O CORONEL IVONET É A VIAGEM PARA ARACATI parte 2

O Coronel ia montado em Maribondo, um cavalo alazão destemido, não tinha medo de nada, nem cobra, nem tiro, nem pancada, nem qualquer criação de Deus, se fosse para saltar a cerca ele saltava, se fosse para pular uma vala, ele pulava, assim era Maribondo, um cavalo sem medo, que combinava e muito com seu cavalheiro, o Coronel Ivonet. Joli era um cachorro misturado com um cachorro que tinha vindo da Alemanha, com uma cadela nativa, que sempre acompanhava o Coronel nas suas jornadas. Era muito útil ao coronel, pois ao menor sinal de perigo ele atento já anunciava e assim o Coronel era avisado com antecedência ao perigo, que sempre estava rondando por perto. A viajem até Aracati foi normal, sem paradas, nem para beber água. Antes de entrar na cidade o Coronel recebeu o sinal do índio que estava tudo bem, era um assobio tipo uma juriti, pois para cada comunicação tinha um assobio diferente. O índio nunca entrava na cidade, ele ficava sempre rondando a mesma, mas se houvesse qualquer movimentação estranha, ele já se comunicava com o Coronel, que tomava as providências necessárias. O Coronel chegou no bar do português e entrou acompanhado do George, fez um leve comprimento pegando na aba do chapéu para todos e foi se sentar na mesa que sempre estava reservada para o Coronel, era um mesa no fim da bodega, onde o Coronel podia ver todo o estabelecimento e seus movimentos. Passando por algumas mesas o Coronel só falava pouco, dizia

--dia, e balançava a cabeça

O que era respondido por todos.

-- bom dia Coronel.

De la, do fundo da mesa ele gritava pro português

-- bebida para todos, é por minha conta

E todos ficavam contentes.

O português era a pessoa que mais fofoca fazia na província, e notícia de todas as espécies era sua especialidade, disso o Coronel sabia. Sabia e fazia parte do plano.

O Coronel chegou, mandou George se afastar e chamou o português para falar com ele.

-- amigo português, vê sentar aqui e me fazer um pouco de companhia

-- é uma honra Coronel

O português já foi gritando para sua mulher

-- Rosinha, fiques aí à tomar conta do balcão que vou fazer companhia ao amigo Coronel Ivonet.

-- pois pois. Respondeu Rosinha

O português sentou e o Coronel ficou calado, calado e com cara triste. O português colocou uma pinga pro Coronel, pediu umas seriguelas pra Rosinha, um tora de queijo de coalho e serviu o Coronel. O Coronel bebê uma bicada, chupou uma seriguela, comeu um pedaço de queijo e continuou calado. O português vendo o Coronel calado e triste foi logo ao assunto.

-- o amigo sabes bem que não gosto de me meter na vida de ninguém, principalmente em se tratando do senhor, mas o amigo não está com a cara muito boa hoje

-- o senhor notou?

-- é coronel, notei.....

-- é que, bem, não quero encomodar o amigo com meus problemas......então

-- não não não, não tem problema não, o amigo pode falar..

-- é que...............é um assunto particular

-- o amigo pode falar, o que aqui for dito, aqui ficará, minha boca é um túmulo

-- sei,sei

-- pois diga amigo

-- o problema é meu filho

-- o menino está doente?

-- não direi que sejas uma doença

-- e o que seria?

-- vou diteto ao assunto, estou com esse peso dentro de mim faz tempo

-- hum, continue - falou o português já muoto interessado

-- bem amigo, eu tenho que desabafar, o amigo me conhece faz tempo, sabes o quanto luto para tornar meu filho um homem, um homem como eu e seu avô, que o senhor mês conheceu, num conheceu?

-- conheci e muoto vosso pai, aquilo sim era homem valente, má cal que uma jararaca.

-- pois é amigo, pó é, mas com meu filho a coisa e diferente, o menino parece que só gosta de coisas de mulheres, também com cinco mulheres lá em casa

-- é mesmo amigo

-- é sim amigo, o menino é meio que, meio não, diria todo.........todo.........

-- todo o que coronel?

-- todo afeminado!

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 26/04/2018
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