A Amante

O Começo da História.

Fiquei assustado quando olhei pela janela e a vi, nua… linda.

Morena, cabelos pretos ondulados, não dava pra ver a cor dos seus olhos, Mas, seja qual fosse não mudaria em nada a sua beleza.

Horrivel era ver seu rosto amedrontado de pavor, frente ao homem, branco, barba bem feita, aparentando certa beleza, apesar dos cabelos meio grisalhos, o que devia ser parte do seu charme, porte semi atlético. O que mostrava ser frequentador de academia, portando uma arma que apontava pra a deusa e gritando palavras inaldiveis, pela distancia, mas que demonstrava raiva e furor.

Não sei se ele queria apenas amedronta-la, mas ela conseguiu correr, abriu a porta e fugiu, ele devia estar semi nu, porque demorou muito a aparecer saindo pela porta atra dela.

Imediatamente eu sai correndo da sala em que estava, cheguei a porta no exato momento em que a deusa nua e desesperada, também aparecia na porta do prédio, no outro lado da rua. Ao me ver ela gritou por socorro, atravessou a rua e me abraçando desesperada pedindo que a ajudasse. Sem saber muito o que fazer, a levei pra dentro do prédio, que estava completamente vazio naquele momento, abrindo a porta do elevador, empurrei-a para dentro no exato momento em que o homem saia pela porta e corria atravessando a rua.

Subi com ela até o décimo andar, tirei o meu casaco e cobri sua nudez. Saimos do elevador e olhei no visor e vi que ele estava subindo pelo outro elevador e já estava no sexto andar, descemos dois andares pela escada, e imaginando que ele deveria estar chegando ao décimo, entrei com ela novamente no elevador e descemos para o terreo.

Perguntei onde ela morava e ela disse que era no prédio em frente, aonde estava com o namorado.

- Vamos lá então, voce precisa se vestir. Eu disse.

- Não! Ele pode voltar e me matar.

- Acho que não deve voltar aqui, mas voce sobe e pega o que precisar, rápido. Eu ficarei aqui vigiando.

Ela foi e desceu vestida com um vestido simples, com uma mala e uma bolsa.

- Podemos ir. Ela falou.

Entramos em meu meu carro, que estava estacionado no prédio em frente de onde haviamos saído.

- Pra onde quer que te leve. Perguntei?

- Na verdade não tenho para onde ir, eu moro naquele prédio, e agora que não posso voltar pra lá, eu não sei... Estou assustada e nem consigo pensar direito, me leve a um hotel qualquer, longe daqui. Por favor!

- Olha, eu moro não muito longe daqui, vou te levar para minha casa, se concordar, ainda é cedo. Voce poderá descansar e pensar melhor no que fazer. O que diz?

- sim, claro! Eu agradeço muito. Voce nem me conhece e estar me ajudando, não se ve mais essas coisas.

Chegamos em minha casa, perguntei se ela queria tomar um banho e ela aceitou. Enquanto tomava o banho, preparei uma macarronada, uma das minhas especialidades, uma salada e suco de laranja.

Ela comeu com gosto, estava mesmo com fome.

Sentamos no sofá da sala e enquanto tomavamos uma taça de vinho, perguntei se ela gostaria de se abrir, me contando sua história.

A História

Meu nome é Mariangela, meu pai me chamava de anjinha e esse acabou se tornando meu apelido.

Eu sou garota de programa, ou é o que me eu deveria ser.

Tenho 26 anos e quando tinha 12 perdi o meu pai, 2 anos depois minha mãe conheceu um homem e depois de algum tempo juntos se casou com ele.

No começo ele era muito bom pra mim, me tratava super bem, me dava muitos presentes, doces, tudo o que eu pedia ele me dava, e as vezes até tinha problemas com minha mãe por causa disso. Ela reclamava que ele vazia muito a minha vontade.

Mesmo sendo muito bonita, nunca me interessei por nenhum rapaz, nem da escola e nem do meu bairro. E não me pergunte porque não sei.

Quando fiz 15 anos, meu padrastro me deu uma bicicleta de presente e nos levou em uma viagem que foi maravilhosa, foi a primeira vez que fui a praia, fiquei encantada, com o mar, a areia, as pessoas. Nunca havia visto tanta gente bonita assim, e alguns rapazes me olhavam muito, eu nem percebi, não tinha a maldade normal das meninas da minha idade, mas meu padrastro brigou por eu me mostrar muito, que meu biquini era muito pequeno e que estava conversando demais com pessoas desconhecidas, a volta pra casa foi ruim, pois fiquei muito chateada, princilpalmente com a minha mãe que concordou com ele em tudo.

Mas passou.

A triste História.

Mas isso que contei foi só o começo das coisas horríveis que me aconteceria.

Porque a partir desse dia ele não me deixou mais em paz.

Começou implicando com minhas roupas, mas nunca falava pra mim, era sempre pra minha mãe.

- Ângela! (esse é o nome da minha mãe) Essa menina esta usando roupas muito curtas, voce não acha?

- Angela! Essa menina não deveria usar esses shortinhos, chama muito a atenção, voce não vê?

- Angela! Essas amizades da Anja vão acabar atrapalhando os estudos dela, voce deveria falar com ela.

- Angela! Acho melhor tirar essa menina dessa escola, voce não acha muito longe?

Minha mãe, sem perceber estava fazendo tudo que ele falava e tornando minha vida um inferno. Eu já não suportava, e no começo era uma pequena discussão, que foi se tornando mais forte e constante.

Ele também começou a me espionar quando saia do banho de toalha, ou tomava banho de mangueira no quintal, que eu adorava. Até que teve um dia que minha mãe brigou violentamente comigo, perguntando se eu não tinha vergonaha na cara de ficar me mostrando e me insinuando pra ele. Com certeza foi ele que buzinou isso no ouvido dela. A partir dai comecei a levar a roupa pro banheiro pra não ficar de toalha na frente dele. E parei de tomar banho no quintal.

Até que o dia em que ele, se aproveitando que minha mãe ia demorar a chegar do trabalho, entrou no meu quarto. Eu estava deitada na minha cama, lendo um livro. Ele sentou na minha cama e começou a falar, uma conversa mole, de que se preocupava comigo, que gostava muito de mim, e falando colocou a mão na minha perna, falando e subindo a mão, foi se aproximando do meu rosto para me beijar, eu sabia que ele ia fazer isso, mas de tão assustada e surpresa, não consegui reagir.

Quando ele me beijou, forçando a lingua na minha boca, confesso que consenti, e abrindo a boca senti seu beijo quente.

Confesso também que gostei, já que só havia sido beijada poucas vezes, senti uma mistura de nojo e raiva por estar gostando.

Seu beijo era diferente e bom, beijo de homem, mas quando ele começou a subir as mãos pela minha perna e me tocou, me assustei e gritei. Sentei na cama e o empurrei, ele tentou me segurar, mas chutei seu estomago com as duas pernas, ele se levantou e saiu sentindo dor.

Depois ele me pediu desculpas e tudo melhorou.

Mas ele estava apenas mudando de tática, um dia saímos todos pra lanchar e pedi pra beber um copo de cerveja, mamãe não deixou, mas ele me ofereceu e bebi alguns copos. Em casa, minha mãe entrou pro quarto, antes de eu entrar ele me deu um beijo na boca, sorriu e disse boa noite.

Isso aconteceu muitas vezes, e o pior, eu gostava.

Os beijos foram ficando constantes, as caricias foram se intensificando e acabou acontecendo.

Até que não aguentei mais, estava arrependida, com raiva de mim, com nojo dele e decidi dar um fim.

Ele não aceitou e disse que contaria tudo a minha mãe e foi saindo do quarto, eu fui atraz dele e gritei: – Espere ai seu safado mentiroso...

Foi esse exato momento que minha mãe chegou, e foi o que ela ouviu.

- O que esta acontecendo aqui? Ela falou

Ele ouvindo a minha mãe gritou pra mim.

- Me deixa em paz sua cadela! Safada é voce que não respeita sua mãe e nem a sua casa. Suma daqui agora, saia dessa casa já!

Minha mãe me olhava assustada, eu a fiquei de boca aberta, sem reação.

O que fiz foi voltar pro meu quarto e trancar a porta, nem conseguia chorar, de tanta raiva.

Ouvi a porta do quarto da minha mãe bater, e depois de quase uma hora ouvi a porta se abrir e minha mãe bateu na porta do meu quarto.

- Mariangela! (minha mãe quase nunca me chamava assim) voce ouviu o que seu padrastro disse, não da pra voce continuar morando nessa casa conosco depois de tudo isso. Amanhã mesmo ligo pra sua tia,e voce vai morar com ela.

- Mãe! A senhora vai acreditar nesse mentiroso? Eu sou sua filha!

- E dai que é minha filha? Eu que não vou deixar voce estragar a minha felicidade. Pensa que não tenho notado a maneira como voce tem se portado. Andando pela casa quase pelada, voce acha que o homem é de ferro? Se voce se comportasse isso não teria acontecido e se eu não tomar providencia vai acabar acontecendo, com ele ou com outro, e isso eu não vou permitir. Já me decidi, vai dormir... boa noite!

Voce pode imaginar como eu me senti? O mundo acabou pra mim. Chorei como nunca havia chorado em minha vida.

Mas, quando derramei todas as lágrimas que existia em mim, tomei uma decisão. Eu não iria pra casa de nenhum parente pra ser olhada como uma filha maldita, eu mesma iria tomar conta da minha vida.

Liguei pra uma antiga amiga de infância do bairro e que estava a alguns anos morando aqui de S. Paulo, a pesar de ela ter ido embora, mantinhamos contato constante e ainda eramos muito amigas.

Ela atendeu e depois de ter contado parte da história, ela disse que eu poderia ir pra seu apartamento, perguntou se eu tinha dinheiro, respondi que sim, eu tinha uma boa graninha guardada. Ela me disse que assim que chegasse na rodoviária, ligasse que ela me passaria o endereço, ou me buscaria. Arrumei minhas coisas, tudo o que pude carregar e fui embora. Não deixei bilhete e nem onde poderia estar. Uma mãe que faz o que a minha fez, não merecia saber mais nada. Ela, meu padrastro e aquela cidade acabava de morrer pra mim.

Começando Uma Nova História

Minha amiga Adriana me recebeu muito bem em seu apartamento, não era grande, mas era muito bem arrumado, 2 quartos, sala cozinha e banheiro.

O que seria o meu quarto era bem pequeno, uma cama e um ropeiro de 4 portas, mas era melhor do eu esperava.

- Olha amiga! Ela falou. Vou abrir o jogo pra voce, eu faço faculdade e sou garota de progama, faço isso pra pagar a Facu e viver. O preço médio do programa é de 250,00 a 350,00, mas tem noite que da pra faturar muito mais que isso e sem fazer praticamente nada. Só para participar de festas, mas isso não é sempre, e é a agencia que te procura. Mas eu não sou de agência, Tenho meus contatos.

- Mas eu não quero ser garota de programa não amiga! Quero arranjar um emprego e estudar.

- Tudo bem, calma… Eu sei. Voce pode ficar aqui o tempo que quiser, até conseguir um emprego. E mesmo depois, eu nunca trago ninguem pra cá. Meu lar é pra eu descansar. Só estou te contando pra depois você não dizer que te escondi, minha história é talvez igual a sua, vim sem dinheiro e tive que me virar pra viver, uma amiga me ajudou e agora estou ajudando você, é assim que funciona, e quero que entenda isso. Somos amigas e devemos proteger e nos ajudar sempre. Tem muita gente ruim neste mundo, mas podemos ser diferentes. Entende?

Passaram-se alguns meses e eu nada conseguira, não tinha nenhuma experiência, ainda jovem, apenas 21 anos e sem conhecer ninguem, ficava dificil conseguir lugar para trabalhar, enfim consegui em uma lojinha do bairro, ganhava muito pouco, mas já ajudava. Com 4 meses trabalhando o dono começou a me assediar, até que pérdi a paciencia, mandei ele se ferrar e sai e nem olhei pra traz.

Um dia, estava triste e desanimada, então minha amiga me chamou pra ir a uma festa com ela, o acompanhante dela a chamou e ela pediu pra me levar junto e ele aceitou. Era uma festa bacana, cheia de gente importante. Mulheres lindas e muito elegantes, homens bem vestidos, todos aparentando importantes.

Eu estava tranquila, em um canto sozinha, quando ele se aproximou de mim, me comprimentou e começamos a conversar. Ele era muito bonito, inteligente e educado, me chamou pra dançar e voltamos a conversar, acabei tomando umas taças de champagne e como não estava acostumada, logo me alegrei, ele me chamou pra sairmos da festa. Saimos e ele foi direto pra um motel, nunca havia estado em um, e esse era lindo. Foi para mim a minha primeira vez de verdade, porque com o meu padrasto eu queria esquecer.

Ao sair no outro dia pela manhã, ele me deu um beijo na testa, falou que ia deixar um dinheiro pro taxi e que eu podia dormir até mais tarde, que a portaria iria me servir o café e chamar um taxi pra me levar pra casa.

Dormir até as 10.

Sai dali muito feliz, ele havia deixado um cheque de mil reais e 150 em notas, era mais do que eu ganhava na lojinha por mês.

- Amiga! Ele pensou que era um programa, e que você merecia mais que o normal, talvez porque sentiu que você era novata, pra te ajudar... Mas é isso que ele pensou, pode ter certeza. Ele vai voltar a te procurar, talvez na semana que vem.

A reação da minha amiga me deixou chocada, eu não era uma garota de programa, sai com ele porque gostei dele, ele foi gentil, educado e me encantou. Imaginei-me namorada e não um programa.

Na semana seguinte ele me procurou, saímos novamente e começamos a sair regularmente.

Ele morava na capital e viajava sempre, mas nos víamos quase toda semana, pelo menos uma vez.

Ele então me propôs ser meu único, o que era mesmo, e me pagar um valor mensal pra eu me manter, me mandou alugar um apartamento pra morar e pra poder nos ver, o que imediatamente aceitei. Estava indo tudo muito bem, até hoje, na hora que me pediu nem casamento e eu recusei.

E agora estou aqui, perdida, não posso voltar pro Ap. da minha amiga, porque ele sabe onde é, estou sem saber o que fazer.

- Bem! Você não esta perdida, pode ficar aqui o tempo que precisar e quiser, enquanto resolve o que fazer. Este apartamento é meu, eu as vezes tenho que viajar a trabalho, e você pode ficar e cuidar de tudo pra mim. Ser minha secretária, eu posso te pagar um salario, se aceitar.

_ Claro! Será meu primeiro emprego de verdade, eu aceito sim. Você é um anjo que apareceu na minha vida. Eu só tenho que agradecer.

_ Ela me passou os braços pelo meu pescoço e me abraçou, beijou minha boca, e disse “Obrigado”!

Passei meus braços pela sua cintura e a puxei pra mim.

_ Não precisa agradecer, será um imenso prazer.

_ Ela sorriu e disse “sim! sera com muito prazer” e me beijou outra vez...

FIM

Antonio Candido Nascimento
Enviado por Antonio Candido Nascimento em 06/05/2021
Código do texto: T7249523
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