Solstício Musical

Indiferente aos caminhos tomados pelos integrantes, a banda foi formada no final dos anos 70; e em 1979 foram para o estúdio lançar o "New Acres"; disco folk/prog de primeira qualidade. O som limpo e resiliente dos fulanos nos remete aos tempos imemoriais, épocas em que se parava para ouvir o mugido do gado; para observar ninhada de pintos esgaravatando o solo à procura de alimento; sabiás, pássaros-pretos e bem-te-vis apareciam nas janelas das casas trinando o desjejum; o trigal florescido na planície, dobrava ao ser acariciado pelos ventos; prenunciando abundância de pão nas mesas e o homem simples de nascença, alimentava-se do bucolismo do campo. Tudo conspirava simplicidade e encanto, e à tarde uma voz feminina melodiosa cantava o fechamento de mais um dia laborioso. A obra solitária produzida por tais bandas possui esse perfume nupcial; e enquanto não havia mais respostas plausíveis para as perguntas supremas da vida, elas não davam por encerrado as faixas do disco. Faziam música pelo apreço de fazer música; e enquanto faziam, ouviam o solstício do sol que cobre o verão e o inverno de música. E ao equalizar as energias, o equinócio da paz descia sobre todas as estações do ano. A música para esse trupe de beneditinos angelicais, eram horizontes tomados pela harmonia e as estações dos anos recitais de melodias.

A música é atemporal e no momento oportuno acariciará os tímpanos e acalentará a criança perdida na rudeza dos tempos; mas para isto, terá que haver plateia, ouvidos, berço e sensibilidade para a música que rompeu, desafiou as barreiras do som.

© obvious: http://obviousmag.org/ministerio_das_letras/2017/04/plagio-do-jetro-tull.html#ixzz4dNIEXOq8

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Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 05/04/2017
Reeditado em 05/04/2017
Código do texto: T5961903
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