Porto Solidão

Mini conto

Porto Solidão

Ando a ermo, vagamundo, solitário, recluso em mim...! Encontro-me num recinto, num retiro, sei lá...! Talvez um monte uma ilha não sei bem onde estou, muito menos, pra onde vou...! Sei que estou à deriva, a deriva, de mim mesmo...! Admirado, espantado...! Observo ao longe, uma pequena embarcação, um cruzeiro, talvez um navio cargueiro ou apenas, simples miragem...! Mas não...! Sei que é real é real...! Vejo uma embarcação cruzando altos mares, singrando por revoltas ondas, do oceânico azul marinho...! Ansioso e no anseio de alguém, encontrar... sei que há nessa embarcação, um capitão um comandante a navegar. E eu ali, apreensivo, sonolento, vago em obscuros e absortos pensamentos, sem razão ou sentimentos...! A embarcação fora sumindo, sumindo... aumentando meu sofrer, dilacerando um coração, já sem vontade, de viver...! Sou mero, pobre desgraçado um náufrago, nesse porto solidão...! Help, S. O. S, Socorro...! Nada sei nada consigo...! Saltitante, acenando, gritando, gesticulando...! Essa já se fora, perdi meu resgate, sumira a embarcação, mais um dia, outro dia, a noite logo vem...! Estou fraco, cansando... sou escravo de mim mesmo, vivendo sonhos em açoites. Tudo certo, tudo bem...! Amanha é outro dia, nova embarcação, aguardarei...! Se não vier em alto mar, que venha em sonhos, ou alado como anjos. Desprenda a tranca, libere esse elo, liberte-se do ego, e venha me amar...! Destrua sem dó, sem piedade o Píer deste “Porto Solidão”.

Adilson Tinoco

AdilsonTinoco
Enviado por AdilsonTinoco em 26/04/2018
Código do texto: T6319516
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