"ESTE ARAGUAIA C: 02"

                           

     Mariza abriu uma cerveja e encheu quatro copos e ficamos esperando Eloi retornar, não demorou e veio com o violão e a viola dizendo: - sem desculpas compadre Leão, falei a guisa de contrapor gente eu realmente faz tempo que não toco violão, quando trabalhava eu ainda brincava bem, pois, tocava todo dia, mas agora não vai sair nada. Mariza pediu para eu cantar uma das músicas antigas de quando enchíamos a cara nos churrascos intermináveis nas obras. Dedilhei o violão corrigi a afinação e cantei “Deusa da minha rua” que foi gravada por vários cantores e que era parte do meu repertório nas farras. Depois peguei a viola e ponteei algumas modas sem cantar, querendo ir dormir.

     Quem disse que Mariza deixou, ficara o tempo todo me filmando com o celular, pediu para eu cantar mais uma antiga, na hora me veio no pensamento minha tristeza dos últimos dias, e fiquei um pouco com raiva, não de ninguém, mas de mim mesmo por procurar viver algo que eu não tive capacidade de administrar. Quase que automaticamente veio a lembrança de uma música de Palmeira e Biá, servia como a revolta que eu pensava estar sentindo e que não deveria me entregar, cantei e a danadinha fez o vídeo até coloquei no meu paga mico. “Musicas no recanto”.

     Disse que estava cansado e ela foi ao computador a pedido de Eloi gravar um CD com o que eu tinha tocado, que era para ouvirmos no caminho. Ri do que falou e disse: - eu lá quero me ouvir, Deus me livre, não tem música melhor no seu carro? Ele respondeu: - melhor do que o autêntico Leão de jeito nenhum, aí foi que eu ri mesmo, sei muito bem das minhas limitações, aliás, quantas limitações, pra me ouvir só mesmo tomando cerveja e fazendo farra. Daí a pouco a Mariza voltou com duas cópias, uma para mim com dedicatória e tudo, ri e eu lhe disse: - não se esquece de nada em dona Mariza? Ela respondeu: - vou fazer um vídeo bem arrumadinho para mim e lhe mandar uma cópia: - tá legal eu respondi, vou esperar.

     Foi agradável a conversa embora já fosse uma da manhã e como viajaríamos cedo, fomos dormir. Era no nono andar o grande apartamento e bem silencioso, tudo para o velho senhor Leão dormir sossegado, mas os pensamentos não deixaram, cismou de passear por lugares que eu conhecera recentemente e que era a razão desta viagem e desta vontade súbita de voltar ao mundo de liberdade que é o trecho, “uma vez peão de trecho sempre peão de trecho” lema dos que como eu: viveram esta vida de andarilho do mundo.

     Creio que dormi umas duas horas se tanto, o relógio despertou e sem opção já pulei da cama, quatro horas da manhã Tomamos café de uma garrafa térmica e nos despedimos da sua esposa, Mariza não apareceu sempre fora boa de cama, ri e Eloi me perguntou, - está rindo de que Leão? – Tive de responder despistando que estava rindo, pois, nem estava pensando em viajar este ano mais e de repente estava eu ali já metido em aventura. Ana me falou ao despedir-se de mim, tome conta do meu homem seu Leão, respondi sério, deixe comigo, se ele fizer bobagem eu puxo as orelhas dele.

BONECA COBIÇADA LETRA

 

 

 

 

Palmeira e Bia - Boneca Cobiçada

Quando eu te conheci,

Do amor desiludida,

Fiz tudo e consegui,

Dar vida à tua vida.

Dois meses de ventura,

O nosso amor viveu,

Dois meses com ternura,

Beijei os lábios teus.

Porém eu já sabia,

Que perto estava o fim,

Pois tu não conseguias,

Viver só para mim.

Eu poderei morrer,

Mas os meus versos não,

Minha voz hás de ouvir,

Ferindo o coração.

Boneca cobiçada,

Das noites de sereno,

Teu corpo não tem dono,

Teus lábios têm veneno.

Se queres que eu sofra,

É grande o teu engano,

Pois olha nos meus olhos,

Vê que não estou chorando.

Se queres que eu sofra,

É grande o teu engano,

Pois olha nos meus olhos,

Vê que não estou chorando.