do texto: T7122096
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