A VIAGEM DE IVONET ATÉ ARACATI parte 3

O Coronel Ivonet era um homem de estratégia, seu tempo era todo calculado, milimetricamente, segundo à segundo, e não se descuidava de nenhum detalhamento das ações, ele calculava quanto tempo poderia passar na bodega bar do português, exatamente trinta e cinco minutos, esse era o menor tempo possível para o seu inimigo mais próximo poder executar uma ação de ataque contra eles é seus comandados. Depois de mandar a isca para o portuguê

, o Coronel olhou no seu relógio de bolso presenteado pelo imperador e falou para o lusitano

-- a prosa está muito boa mais tenho que ir

-- mas tão cedo, espere mais um pouco, dona Ana está fazendo uma buchada de Carneiro que o senhor tanto gosta, com sarapatel e tudo

-- muito obrigado pela gentileza, mais infelizmente tenho que partir, tenho outros assuntos pendentes na sede para resolver

-- bom, se é assim fica para a proxima vez

-- obrigado, só mais uma coisa eu peço

-- o que Coronel?

-- segredo naquele nosso assunto

-- pode deixar, pode deixar Coronel, aquele assunto morre aqui.

O Coronel deixou a bodega e pensava, ....português safado e mentiroso, assim que eu der as costas ele vai contar para toda a cidade que meu filho é afeminado, isso eu tenho certeza, com um sorriso discreto como se tivesse feito o que tinha de ser feito, ou seja, profanar o nome do próprio filho, sua esposa jamais iria perdoa-lo, isso também ele tinha certeza, podia apostar. Ela ia passar um ano sem falar com ele. Ele deu um outro sorriso pequeno, pensou em tirar umas férias, chamou George e disse para trazer os animais, pois já vamos partir. Na saída da cidade, o Coronel deu um tiro de bacamarte com carga dupla de povora para o alto, e ficou esperando a resposta do índio, para saber como estava o caminho à percorrer na volta. Ele ficou esperando no local alto que ele já sabia que o som chegava mesmos a uma légua de distância e escultor dois tiros do rifle do indio, dois tiros era o recado para o coronel aguardar o índio no local determinado previamente e não sair de lá, pois algo corria errado, e ele não podia voltar por ali. O Coronel esperou no lageiro, colocou os capangas em posição estratégica, chamou Joli para próximo à ele e aguardou a chegada do indio. Não se passaram vinte minutos e ele escutou o piar de juriti, era o índio que já se aproximava, ele respondeu da mesma forma e ficou esperando. Quando o índio chegou comunicou que o capitão Leandro tinha preparado uma emboscada para o Coronel, tinha uns vinte jagunços lá na curva do Buriti, dez de um lado, dez do outro lado, todos com rifles e escondidos na mata, qualquer um que entrasse naquele trecho não escapava nem à alma. Capitão Leandro, Capitão Leandro, velho safado, seus dias estão contados pensou o Coronel.

A VIAJEM DE IVONET PARA ARACATI parte 3

Fred Coelho

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 26/04/2018
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