As aventuras de Eldrig - Parte II

O PASSADO SEMPRE CHEGA ATÉ VOCÊ, ALGUM DIA.

A vida continuava em Mabaaz, quieta, lenta, quase parando como se o tempo naquele local não andasse mais rápido que uma carroça de esterco cheia sendo puxada por dois jabutis gigantes.

Eldrig e Vektor estavam mais uma vez na clareira, estudando, treinando e conversando sobre como eles fariam para sair do vilarejo de o mais rápido possível, ou poderiam acabar como seus pais, cansado e infelizes até a morte. Eldrig até pensou que em sua lápide estaria escrito “Aqui jaz Eldrig o melhor agricultor de cenoura de toda Mabaaz”, que pesadelo ele dizia, se arrepiava só de pensar nisso. Vektor ria das idiotices do seu amigo, mas ele mesmo também tinha seus medos, de se tornar mais um velho gordo e pomposo, cheio de dinheiro, vivendo ao lado de uma mulher que apenas pensava em gastar o seu dinheiro e que não o amava.

Passaram o dia inteiro tendo essas conversas, antes de irem embora, marcaram de se encontrar em outro local pela manhã, existia um rio que passava ali por perto, era calmo, não muito fundo, dava para Eldrig treinar seu equilíbrio em cima de qualquer tronco de arvore boiando no rio e Vektor iria o acompanhar, porque muitas das magias eram como água, e podiam ser moldadas ao seu portador, seria ótimo sentir o fluxo da água de perto, sentir o ar úmido e puro nos pulmões e tentar moldas as magias a sua vontade.

Terminando o dia, se despediram e cada um foi para sua casa, antes disso Eldrig disse para Vektor levar sua vara de pesca, poderiam conseguiam alguns peixes lá, para não ficarem com fome durante a tarde. Vektor entendeu, sabia que com aquele pedaço de ferro velho que Eldrig tinha, não daria nem para capturar o peixe mais lerdo do rio, e assim se foram, deixando mais um dia se passar..

Chegando em casa, Eldrig deu de frente com seu pai, um homem de aparência abatida e cansada, mas para aqueles que sabiam ver além, percebiam que aquele homem tinha fogo em seus olhos, uma pequena chama ainda acesa. Ele estava sentado em um banquinho de madeira bem em frente a sua casa, olhava diretamente para Eldrig, esperava calmamente que ele se aproximasse mais, se lembrou na hora que tinha esquecido de voltar mais cedo para cuidar dos seus irmãos ,alguma merda deveria ter acontecido, sabia que ia levar uma bronca daquelas.

Se aproximou de seu pai, com um rosto sério, dando boa noite ao seu pai e tentando passar o mais rápido possível e entrar logo em casa.

Seu pai estende o braço direito e o segura pelo ombro e pergunta – Onde vai com tanta pressa garoto ? - com a mão esquerda da uns tapinhas no banco de madeira – “Sente um pouco aqui, temos que conversar um pouco meu filho.

Eldrig se acalma um pouco mais e senta-se do lado de seu pai, para ele trazia uma sensação de segurança e conforto, não conseguia explicar porque, apenas sentia-se seguro perto do seu pai

Ele deixa Eldrig se ajeitar no banco para poder começar a conversar com ele - “Filho, na ausência minha e de sua mãe, você é o responsável por seus irmãos, por nossa família, mas parece que não consegue levar a isso a sério – Uma pequena pausa, o pais dele respira profundamente antes de continuar, enquanto repousa a mão sobre o ombro de seu filho – Eu sei como é ser jovem, eu também já fui, igual a você, impetuoso, cheio de energia e querendo ver o mundo e como ele era. – Nesse momento o pai dele curva-se um pouco, coloca a mão debaixo do banco e retira uma pequena caixinha de madeira, bem velhinha e empoeirada.

A colocar a caixa em seu colo, retira uma chave do bolso e com ela destranca o cadeado que fechava a caixa – Sabe o que tem aqui dentro meu filho? memorias de uma vida passada, nunca consegui me de desfazer delas – Ele retira de dentro da caixa um broche marrom com a forma de um urso e o mostra para o filho – Sabe o que isso Eldrig, é minha marca de quando fui um desbravador das terras, um aventureiro por assim dizer, Eldrig fica meio surpreso com aquilo, o pai dele diz – Abre sua mão, segura esse broche por um instante – Novamente o pai dele retira outro objeto da caixa, mas é algo que ele nunca tinha visto durante todo esse tempo, era uma espécie de papel com imagens ou gravuras de pessoas, naquele momento o pai de Eldrig, deixa escorrer algumas lagrimas de seus olhos, só que rapidamente usa a parte externa da mão para enxuga-las. – Hahaha, velho bobo e talvez ainda sentimental – Ele diz baixinho, e Eldrig não entende nada ainda daquilo – Bom vou te explicar meu filho, apenas sua mãe sabe sobre isso e mais ninguém, como aventureiro você já deve ter lido sobre a elite do reino da Pedra do Urso, que chamava a Pata do Urso, era uma elite de aventureiros a mando dos nobres –

Ele interrompe seu pai para dizer com entusiasmo – Sim papa, eu os conheço, já li muito sobre eles, principalmente nos livros do IR Soul, eram o grupo mais legal de aventureiros que já vi, existia o Bulldog o Bárbaro Louco, Nina a Invisível Hartley o Guerreiro da Justiça, Alex o Bardo das canções alucinantes e o IR Soul o Mago Explorador, eles eram o máximo – O brilho no olhar de Eldrig ressalta como se fosse predas preciosas a falar de cada um de seus ídolos – E eu quero ser como cada um deles pai, quero sair dessa vila e viver uma aventura.

O Pai dele ri ao mesmo tempo que chora – Você realmente é igual a mim meu, muito mesmo, vou te contar uma coisa, sabe Hartley o Guerreiro da Justiça ? Hahaha, é o seu pai. – Eldrig olha incrédulo como se fosse apenas uma brincadeira do seu velho – Duvido pai, somos cultivadores de cenouras desde que me entendo por gente – O Pai diz, por isso mesmo eu fui um aventureiro antes de você e de nossa família, olha isso, sabe o que é isso em minha mão? – Eldrig diz que não – Pois é, se chama foto meu filho, eu e meus amigos tiramos quando fomos ao reino mágico de Philia, ele é independente do Reino da Pedra do Urso, e lá você pode encontra todo tipo de bugiganga, lembro que Soul ficou muito empolgado com isso, tiramos essa foto antes do que seria nossa última.... – Ele mostra a foto para o filho e deixa escorrer mais algumas lagrimas do rosto - Depois disso, todos eles morreram ou desapareceram, não sobrou corpos para enterrar, apenas eu sobrevivi, larguei dessa vida, não tinha mais sentindo até conhecer sua mãe e vocês nascerem, passei a ter um objetivo, cuidar da minha família e nunca deixar nada acontecer a vocês -

Eldrig ainda está meio desnorteado por essa revelação do seu pai – Sim pai, ou posso chamar de Hartley? – deixa um sorriso empolgado transparecer em seu rosto – Eu sei o que aconteceu com você, mas é meu sonho ser aventureiro, e você me empolgou ainda mais, não tem como eu voltar atrás - Hartley respira fundo e fala com serenidade diz – Entendo filho, não quero impedir teu sonho, porém até aventureiros tem que ter responsabilidades, você deve saber seus deveres e cumpri eles, você não honrou sua palavra hoje, e seus irmãos, ficaram sem almoçar, sua irmã se queimou tentando acender o fogareiro, imagina se tivesse acontecido algo ? Por isso você tem que ser responsável -

Eldrig fica triste, mas entende o que seu pai tem a dizer – Entendo meu pai, me desculpe, nunca mais isso vai acontecer, eu prometo. – Hartley o olha com amor e carinho, assim como um pai pelo filho e diz – Bom agora você tem que entrar em casa chorando e fingindo que te bati e dei a maior bronca, vá direto para seu quarto, e depois te levarei comida quando sua mãe não estiver vendo, e pode ficar com o broche e a foto, agora são suas, espero que guarde com carinho – Eldrig sorri e seu pai também, um sorriso sincero entre eles – Sim papa, vou guardar para sempre comigo – então Eldrig tenta um pouco começar a chorar, coloca o braço sobre o rosto e entra em casa em disparada, sua mãe ao ver a cena, apenas sorri e olha para porta, onde Hartley já está a frente e vai entrando.

Mas antes disso ele olha para trás na direção da floresta que cerca Marbaaz, estava tudo quieto, lobos não uivavam, corujas não cantavam, apenas o vento, e algum tipo de movimentação ele sentia em seus ossos velhos que algo não estava certo, ele tinha certeza que algo iria acontecer. Então ao entrar ele já diz para sua mulher – Meu amor, cuide das crianças, deixe elas terminarem de comer, depois vão até o porão, eu vou até Eldrig para conversar com ele, posso estar enferrujado, mas sinto que essa noite pode estar calma, mas ela será muito agitada – A mulher dele não entende, acha que é apenas coisa da cabeça e tenta retrucar – deve ser coisa da sua cabeça Meu amor, nada vai nos acontecer aqui, por aqui nunca nada acontece – Ele engrossa mais voz e em som altivo diz – Me obedeça apenas dessa vez mulher, eu te amo, amo meus filhos e tenho certeza que tem algo acontecendo na floresta e eles estão vindo para cá, vão rápido.

A enquanto os filhos comem, a esposa dela, monta algumas trouxas com roupas e alimentos, e os levas para o porão. Hartley vai falar com Eldrig – Meu filho, preciso de sua ajuda, quero que você pega essa espada e esse escudo, não eram armamentos de tão boa qualidade, mas era bem melhor que a espada enferrujada que Eldrig possuía, ele observa – Porque isso agora Pai? – Ele arruma as coisas de Eldrig, e logo em seguida abre um compartimento no chão da sala, e retira uma velha armadura branca com alguns adornos em dourado, uma espada brilhante como o sol e de fio fatalmente afiado e um enorme escudo que tinha na frente a gravura de um urso dourado. – Eldrig logo reconhece o equipamento de Hartley o Guerreiro da justiça – Vá filho, desça ao porão, proteja sua mãe e seus irmãos, existe uma passagem lá embaixo que vão te levar bem para o centro da floresta, perto da estrada para a cidade de Bom caminho -

Enquanto isso lá fora o silêncio é quebrado por bolas de fogo voando e acertando o vilarejo em cheio, alguns humanoides vestidos em peles de lobos negros, vão saindo da floresta com tochas, escudos e espadas, enquanto gritam e esbravejam, muito deles parecem iguais, por exceção de dois, um era alto bem encorpado, em uma cor quase pálida, cheio de cicatrizes no corpo e rosto, e parecia ser cego de um olho, com uma enorme cicatriz que começava na testa e terminava perto do queixo, dentes inferiores eram protuberantes e mais pareciam dentes de tubarões ou tigres, seus olhos eram negros como a noite mais escura, e era o único que usava uma capa de lobo branco em seus olhos, o outro era bem mais baixo, era mais puxado para o cinza, usava a pele de um lobo negro sobre os ombros e parecia bem velho, mas tinha mas a expressão de seu rosto parecia bem astuta. O astuto começa a falar para o mais forte – Então senhor Icabros, nossos informantes disseram que ele se encontra nesse vilarejo, devemos procurar com calma por cada casa, caso não o achemos, pelo menos teremos mantimentos e mulheres humanas para os homens. - Icabros ri sarcasticamente – Você realmente é uma víbora sem coração, por mim mataríamos apenas os homens, deixaríamos as mulheres e crianças em paz, porque meu único objetivo aqui é encontrar aquele desgraçado do Hartley e acabar com sua raça – Ele grita e a voz dele é estrondosa e amedrontadora – AVANCEM HOMENS, TRAGAM OS CÃES, ACHEM HARTLEY E TRAGRAM ELE PARA MIM, PILHEM, MATEM OS HOMENS E DEIXEM AS MULHERES E CRIANÇAS EM PAZ, precisamos de inimigos no futuro.

obs: Desculpem pelos erros, como disse sou amador/iniciante e tenho muito a aprender e melhorar.

Eldrig O errante
Enviado por Eldrig O errante em 30/06/2018
Código do texto: T6377714
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