VIA DUPLA

O sol havia surgido no horizonte há alguns minutos. Sentado em rochas cristalinas, resistentes como o verdadeiro amor, Albert apreciava a foz do Rio Jaboatão, em Barra de Jangada. Do ouro lado a "Ilha do amor". O amor, o primeiro amor, caminhos que se dispersaram como as águas do rio. Pensando no primeiro amor ele pensava como seria reencontrá-la?

Frêmitos incontáveis tomaram seu corpo, o medo era o grande algoz. Como ela o veria envelhecido após quase trinta anos?

O mar se tornara espelho iluminado pelo sol, pedindo para ser apreciado. Naquele instante mãos suaves cobriram seus olhos,

Quem poderia ser? O cheiro, mesmo com o vento ao contrário, tomou sua memória e como um perfumista sentiu a fragrância da adolescência. O que é a vida senão uma estrada de via dupla? Os que vão voltam.

Marcela, o seu primeiro amor, estava ali com o mesmo sorriso, um meio sorriso que dizia quase tudo. Abraçaram-se sentindo que o tempo não é capaz de mudar a essência de cada um. Toques suaves antecederam as lembranças. Foi encanto, o cenário favorecia. Marcela e Albert agora seguiam iluminados pelo sol.