A VIAGEM DE IVONET ATÉ ARACATI parte 1

O Coronel Ivonet não confiava nem na própria sombra, era um homem muito calado, sempre com uma pulga atrás da orelha, desde o tempo dos levantes dos macacos, na Serra do Estevão, que ele foi traído pelo seu melhor amigo que ele tinha ficado gato escaldado, não fosse a chegada do major Simplício à época, ele não estaria mais entre os mortais. Major Simplício, se lembrava o Coronel, aquilo sim era um homem de verdade, um verdadeiro amigo, pena que fosse habitante de outro delta, o delta do Parnaíba, umas cem léguas de distância do delta do Jaguaribe, onde o Coronel mantinha seu poder territorial, que tinha conquistado com o Príncipe João Felipe na época da academia Militar, na praia da Urca, na capital do país. Naquela tarde de sábado ele estava para concluir seu mortiço e sinistro plano sobre seu filho, seu único filho homem, seu herdeiro no seu pequeno Império do território da província do Aracati. Além do filho ele tinha mais quatro filhas mulheres, mas sua atenção era toda pro menino. Às vezes passava de meses com ele na mata, sem ninguém saber, nem mesmo sua mulher Josefina, conhecia ou sabia como era o relacionamento do coronel com seu filho. Naquele dia, ele tinha tudo orquestrado em sua mente, iria até a sede da província, mais precisamente na bodega do português, onde tomaria ums tragos de cachaça e colocaria seu plano em curso. Ele sairia 9 horas da manhã, chegava em Aracati as 12 horas, passava duas horas orquestrando o plano e voltava para o Castelo do Jaguaribe, chegando na boca da noite. Ele ia com seis capangas, um ajudante e o batedor, o índio. Iam três capangas na frente da tropa e três atrás, o coronel no meio com o seu ajudante chamado George, que cuidava da parte administrativa da vida do coronel, cuidava dos cavalos, da alimentação e água para a tropa, bem como cozinhava se preciso fosse, além das roupas e armamentos de todos. Sempre George andava em uma burra filha de égua, e tinha outra burra irmã carregando as tralhas dos viajantes, tais como barracas, comidas e bebidas, se a viajem fosse mais longa levava três burras repletas de mantimentos. O índio era o batedor do grupo, quase sempre não estava junto da tropa, sempre ia na frente, pelas beiras das estradas, para detectar qualquer emboscada, pois o Coronel tinha muitos inimigos. As viagens nunca eram anunciadas e sempre todos eram chamados em cima da hora, naquele sábado não foi diferente.

A VIAGEM DE IVONET ATÉ ARACATI / parte 1

Fred Coelho

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 26/04/2018
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