A MINEIRINHA 27

 
     Caminhou até a entrada e o porteiro olhou para ele e disse deixe a arma. Ele entregou sua arma e entrou na porta da casa outro homem o revistou e vendo que ele estava limpo o acompanhou até a entrada do escritório do figurão. O homem em questão o recebeu friamente dizendo: - sabe que não deve vir aqui sem que eu o chame, espero que o assunto tenha importância, sente-se e seja breve. Ele sentou-se e fez um relato sobre os acontecimentos esperando que os interesses da empresa superassem o problema que ele estava trazendo, quando terminou o chefe tocou uma sineta e entrou um gorila de quase dois metros na sala, o homem falou: - acompanhe o Sr. Jorge até a saída, Jorge levantou-se pálido sabia quando o homem não ficava satisfeito, já tinha visto ele próprio atirar em agentes a sangue frio e dizer: - tomem como exemplo ou outras vezes mandar os capangas fazerem o serviço, depois que ele desse a ordem nada salvava o infeliz condenado à morte.

     Quando ele se levantou e se preparou para sair muito encabulado, o homem disse: - até agora você tem cumprido bem seu papel e é muito bem recompensado por isto, mas tudo que o Marcos quiser de você,prometa-lhe e não pense que está livre qualquer ameaça à corporação você vai morar na cidade dos pés juntos está avisado. Jorge respondeu: - sim senhor e quis dizer mais alguma coisa, mas o chefe levantou sua mão irritado e o grandão descansou a mão no seu ombro fazendo uma pressão desnecessária o empurrando em direção à porta. Jorge seguiu em silencio e saiu azedo, mas engolindo em seco entrou no carro e foi para o primeiro bar que avistou, estacionou o carro longe do meio fio, entrou nervoso e tremulo e pediu um whisky cowboy para o garçom, foi servido e sentou-se, mas virou a bebida quase sem perceber e pediu outra dose ficou no bar até as dezoito horas saiu e foi ao apartamento.

     Tomou um banho frio e se vestiu para o encontro com Marcos, estava conseguindo manter uma aparência mais calma, mas por dentro era uma bomba prestes a explodir. Dirigiu até o local do encontro tinham marcado vinte e trinta ele parou o carro e entregou as chaves para o manobrista entrando em seguida no restaurante, sabia que estava dez minutos adiantado, mas perguntou pela reserva da mesa de Marcos Rigth, sou Jorge Carriso o maitre olhou na sua lista e confirmou pedindo para Jorge acompanhá-lo. Jorge pediu uma caipirinha com bastante gelo e em pouco instantes foi servido, ficou bebericando devagar, faltando dois minutos para o horário chegou marcos e seis agentes de segurança vestidos com ternos pretos impecáveis e Marcos vestia um conjunto italiano de calça bege com um paletó esporte azul bem claro sapatos cinza, sem gravata estava muito leve e elegante, quando se aproximou da mesa Jorge se levantou forçando um sorriso para cumprimentá-lo no que foi correspondido de maneira cordial, mas o sorriso era frio e diferente do seu costume.

     Jorge fingindo não ter notado perguntou: - alguma preocupação especial Marcos, está com a turma da segurança junto com você e não é costume vê-lo assim? Não é nada Jorge só uma precaução e depois que nós jantarmos vamos discutir algumas coisas e eles vão participar, ah... Jorge você tem algo contra eles jantarem na mesma mesa que nós? Jorge disse: - de jeito nenhum não tenho estas frescuras comigo, - ah ainda bem disse Marcos, hoje é aniversário do Nélson o chefe da minha segurança e resolvemos comemorar. Jorge sabia que não era verdade, mas mesmo assim disse; - meus parabéns Nélson depois vamos encomendar um bolo, todos riram e embora o clima mostrasse que tudo aquilo era uma farsa, serviu para descontrair o ambiente. Marcos pediu a entrada e bebidas para todos, os seguranças preferiram cerveja e o patrão resolveu sair do sério, estou vendo que você está tomando caipirinha e eu quero uma cachaça da boa se tiver, o garçom providenciou e ao provar Marcos disse traga para todos, não se preocupem os motoristas estão nos carros então podem beber, vamos comemorar o aniversário do Nelson à altura.

     O jantar terminou dez horas e após pedir café como sobremesa, Marcos se dirigiu a Jorge dizendo: - bem Jorge, você deve ter percebido que este encontro tem uma finalidade a mais do que um jantar de comemoração de aniversário, Jorge ficou nervoso, mas procurou não demonstrar apenas respondendo que estava curioso para saber o que estava acontecendo. Marcos continuou, estou sabendo de algumas coisas que estão acontecendo entre você e minha afilhada de casamento e agora minha noiva Marcela sua pretensa sobrinha, Jorge quis falar, mas gaguejou e Marcos disse-lhe que ouvisse e depois ele falaria. Continuou... Você ameaçou sua esposa e Marcela de morte, quando ele falou isto Jorge tentou se defender e ele fez um gesto, depois você fala. Fez um sinal a Nélson que foi até a porta do restaurante e voltou com um pequeno gravador que entregou ao patrão. Marcos acionou a tecla play o aparelho após rodar alguns segundos começou a reproduzir a conversa que ele tivera com Marcela. Marcos deixou funcionando até no momento que ele disse que se fosse preciso ele daria cabo dela.

     Desligou o aparelho retirou a fita e a entregou a Jorge e disse : - estou sabendo que você é capaz de cumprir a ameaça inclusive Irene está com medo, pois você pode fazer o mesmo com ela já que ela descobriu suas falcatruas. Eu sempre acreditei que você fosse uma pessoa honesta, mas diante dos fatos mandei fazer uma pequena investigação a seu respeito e o que apurei seria suficiente para classificá-lo como um marginal perigoso, mas eu não me assusto com facilidade e tenho um bom grupo de seguranças que você conhece e o que vou dizer agora é para que você tome conhecimento e saiba que eles estarão a par. Jorge estava calado e continuou, sabia que a casa tinha caído e só restava ouvir. Marcos continuou – Eu não quero me meter na sua vida, em nome da amizade que tivemos, vou fingir que nunca soube que você é um bandido, eu vou fingir... Mas meus homens não! E eles estão autorizados a agir em minha defesa.

     Isto quer dizer que se você tentar fazer qualquer mal a sua esposa que é minha afilhada de casamento, consideração que você também teve até agora, ou se tentar qualquer coisa contra Marcela você vai arcar com as conseqüências. Não tenho qualquer interesse em me confrontar com esta corja da contravenção, mas não tenho medo deles e se preciso promovo uma guerra que eles não vão querer por que não gostam de prejuízos. Agora Jorge você pode falar. Jorge se levantou abaixou a cabeça e disse: - Marcos reconheço que não fui honesto com você, não tenho desculpas, agi errado com todos que acreditavam em mim inclusive Irene, pode ficar sossegado e se sabe onde está Irene diga-lhe que ela está livre para pedir o divórcio que eu não me oponho, e lamento não ter sido digno da sua amizade, mas a cobiça me perdeu e agora não tem volta, meu caminho está traçado, não terá nenhum aborrecimento comigo e agradeço ter sido meu amigo por tanto tempo, senão tem mais nada a me dizer vou indo. Marcos fez um sinal com as duas mão espalmadas sobre a mesa e as abriu num gesto médio dando por encerrado tudo o que se relacionava a sua amizade com Jorge que se retirou de cabeça baixa, antes fez menção de acertar as despesas, mas Jorge fez um aceno para o maitre que lhe disse que a conta estava paga. Ficou ainda ultimando as ordens para fechar a questão por mais quinze minutos e saíram também voltando para sua mansão.

 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 02/11/2018
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