Esforço de guerra
- Tenente Catherine Shapiro apresentando-se para o serviço!
A também tenente Elinor Maxwell estava de costas para a entrada da tenda de lona quando ouviu a saudação. Voltou-se, surpresa, e abriu um sorriso ao ver quem estava ali.
- Cathy! - Exclamou, enxugando as mãos no avental que vestia sobre o uniforme cáqui. - É você mesma?
- Claro que sou eu! - Retrucou bem-humorada a recém-chegada. - Me transferiram para cá!
As duas oficiais abraçaram-se. Não se viam há mais de seis meses, desde que Elinor fora enviada pelo Exército de Salvação para juntar-se à Força Expedicionária Americana em combate contra os alemães na França.
- Veja só como você está, parece mesmo pronta para ir para a frente de batalha - avaliou Elinor, afastando-se para apreciar a irmã de fé em uniforme militar, complementado pelo capacete britânico de aço, a sacola pendendo do pescoço que continha a máscara contra gases e, naturalmente, a pistola .45 no coldre da cintura.
- Confesso que quando me deram essa pistola, tive medo que mandassem atirar em alguém - disse Cathy, fazendo uma careta.
- A nossa frente de batalha aqui é outra - arguiu Elinor. - Trata-se de dar algum conforto espiritual para esses rapazes que estão indo para as trincheiras. São tão jovens!
- Sim... - ponderou Cathy, muito séria. - Alguns devem ser mais jovens do que nós... 16, 17 anos, talvez. Garotos, nada mais, enfiados nesses campos enlameados, debaixo de chuva e sob risco de morrer a qualquer momento.
Retirou o capacete da cabeça e rodou-o nas mãos.
- Enquanto vinha para cá, estava pensando... não temos frigideiras, não?
- Frigideiras? - Indagou intrigada Elinor.
- Veja esse capacete... é de aço. Acho que poderíamos improvisar uma frigideira com ele, se não conseguirmos uma.
- Mas... para fritar exatamente o quê? - Indagou aturdida Elinor.
Cathy sorriu.
- Rosquinhas. Exatamente como os rapazes teriam em casa... uma lembrança de que não foram esquecidos e de que estamos aqui para cuidar deles.
Elinor levou a mão ao queixo, pensativa.
- Bom... capacetes são fáceis de arranjar. E acho que seria mais fácil fritar rosquinhas do que assar pão, nas atuais condições. Mas o que vamos usar para esticar a massa?
- Garrafas vazias.
- E para cortar os anéis?
- Usamos nossas facas, até acharmos algo mais adequado.
Elinor balançou a cabeça, admirada.
- Você tem respostas para tudo, tenente Catherine! Só está faltando uma coisa...
Virou-se para uma mesa atrás dela e apanhou uma peça de pano dobrada, que foi entregue à Cathy com um sorriso.
- Seu avental!
- [07-07-2018]