GAUÇA X TIJOLO

Quando entrei nas pistas de Prado, como são chamadas as corridas de cavalos nas periferias das cidades, tão neófito como proprietário era meu tratador de cavalo, manelzinho, é meus irmãos, manelzinho um rústico ruricola meu compradre, conhecia muito mais de caçador de peba, do que o trato com equinos para corrida. Ele na neofita função de treinador tratou de comprar um cavalo para tal evento, e comprou um cavalo branco muito grande e com as pernas imensas, que logo ficou conhecido como garça.

-- como está o cavalo compadre? pergunta eu

-- ta que é um gauça! respondia Manoel.

Enquanto éramos neófitos, o concorrente se aliou com os preás, uma família que morava no pé da Serra, quase que uns ciganos, que eram perito em corridas de cavalos e a manipulação dos resultados. Tinham domínio dos joqueis e das bolas- aparelho usado para determinar os ganhadores. Colocaram o nome do cavalo que ia correr contra o gauça (assim o manelzinho pronunciava) de tijolo, numa jogada de marqueteiros (os preás ), para dizer que o cavalo deles era ruim e pesado, alguém já viu um tijolo correndo? No dia da corrida, cangati ficou lotada, de ponta à ponta, vei gente de muito longe, foi um festa. Tijolo ganhou com vário corpos de vantagem, diria 20, e o jóquei ainda ficou frescando em pé dando beijinho para as meninas. Ai fui reclamar com manelzinho.

-- mas compadre, você num disse que o cavalo era uma garça?

-- disse sim compadre! Você não viu ele pulando na raia como uma gauça? Gauça não corre, pula.

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Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 27/06/2017
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