O Caso dos Vistanis Desaparecidos - Parte V - Revelações, Gangues e Uma Desagradável Surpresa

Já o tenente Badhir não teve tanta sorte ao atravessar o rio e caiu no leito cheio de porcarias.

O capitão foi fazer o mesmo e quase se afogou com o peso da armadura. Levantou-se no outro lado do rio e mais uma vez olhou feio pra Vareen acreditando que o clérigo não tinha amarrado direito sua corda.

Assim que pisamos em terra firme, encontramos uma faca no chão. Sinal de que havia Vistanis nas proximidades.

Sabíamos através dos relatórios que Steedwall tinha um delegado que a duras penas mantinha um pouco de ordem na cidade após o desaparecimento do prefeito e que as gangues estavam em guerra total pelo poder.

Mas para continuarmos nossa tarefa, precisávamos resolver essa querela de qualquer maneira.

Seja na estratégia, na força ou na bala.

* * *

Depois de muito andar, chegamos enfim a cidade de Steedwall. E como se previa, a cidade estava em um estado caótico.

Janelas e portas quebradas, bandidos mal-encarados andando pela cidade, mulheres vendendo o corpo a qualquer preço nas esquinas e na parte central, existia um lugar que era um verdadeiro orfanato a céu aberto com crianças e adolescentes armadas com canivetes prontas pra roubar qualquer transeunte desavisado.

Mas pra mim não era novidade alguma. Mudam-se os lugares, mas o caos continua o mesmo.

Vareen foi diretamente ao mais alto deles e que parecia ser o “mestre” dessas crianças. Um adolescente mal-encarado que se identificou como Lucianinho e pela atitude do garoto, vi que ele poderia esfaquear Vareen a qualquer momento.

Mas nem mesmo eu imaginaria que aquele clérigo tão introspectivo e sisudo faria um plano dos mais malucos que já vi na vida.

Vareen desafiou o rapaz a pegar a moeda de sua mão para pagar pela informação que nós precisávamos. Só que o clérigo tinha eletrizado a moeda e assim que o garoto pegou-a, levou um choque tão forte que caiu na calçada de todo comprimento e as crianças fugiram iguais a baratas tontas.

Daí o trabalho foi bem mais fácil. Depois de recuperar-se do choque, Lucianinho nos contou que tinha visto 20 vistanis na cidade e que o atual prefeito desapareceu depois das mortes de seu filho e da namorada dele.

Nos disse ainda que para saber mais sobre eles, tínhamos que procurar o delegado Smith.

Uma coisa eu aprendi nesta história toda.

Nunca subestime os mais velhos.

Eles são imprevisíveis e capazes de fazer coisas que até Ezra duvida.

* * *

Fomos a delegacia para encontrarmos com Smith e o auxiliar nos disse que ele estava bebendo a margem do rio.

Voltamos a margem e encontramos o delegado encostado numa árvore mais bêbado do que um gambá.

Aquilo me deixou tão irritado que botei a arma na cabeça dele e por pouco não a estourei.

Mas Caleb teve uma ideia bem melhor que a minha. Agarrou-o pelo colarinho e o jogou na parte rasa do rio.

Depois desse banho forçado, o delegado se recompôs e falou que as gangues ganharam ainda mais força nos últimos dias e a traição e o assassinato corriam soltos na cidade. Vareen, Caleb e eu perguntamos sobre a guarda e ele apontou para a parte central da cidade.

Voltamos novamente para a parte central da cidade e encontramos uma guarda tão preguiçosa e leniente quanto o delegado.

Vareen, Caleb e eu percebemos que nós mesmos tínhamos que assumir a tarefa de observar as duas principais gangues da cidade: a de Alfred e a de Tommy, o Terrível.

Objetivando trazer um pouco de paz a Steedwall.

Para poder encontrar Blondie de uma vez por todas.

* * *

Fomos a casa do prefeito para procurar algo mais com Nikolai se juntando a nós depois de dar uma volta pelas ruas de Steedwall junto com o capitão.

Caleb abriu a porta com a chave que tinha recebido do delegado e encontramos a casa toda bagunçada e cheia de aranhas e ratos por toda a parte.

O paladino sentiu uma grande energia vinda da biblioteca e todos nós fomos para lá na esperança de encontrarmos uma pista importante para localizarmos Blondie. Até mesmo Strahd tentou nos ajudar com seu faro, mas tudo foi inútil.

Na cozinha, nada encontramos. Nas adegas, apenas barris de vinho vazados.

No andar de cima, Caleb teve um pouco mais de sorte ao encontrar uma carta escrita com letra formal.

Assim que tocou na carta, o paladino ficou tonto assim como eu, mas felizmente foi passageiro.

E assim que abrimos a carta, descobrimos algo alarmante.

Que Smythe estava por trás de tudo.

Mas será que ele foi capaz de matar o filho do prefeito e sua namorada de forma tão cruel assim?

Isso brevemente seria elucidado.

E com uma desagradável surpresa para nós.

* * *

Caleb fez sua oração a Ezra e em seguida, o rito necessário para falar com o espírito do prefeito John Crawford.

Nikolai, Vareen e eu nos afastamos da mesa e o espírito de John contou que foi acusado de matar a amante e sentindo-se culpado por isso, ele enfrentou Smythe em uma luta e acabou degolado pelo barqueiro.

Falou ainda que Smythe recebia dinheiro mensalmente e que ele jamais chegou a capital com os relatórios a serem mandados para o governador.

Assim que Caleb pegou o dinheiro, sentiu seu corpo gelar e o espírito de Crawford desaparecer.

Voltamos a delegacia e fizemos os preparativos necessários para acabar com Smythe e dar paz as pessoas que foram mortos por ele.

Nikolai já estava com o pote de sal na mão e todos nós fomos a beira do rio a espera de Smythe.

Que provavelmente matou-os com a ajuda de um barqueiro das Brumas.

* * *

A noite chegou e Smythe finalmente apareceu.

Ele nos contou que tinha uma boa relação com o prefeito de Steedwall, no entanto deveria levar sacrifícios ao barqueiro para garantir sua sobrevivência o que motivou a sequestrar o filho do prefeito e a namorada deste.

Contudo, houve uma resistência inesperada do filho do prefeito e Smythe o matou a facadas juntamente com a namorada e com o prefeito John Crawford, que estava os procurando e também acabou degolado sem piedade.

Revoltado com tudo o que ouvi, eu saquei minha pistola e apontei para o infeliz enquanto Vareen começava o ritual e Nikolai jogou sal em cima dele fazendo Smythe urrar de dor.

A neblina se desfez e o barqueiro apareceu em sua verdadeira forma com a foice, uma capa preta e a mão esquelética.

Enfurecido com nossa intromissão, o barqueiro atacou Vareen com sua foice jogando-o para longe e provocando um corte profundo em seu peito.

Como se não bastasse tudo isso, o barqueiro nos obrigou a tomar uma difícil decisão de matar ou de poupar a vida de Smythe.

Depois de muito debater, decidimos acabar com Smythe de uma vez por todas e este morreu agonizando enquanto era jogado no rio por Caleb.

Era nossa chance de mandar o barqueiro para longe dali e eu precisava agir antes que Nikolai perdesse a cabeça.

Não pensei duas vezes. Mirei na cabeça do monstro que o protegia e atirei.

A bala o atordoou tempo suficiente para que Caleb desse o golpe fatal no monstro fazendo-o se dissolver e para que Vareen fizesse o barqueiro desaparecer com sua magia.

Após o clérigo exorcizar o espírito de Smythe, pegamos o barco e rumamos rio acima rumo a mansão do prefeito.

Para que Vareen terminasse o rito e o espírito de John Crawford pudesse descansar em paz.

Bem como procurar mais pistas para achar Blondie.

* * *

Voltamos a mansão para encontrar o espírito de Crawford e Vareen disse a ele sobre a morte de Smythe. Este nos agradeceu por tudo e desapareceu.

Caleb, Vareen, Nikolai e eu resolvemos continuar investigando a mansão para conseguir alguma pista concreta sobre o paradeiro de Blondie.

Enquanto eu consultava os livros na biblioteca, Vareen começou a sentir-se mal na cozinha e Nikolai começou a urrar feito louco com seus olhos ficando avermelhados.

E Nikolai + olho vermelho = problemas.

Assim que corremos para ajudá-los, Caleb e eu sentimos uma estranha perturbação no local e logo descobrimos a causa.

Vampiros.

Os seres que Nikolai e Vareen mais detestavam na vida.

Caleb e eu agimos o mais rápido possível para tirá-los fora do alcance deles.

* * *

Depois de sairmos a muito custo da mansão levando Vareen e Nikolai quase de arrasto, voltamos a delegacia para falar com Smith a respeito de Smythe que saiu de Steedwall decidido a “mudar de vida”.

Vareen então decidiu que era hora de fazer uma visitinha a Alfred, que era dono de um dos maiores estabelecimentos de Steedwall.

Tenho que reconhecer que por trás desse clérigo meio maluco se esconde um habilidoso e brilhante estrategista que sem duvida nos levaria ao êxito muitas vezes.

Assim que chegamos lá, entregamos nossas armas a um baixinho com dentes de ouro que vigiava a entrada.

Vareen usou seus poderes para detectar algo anormal nos outros três bandidos que estavam na mesa e nada ocorreu.

O bar de Alfred é bem arrumado por dentro com mesas e cadeiras bem ordenadas e ele parecia ser um cara legal, mas assim que ficou sabendo por nós da presença de Vistanis na cidade, seu semblante ficou bem mais casmurro.

Deu um verdadeiro esporro no mendigo que estava em uma das mesas e em seguida furou seus dois olhos com uma adaga que tinha em seu bolso.

Apesar do susto, nada aconteceu conosco e antes de sairmos, Caleb avisou a Alfred que estivemos na casa do prefeito. Recebemos nossas armas de volta e fomos para a mansão de Tommy, o Terrível.

Quem sabe lá teríamos um pouco mais de sorte.

* * *

Chegamos a mansão de Tommy, o Terrível e novamente tivemos que entregar as armas na entrada.

Por dentro, a mansão era semelhante ao bar de Alfred no quesito impecabilidade. Tomamos uma boa bebida enquanto Vareen usava seus poderes para ver se havia algum Vistani nas proximidades.

Nenhum sinal deles, no entanto.

Um dos assessores, que pra mim nada mais é do que um nome bonitinho pra capanga, disse que Tommy estava lutando boxe na praça principal e fomos então ver a tal luta.

Tommy fez jus ao seu apelido nocauteando o coitado logo no primeiro round com dois cruzados de direita seguidos de um direto no rosto que quebrou seu nariz.

Ao menos, deu pra se divertir um pouco depois de tantos percalços que enfrentamos.

Mais tarde, o assessor de Tommy nos informou sobre um bordel existente nas proximidades do rio e fomos a busca de informações sobre Blondie.

O bordel tinha umas moças bastante atraentes para um ambiente tão pesado.

Vareen teve um pouco mais de sorte conseguindo informações preciosas com uma jovem e atraente loira que confirmaram nossas suspeitas.

Ela disse que Blondie passou alguns dias ali vendendo o corpo em busca de dinheiro e assim que amealhou o suficiente para as despesas, ela partiu rumo a Blackburn Crossing, uma cidade próxima a fronteira com Valachan e governada pelos Foxgroove há muitos anos.

Ficava a dois quilômetros do rio Arden e para chegar lá, teríamos que atravessar os pântanos.

Vareen pagou uma moeda a jovem e assim que voltamos a parte principal, fomos novamente ao bar do Alfred para dizer que os Vistani já haviam ido embora de Steedwall.

Seu semblante ficou bem mais tranquilo e nós finalmente tomamos uma bebida para renovar nossas energias.

A pedido de Nikolai, fizemos todos os preparativos para nossa ida a Blackburn Crossing através dos pântanos.

Para enfim localizarmos Blondie e os Vistanis desaparecidos.

E desvendar o mistério que está por trás destes eventos.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 11/09/2018
Código do texto: T6446120
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