Lago Titicaca, Bolívia. O sol ilumina e a lua escurece a lágrima das montanhas. Aimarás e quéchuas colhem a totora e constroem suas canoas. A canoa de totora é uma ponte construída pelo homem da terra que o afasta da tristeza e o aproxima da alegria. Filhos de Pachamama levam guanacos, vicunhas, alpacas, lhamas, peixes, milhos e batatas navegando pelas lágrimas das montanhas. Uma kantuta colorida de vermelho, amarelo e verde abençoa a canoa que navega pelas lágrimas das montanhas.

Camélidos, milhos e batatas são os pães que navegam pelas ondas de terra das montanhas andinas. O milho é o grão de ouro que semeia a terra. A batata é uma semente que forma o corpo dos Andes e do homem da terra. O camélido é uma semente que cavalga nas ondas da terra.

O peixe é o pão das lágrimas das montanhas que alimenta o homem da terra. Pão que se alimenta de frutas, insetos, sedimentos suspensos na água, folhas e sementes. Pão que se alimenta de outro pão. O homem polui a lágrima das montanhas matando o pão das águas, o modo de vida do homem da terra e o lago sagrado e salgado. Árvores e arbustos são as mães das lágrimas das montanhas que alimentam o pão das águas de frutas, folhas e sementes.

A canoa de totora é uma ponte que frutifica e floresce os Andes. Uma ponte que carrega o pão das lágrimas das montanhas de Copacabana para Achacachi. Uma ponte que carrega o milho e a batata de Achacachi para Copacabana. Uma ponte que constrói quéchuas e aimarás. Uma ponte que nos leva às ilhas da Lua e do Sol.
Bruno Valverde
Enviado por Bruno Valverde em 01/04/2019
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